Greve dos professores termina, mas não estão descartadas novas paralizações

2015-04-10_190211
Após mais de dois meses de paralisação, os professores e funcionários de escolas estaduais retornaram às atividades nesta segunda-feira (11)

Diretora do núcleo do Cpers de Bento, diz que ano letivo de 2018 corre risco de não começar

A greve dos professores estaduais do Rio Grande do Sul foi encerrada por voto da maioria na assembleia da categoria realizada na sexta-feira (8). Após mais de dois meses de paralisação, os professores e funcionários de escolas estaduais retornaram às atividades nesta segunda-feira (11).
A diretora do 12º núcleo do Cpers/Sindicato (Sindicato dos Professores do RS), com sede em Bento Gonçalves, Juçara Fátima Borges, diz que o término da greve foi uma estratégia da categoria. “A mobilização continua, e a decisã ode encerrar a greve foi uma estratégia de luta, um recuo para reagrupar forças e desenhar estratégias. A categoria optou por recuar e depois seguir na luta”, diz.
Quando perguntada sobre o que a categoria dos professores havia conquistado com a greve, Juçara se mostrou satisfeita com a ação do Cpers. “Conseguimos barrar alguns projetos que tiravam os direitos dos servidores, mas infelizmente não conseguimos conquistar o pagamento em dia do salário e nem o 13º”, lamenta.
Ainda de acordo com Juçara, ainda existe a possibilidade de não começar o ano letivo. “O governo está anunciando que vai querer fechar 2 mil turmas no próximo ano. Se isso acontecer haverá sobra de professores e contratos. Isso é muito grave. Pode acontecer ainda de não iniciarmos o ano letivo”, afirma.
Juçara disse ainda que cada escola que aderiu a paralização deve fazer o próprio calendário de recuperação dos dias perdidos.

O fim da greve
Durante a manhã de sexta, o conselho do CPERS, sindicato que representa a categoria, já havia deliberado pelo fim da greve. “A suspensão da greve não é necessariamente a suspensão da luta”, disse a vice-presidente do sindicato, Solange Carvalho. Segundo ela, o conselho também estabeleceu um calendário de atividades, com ações previstas para se posicionar contra medidas do governo, como o escalonamento dos pagamentos, o parcelamento de 13º, a reestruturação do IPE, entre outras.
No entendimento de Solange, o governo está intransigente. “Precisamos readequar o movimento”, apontou ela. Cerca de 3 mil professores e funcionários ainda estavam em greve, iniciada no dia 5 de setembro, segundo o sindicato, que conta com 85 mil associados. A greve chegou a ter 7 mil adesões.
Segundo a Secretaria Estadual de Educação, 17 escolas estavam totalmente paralisadas, e 311 parcialmente, totalizando menos de 1% de um total de 2.545 de instituições.

Históricos da greve
Inicialmente, a ideia do CPERS era encerrar a greve quando os salários fossem quitados. Até o mês de setembro, o governo parcelava os vencimentos dos servidores, medida que foi modificada quando o escalonamento por valores foi instituído.
Porém, a entidade reagiu após o Piratini informar que cortaria o ponto dos grevistas e obteve uma liminar na Justiça proibindo a medida. A greve então seguiu.
Pouco antes de o movimento completar seu primeiro mês, a Secretaria Estadual de Educação anunciou que substituiria os servidores paralisados com contratos emergenciais para conseguir cumprir o ano letivo. A categoria reagiu, e o conflito se acirrou, com a continuidade da greve.
O governo do estado ainda orientou a transferência de alunos para escolas que não tivessem aderido à greve, e também solicitou que professores aposentados voltassem à sala de aula como voluntários, em tentativas de amenizar os efeitos da paralisação.
Em novembro, o governo encaminhou proposta aos professores, em uma tentativa para encerrar a greve, mas assembleia posterior decidiu pela permanência, ao contrário do decidido pelo conselho do sindicato na ocasião, que havia deliberado pelo fim da greve.