Instituto Federal pode paralisar atividades por cortes e congelamento no orçamento

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1.600 alunos estudam atualmente no campi do de Bento

Instituição está presente em 16 municípios gaúchos e atende a mais de 18 mil alunos

O reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Osvaldo Casares, anunciou que a instituição teve cortes no orçamento e que as atividades poderão ser paralisadas temporariamente. Segundo o docente, este é o terceiro corte consecutivo, após redução em 2015 e 2016. “O maior problema a longo prazo é a emenda constitucional que congela o orçamento em educação por 20 anos. Isso quer dizer que vamos trabalhar as próximas duas décadas com esta base de 2017, que já é baixa. Em contrapartida, o número de estudantes tem aumentado”, avalia.
A emenda citada por Casares é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), aprovada em dezembro de 2016, que congela os gastos públicos por vinte anos, ao percentual da inflação nos 12 meses anteriores. “Este ano houve um corte de 10% no custeio, que mantém o dia a dia da instituição e de 30% na verba de obras, equipamentos, etc. A instituição está em momento de expansão e consolidação e agora que precisaríamos de mais investimentos tem sido ao contrário. Nós só temos liberado 85% do total da verba de custeio. Inviabiliza que haja ampliação, e temos quatro campi que estão sendo ampliados. Em 2012, 2013, tínhamos 40 milhões de reais para investimento, hoje são 3 milhões, que com os cortes ficam em menos de 2 milhões para todos os campi”, lamenta o reitor.
Em Bento Gonçalves, a IFRS tem aproximadamente 1.600 alunos, O campus foi fundado em 1959 e era chamado “Escola de Viticultura e Enologia de Bento Gonçalves”. Em 2002 foi implantado o Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves – Cefet BG. Em 2008 virou o campus do IFRS, após a criação do instituto em 29 de dezembro de 2008, pela lei 11.892, que criou mais 37 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia no país. Atualmente 20 cursos são oferecidos na cidade. A sede administrativa também fica na cidade.
Casares comentou a obra do pórtico de entrada do campus, que custou cerca de um milhão de reais. “Foi a construção de um pórtico padrão dos institutos com toda a instrutura, em uma época que tínhamos política de investimento na educação. Hoje não faríamos certamente”, relatou.
Para ele, a situação atual é preocupante. “Na metade de um ano eu já tenho o orçamento do ano seguinte. E eu faço um planejamento de como vou investir estes recursos. Mas após esses cortes, a realidade é diferente porque tudo o que eu tinha planejado já não tem o orçamento para executar”. Ele acredita que não é certo afirmar o fechamento de algum campi, mas que a instituição corre risco de paralisar por um tempo por falta de recursos.
Para ele, o impacto da permanência da IFRS é nos 16 municípios nos quais existem os 17 campi. “Nossos campi na maioria dos municípios tem uma presença muito importante, principalmente em municípios pequenos. Em Bento Gonçalves também, formando técnicos para as demandas da região. Além do acesso a qualidade de estudo gratuito para que os estudantes possam vislumbrar um futuro melhor”.
Segundo Casares, é preciso fazer uma mobilização para que a situação não se agrave. Ele ainda lamenta o descaso com a educação pelo Governo. “A comunidade interna deve se mobilizar, e não só ela mas também onde os campis existem, ao redor deles. Existia uma política de incentivo a educação e hoje ela é considerada como um gasto”, conclui.
O IFRS possui 17 campi: Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz, Ibirubá, Osório, Porto Alegre, Restinga (Porto Alegre), Rio Grande e Sertão e, em processo de implantação: Alvorada, Rolante, Vacaria, Veranópolis e Viamão. O número de alunos é de mais de 18.000 estudantes e desde 2009 foram formados 18.484. Mais de 200 opções de cursos são oferecidos pela instituição.

Cursos
Superior – Tecnólogo: Alimentos, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Horticultura, Logística, Viticultura e Enologia
Superior – Graduação: Física, Matemática, Pedagogia, Química, Agronomia, Pedagogia
Pós-graduação: Educação, Ciência e Sociedade, Ensino de Matemática na Educação Básica, Viticultura
Cursos Técnicos – Integrado ao ensino médio: Agropecuária, Informática para Internet
Cursos Técnicos – Subsequente ao ensino médio: Administração, Hospedagem
Curso Técnico – Concomitante ao ensino médio: Viticultura e Enologia
PROEJA (modalidade Jovens e Adultos): Comércio