Igreja do Conceição recebe obras de artista bento-gonçalvense

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Escultura e pintura se fundem na obra de Stefani

Rui Stefani tem 72 anos e há mais de 40 anos mora em Florianópolis

A arte de criar histórias através da pintura e esculturas está vinculada ao desejo de viver apenas das próprias criações. Para a maioria dos artistas, o trabalho artístico está longe daquilo observado como comercial. O pintor bento-gonçalvense, há mais de 40 anos radicado em Florianópolis, Rui Stefani, é um destes exemplos de profissionais que trabalham pela arte, sem apelo comercial.
Stefani não esconde a paixão por esculturas de santos. O artista terminou de pintar, esculpir e criar os vitrais de uma igreja que será inaugurada no bairro Conceição. Com as mãos manchadas pelo spray dos últimos retoques do frontão da mesa do altar, Stefani lembrou da vida desenhada pela arte. Stefani também restaurou e é o autor das belíssimas pinturas da igrejinha do oito da Graciema, no Vale dos Vinhedos.
“Antigamente tinha que ser mais comerciante que artista, hoje penso mais na arte. Neste ano realizei uma média de uma obra por mês. Eu gosto de trabalhar com madeira, gesso, concreto, pedra, o que for. Faço esculturas em qualquer tamanho”, afirma.
Stefani é um estudioso da arte, e aos 72 anos, continua exercendo a profissão com primor. “5% é criatividade e 95% é mão de obra e muito trabalho (risos)” ensina. “Hoje trabalho pintando igrejas e prefeituras e evito trabalhos com apelo comercial. Posso dizer que tenho um estilo tanto acadêmico, quanto moderno”, diz.
Em 2017 o pintor (que além de imagens sacras, gosta de pintar mulheres, rostos e cenas da imigração italiana) concluiu 12 obras, e para 2018 tem o sonho de participar de uma exposição pela primeira vez. “Estou me organizando para realizar uma exposição sobre a imigração italiana. A ideia é que seja composta por obras recentes”, planeja.

O trabalho na vinícola
A versatilidade do pintor é um dos diferenciais em seu trabalho. O reconhecimento como artista, rendeu um convite do diretor de uma vinícola, Irineu Brandeli. Stefani trabalha na ampliação de varejo, além de renovar a estética externa. Os trabalhos começaram em meados de dezembro.
“Ele é conhecido da minha família há mais de 40 anos, desde a época que estava em Bento. Estão deixando ele trabalhar livremente, fazer em cima da marca dele. Está trabalhando na parte interna e já neste mês estará trabalhando na parte externa da vinícola”, garante.
Segundo Brandeli, a vinícola vai ter uma entrada diferenciada. “As ideias dele são sempre maravilhosas. Ele tem o hábito de ouvir todo mundo e depois apresentar um projeto, que sempre é maravilhoso”, elogia.

O pintor de igrejas
Em seus breves mas intensos 47 anos de vida, o pintor ítalo-brasileiro, Aldo Locatelli (1915 – 1962) colaborou, como poucos, na criação de uma visão épica da formação do Rio Grande do Sul e da sociedade gaúcha. Referência nas artes por obras que passam por temas religiosos, históricos e lendários, o italiano tem seu centenário de nascimento, a ser completado em 18 de agosto, lembrado em uma série de homenagens.
Natural de Bergamo, Locatelli chegou ao Brasil em 1948, assim como os também artistas Emilio Sessa e Adolfo Gardoni, para criar as imagens da Catedral São Francisco de Paula, em Pelotas, a convite de dom Antônio Zattera. Decidiu ficar após a conclusão do trabalho. Trouxe a esposa e aqui teve seus filhos. Assim, incorporou-se à vida artística local, ajudando a criar a Escola de Belas Artes de Pelotas, onde introduziu o estudo do nu artístico. Entre suas principais obras, estão os painéis localizados no Palácio Piratini – entre eles, um de grandes proporções: A Formação Histórico-Etnográfica do Povo Rio-Grandense (1955). Consagrou-se, sobretudo, como muralista, destacando-se com um estilo clássico, forjado com os ensinamentos dos renascentistas.