Homicídios aumentam quase 50% em Bento e escancara sangria no combate à criminalidade

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Foram 22 mortes nos seis primeiros meses deste ano, já no primeiro semestre de 2017 foram contabilizados 10 assassinatos

 

Os índices de criminalidade do Rio Grande do Sul foram apresentados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) na última terça-feira, 10. A realidade de Bento, no entanto, destoa e escancara uma sangria preocupante. A cidade registrou um aumento de 45,5% no número de vítimas de homicídio. No primeiro semestre deste ano já foram registrados 22 assassinatos, em contrapartida, no mesmo período do ano passado foram menos da metade, já que 10 pessoas foram assassinadas. Por outro lado, a cidade registra uma diminuição de 30% nos furtos (850 em 2017 e 597 neste ano). O número de roubos diminuiu pelo menos 27% (270 em 2017 e 198 este ano). Furto de veículos teve uma redução de 18% (163 em 2017 e 138 este ano). No Estado os números são semelhantes, com roubos diminuindo em 22,7% e furtos caindo 14,2%.
Mesmo com o aumento no número de homicídios no primeiro semestre, a Brigada Militar tem mostrado força e empenho no combate à criminalidade. Para o Major Álvaro Martinelli, do 3º BPAT, “do início do ano pra cá estamos com estancamento de homicídios. Isso é resultado de trabalho”, diz.
Os indicadores criminais eram divulgados semestralmente até 2017, quando passaram a ser trimestrais. Desde maio a divulgação é mensal. De acordo com a secretaria, a mudança na forma como os números são expostos à sociedade é uma medida que visa dar transparência ao trabalho, além de mudanças adotadas a partir da adoção de um sistema que possibilita uma visualização mais rápida dos números.

Violência em nível nacional
No primeiro trimestre deste ano os números já apontavam que Bento estava com números que colocavam a cidade entre as mais violentas do Estado. Nos três primeiros meses do ano, a taxa de homicídios da cidade era de 16,6 mortos a cada cem mil habitantes (114 mil habitantes, segundo a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, de 2017). Em 2017, ano em que foi registrado o número recorde de homicídios, a taxa ficou em 30,08. O índice ultrapassa o apresentado pelo Brasil, que fechou o último ano com 28,5 mortes a cada cem mil habitantes.
Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, que analisou os homicídios no Brasil em 2015, o cenário era diferente. O país fechou aquele ano com uma taxa de 28,9, o Rio Grande do Sul, 26,2 e Bento Gonçalves, 20,3. Em 2018, o município pode bater novo recorde.

Perfil
De acordo com a análise do Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “desde 1980 está em curso no país um processo gradativo de vitimização letal da juventude, em que os mortos são jovens cada vez mais jovens. De fato, enquanto no começo da década de oitenta, o pico da taxa de homicídio se dava aos 25 anos, atualmente esse gira na ordem de 21 anos”.

Operação Pulso Firme diminuiu homicídios no Estado
Foram divulgados ainda pela SSP, número referentes aos homicídios ocorridos após a Operação Pulso Firme, que transferiu 27 líderes de organizações criminosas para fora do estado, em julho de 2017.
Isso porque, desde a semana passada, o governo do estado e o Ministério Público recorrem à Justiça para a impedir o retorno de 17 chefes de facções criminosas para o estado.
Uma das principais justificativas apresentadas pelo governo do estado para a permanência dos criminosos em cadeias fora do Rio Grande do Sul é a redução nos índices de homicídio doloso e latrocínio.
Os números apresentados pela SSP, apontam redução de 16,4% no número de vítimas até junho de 2018, pouco menos de um ano após a transferência dos presos.