La Niña trará poucas chuvas no trimestre e produtores de frutas devem se preparar para minimizar perdas

2015-04-10_190211

Embrapa Uva e Vinho e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul divulgam a Edição de outubro do Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha, com uma avaliação das condições meteorológicas ocorridas em agosto e setembro, além do prognóstico climático associado a recomendações fitotécnicas para vinhedos e pomares até dezembro.
Segundo Amanda Heemann Junges, agrometeorologista e pesquisadora da Secretaria da Agricultura, de acordo com os prognósticos climáticos, a primavera 2020 será marcada pela ocorrência do fenômeno La Niña, o que requer especial atenção por parte dos produtores em função das chuvas abaixo da média, especialmente nos meses outubro e novembro.
Segundo o fitopatologista Lucas Garrido, da Embrapa Uva e Vinho, é importante realizar o controle do míldio, especialmente durante o período de floração, principalmente em regiões mais baixas ou com formação de orvalho. A redução das chuvas também trará alguns benefícios, com uma previsão de redução da incidência de antracnose, míldio e escoriose. Por outro lado, ele orienta que irá favorecer a ocorrência do oídio.
O uso de cobertura verde ou morta para garantir a umidade do solo e o uso de irrigação, com especial atenção à real necessidade, bem como da quantidade de água a ser aplicada, são algumas das recomendações apontadas pelos especialistas a serem consideradas pelos produtores para minimização de eventuais perdas.

Previsão para o
último trimestre
de 2020
Para região da Serra Gaúcha, o prognóstico climático para o trimestre outubro-novembro-dezembro indica chuvas abaixo da média em outubro ( com menos até -40%, estimada como “fraca”), com aumento da temperatura diurna, o que causa aumento da evapotranspiração, especialmente na segunda quinzena de outubro.
Em novembro, a estimativa indica novamente anomalia negativa de precipitação pluvial, porém classificada como “forte” (-60%) para maior parte da região da Serra Gaúcha. É importante salientar que, para a maior parte do Estado, neste mês de novembro a anomalia negativa de precipitação pluvial é classificada como “muito forte” (-80%), sendo, portanto, considerado um período crítico em função da redução de chuvas aliada à ocorrência de noites mais frias e dias mais quentes, padrão característico de períodos muito secos .
Em dezembro, a indicação de chuvas mais próxima da média, no entanto, as temperaturas do ar acima da média previstas para dezembro podem manter a evaporação elevada, sendo importante salientar que a indicação de um possível padrão de chuva mais próxima do normal no mês de dezembro não necessariamente caracteriza uma condição de normalidade para o verão 2020/2021.
A precipitação pluvial mensal no trimestre outubro-novembro-dezembro na média climatológica dos anos 1981/2010, da serra gaúha varia entre 129 mm (Bento Gonçalves, em dezembro) e 186 mm (Bento Gonçalves, em outubro).
Para temperaturas do ar, a previsão do clima aponta, para região da Serra Gaúcha, temperaturas máximas mensais acima da média em outubro, na média em novembro e, novamente acima da média em dezembro (anomalia positiva, na faixa de +0,6 °C a +1,2 °C).
Para temperaturas mínimas mensais, há indicativo de valores acima da média para região da Serra Gaúcha em outubro , abaixo da média em novembroe novamente acima da média em dezembro, sendo que, nesse caso, para região da Serra Gaúcha, as anomalias positivas são maiores do que as de outubro e situam-se na faixa de +1,2 °C a +2,0 °C. Em termos climáticos, as temperaturas médias mensais em Veranópolis e Bento Gonçalves variam entre 12,2 °C e 26,7 °C (temperatura máxima média, em dezembro, para ambas estações)

Resumo das
previsões
O inverno de 2020 foi ligeiramente mais quente do que a média, com temperaturas médias mensais acima da média histórica em junho e agosto, e abaixo da média histórica em julho. Mesmo assim, o número de horas de frio ocorridas de abril a setembro foram adequadas para superação da dormência e brotação das frutíferas de clima temperado na região da Serra Gaúcha
Durante o inverno (trimestre junho-julho-agosto) foi possível a reposição de água nos solos, rios, lagos e açudes em função da elevada quantidade de chuvas. Em Veranópolis, por exemplo, a chuva ocorrida no inverno foi quase duas vezes a média histórica dessa estação do ano.
Com a ocorrência do fenômeno La Niña na primavera 2020 são esperadas chuvas abaixo da média nos meses de outubro e novembro (-60% da média). Apesar dos valores de chuva mais próximos da média em dezembro, estão previstas temperaturas do ar elevadas, as quais aumentam a evapotranspiração das plantas.
Com a ocorrência do fenômeno La Niña na primavera 2020 são esperadas chuvas abaixo da média nos meses de outubro e novembro. Apesar dos valores de chuva mais próximos da média em dezembro, estão previstas temperaturas do ar elevadas, as quais aumentam a evapotranspiração das plantas.
Diante dos prognósticos climáticos, que tendem a favorecer a polinização e a frutificação efetiva, é recomendada a prática de raleio para o ajuste de carga e garantia da qualidade final da fruta.
Com a primavera mais seca, atenção aos ataques dos ácaros e da mosca-da-frutas. Na videira, há previsão de uma redução de ocorrência de míldio, antracnose e escoriose, mas aumento do oídio nas cultivares europeias e híbridas.
Em função das chuvas abaixo da média, é importante manter a cobertura vegetal ou cobertura morta para garantir a conservação do solo e promover maior armazenamento de água no solo.
As oscilações térmicas no final de julho e agosto de 2020 estimularam a brotação precoce de algumas cultivares precoces, como as uvas Chardonnay ou os pêssegos Chimarrita, o que ocasionou perdas por geadas em algumas propriedades.
Nesse caso, os especialistas orientam uma avaliação dos locais que foram afetados pelas geadas nesta safra e a possível troca por cultivares com brotação tardia para evitar as perdas em safras futuras.