Granizo: épocas de ocorrência e métodos de proteção

2015-04-10_190211

Por definição, granizadas são precipitações de água em sua forma sólida (gelo). As pedras de gelo, de formato esférico ou irregular e diâmetro geralmente superior a 5mm, se formam em nuvens denominadas cumulonimbus, que se caracterizam pela grande extensão vertical e pelas temperaturas negativas do seu interior, as quais favorecem a formação de gelo. A precipitação de granizo ocorre quando as pedras de gelo ficam muito pesadas e as fortes correntes de vento que existem no interior da nuvem cumulonimbus não conseguem mais sustentá-las.
Confira abaixo os dados analisados pelas pesquisadoras agrometeorologistas Amanda Heemann Junges e Loana Silveira Cardoso do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária DDPA/SEAPI e pelo meteorologista Flavio Varone do SEAPI.
Devido à posição geográfica, o Rio Grande do Sul é atingido por sistemas meteorológicos que produzem tempestades severas, tais como Frentes Frias e Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) que propiciam a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical que dão origem ao granizo. As frentes frias atingem o Estado durante todo ano, enquanto que os SCM ocorrem, principalmente, no verão e na primavera. Em termos climáticos, a primavera é a estação do ano de maior risco de ocorrência de granizo no Estado do Rio Grande do Sul (45%), seguida do inverno (38%), verão (28%) e outono (17%). A maior incidência no fim do inverno e na primavera está associada aos SCM e à passagem de frentes meteorológicas mais intensas, com rápido aquecimento do continente, situações que propiciam a formação de nuvens cumulonimbus. Em relação à distribuição espacial, a região da Serra Gaúcha é uma das três regiões de maior probabilidade de ocorrência de granizo no Estado, especialmente em função da altitude, fator que influencia o número médio de granizadas por ano.
Considerados eventos extremos, granizadas causam prejuízos à agricultura pelos danos mecânicos, tais como acamamento e quebra de colmos e ramos e debulha de grãos; lesões profundas nos ramos, desfolha e perdas de frutos (em quantidade e qualidade). Além dos danos mecânicos, o granizo causa prejuízos indiretos às plantas em função da redução da área fotossinteticamente ativa, rompimento da circulação da seiva e favorecimento à ocorrência de doenças (as lesões são “porta de entrada” para os patógenos).
No Sul do Brasil, as alternativas mais utilizadas para diminuição de perdas decorrentes de granizo são o seguro agrícola e os métodos de proteção (cobertura). O seguro, apesar de não evitar os danos às plantas e as perdas de produção, minimiza os prejuízos financeiros do produtor. Os métodos de proteção são as telas e as coberturas. Embora coberturas plásticas e telas de sombreamento possam ser utilizadas, a tela antigranizo é o método mais eficiente de proteção de pomares. A tela antigranizo é uma barreira física que impede que o granizo atinja diretamente as plantas, sendo também utilizada para reduzir a velocidade do vento e o ataque de pássaros e insetos e retardar a maturação de frutos. Nesse sentido, a eficiência da tela antigranizo para proteção de pomares e seu efeito na qualidade dos frutos têm sido abordados pela pesquisa. Trabalhos com macieiras indicaram que a tela altera variáveis micrometeorológicas, especialmente a radiação solar (que é reduzida, em comparação com pomares a céu aberto), o que prolonga o ciclo vegetativo e retarda a maturação dos frutos (Bosco, 2011), além de reduzir golpes de sol e proporcionar melhor cor e uniformidade da epiderme dos frutos.