Grenning: a praga que não tem cura e dizima o pomar

2015-04-10_190211

A doença, também conhecida como ‘Huanglongbing’, ‘HLB’, ‘G eening’ e ‘Amarelão,’ ataca plantas cítricas e pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento. Não há variedade comercial de copa ou porta-enxerto resistente à doença e as plantas contaminadas não podem ser curadas

Há registros recentes de queda na produção e na produtividade de citros em função da infecção pelo Grenning. Há casos de frutos que não se desenvolveram e não atingiram o valor comercial e também de citricultores que tiveram que erradicar todo o pomar que se tornou improdutivo após ser contaminado pela doença.
Segundo pesquisadores há três recomendações básicas para a prevenção do Grenning: uso de mudas sadias em novos plantios; monitoramento do pomar para identificação de plantas sintomáticas que deverão ser erradicadas; e controle do inseto vetor da doença (psilídeo).
Identificação do Grenning – A doença conhecida como ‘Huanglongbing’, ‘HLB’, ‘G eening’ e ‘Amarelão’ ataca plantas cítricas e pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento. Laranjeiras e tangerineiras estão entre as espécies mais afetadas, enquanto limeira ácida Tahiti e o trifoliata apresentam tolerância um pouco maior, mas todas as espécies cítricas são susceptíveis a esta doença.
A primeira ocorrência da doença no Brasil foi em 2004 no estado de São Paulo e espalhou-se para os estados do Paraná e Minas Gerais. A transmissão se dá por um inseto psilídeo chamado Diaphorina citri, que é o único vetor da do­ença conhecido no Brasil e já presente em vários Estados. O psilídeo adquire a bactéria ao se ali­mentar de uma planta infectada e, enquanto viver, sempre será capaz de transmitir a doença a outras plantas.
O primeiro sintoma do Grenning numa planta cí­trica é o aparecimento de um ramo amarelo que se destaca dos demais ainda verdes. À medi­da que a doença evolui, outros ramos amarelos vão surgindo até que todas as folhas da copa da planta tornem-se amarelas. Numa fase seguinte as folhas caem, o que causa seca e morte dos ponteiros. No fruto, o principal sintoma é a redu­ção acentuada do tamanho. Sintomas externos também podem ser observados durante o amadurecimento dos frutos, como coloração ver­de irregular e inversão de cor durante a maturação (em um fruto sadio, a maturação se dá da parte basal para o centro; já em um fruto de uma planta contaminada, inicia-se do pedúnculo para o centro). Outro sintoma é a assimetria. Os lados de um mes­mo fruto têm tamanhos diferentes. Os frutos perdem valor comercial por sua deformação e, por acumularem menos açúcares, estarão inadequa­dos para processamento de suco.

Erradicação da praga
O Greening (Huanglongbing/HLB) é a mais destrutiva doença dos citros no Brasil. Não há variedade comercial de copa ou porta-enxerto resistente à doença e as plantas contaminadas não podem ser curadas.
As bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus são as responsáveis por causar a doença. Elas são transmitidas para as plantas de citros pelo psilídeo Diaphorina citri.
Tanto as bactérias quanto o psilídeo também são encontrados na planta ornamental Murraya spp., conhecida como falsa-murta.
Surgido na Ásia há mais de cem anos, o HLB foi identificado no Brasil em 2004, nas regiões Centro e Leste do Estado de São Paulo. Hoje, está presente em todas as regiões citrícolas de São Paulo e pomares de Minas Gerais e Paraná.
A bactéria multiplica-se e é levada por meio do fluxo da seiva para toda a planta. Quando há sintomas na extremidade dos galhos, ela pode ficar alojada em vários pontos, inclusive na parte baixa do tronco e nas raízes, o que torna a poda inútil e perigosa. Além de não curar a planta, as brotações que surgem após a poda servem como fonte para novas infecções.
As árvores novas contaminadas pelo greening não chegam a produzir e as que produzem sofrem uma grande queda de frutos. Os pomares com alta incidência da doença devem ser totalmente eliminados porque praticamente todas as plantas, inclusive as sem sintomas, devem estar contaminadas.
De acordo com a Instrução Normativa nº 53 publicada pelo Ministério da Agricultura, em outubro de 2008, o produtor deve inspecionar e eliminar as plantas doentes. As inspeções devem ser feitas pelo menos a cada três meses e os resultados encaminhados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado por meio de relatórios semestrais. Talhões com incidência superior a 28% de plantas com sintomas devem ser totalmente eliminados.
A multa para o citricultor que não erradicar as plantas doentes varia de 501 a 3.500 UFESPs (o valor da UFESP em 2013 é de R$ 19,37).

Sintomas – Transmissão – Manejo
O manejo integrado é a forma mais eficiente de combate ao greening e deve ser feito simultaneamente por todos os citricultores de uma mesma região, que devem tomar as seguintes medidas:

Inspeção frequente de
todas as plantas do pomar
É recomendado realizar, no mínimo, seis inspeções em todas as plantas cítricas durante o ano, principalmente entre fevereiro e setembro, quando os sintomas são mais visíveis, o que facilita a detecção das plantas doentes.
Nas propriedades não contaminadas, as inspeções devem ser iniciadas pela periferia, nas divisas e bordas dos talhões, locais onde o psilídeo e, consequentemente, a doença tendem a se concentrar. Em pomares nos quais a doença está presente, deve-se vistoriar todas as plantas.
As vistorias devem ser realizadas por inspetores bem treinados para o reconhecimento dos sintomas iniciais da doença.
Em pomares jovens ou menores, as inspeções a pé ou em plataformas com dois inspetores são eficientes. Em pomares com plantas adultas e mais altas, as inspeções com plataformas de quatro inspetores (dois observando o topo e o meio e dois observando a saia e o meio da planta) são mais indicadas.

Erradicação das plantas com sintomas
Todas as plantas com HLB devem ser eliminadas, independente de idade e severidade dos sintomas. Recomenda-se, antes da erradicação, realizar pulverização com inseticidas nas plantas para evitar que insetos contaminados migrem para árvores sadias durante a operação de corte ou arranquio.
O corte da planta rente ao solo e a aplicação imediata de herbicida sobre o lenho da planta, para evitar o rebrote do tronco e das raízes, são as operações mais utilizadas. Não há necessidade de queima e a substituição pode ser feita alguns meses depois, apenas para evitar uma possível intoxicação da replanta com o herbicida aplicado no tronco da planta arrancada.

Eliminação das plantas de falsa-murta
A falsa-murta ou murta de cheiro é hospedeira do psilídeo e das bactérias do HLB e deve ser eliminada para não servir de fonte para novas contaminações.