Falar espalha mais vírus do que tossir

2015-04-10_190211

Conversar em ambientes fechados pode espalhar mais o novo coronavírus

Essa é a conclusão de um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society A. A pesquisa também ressalta que, além do distanciamento social, o uso de máscaras de boa qualidade e a ventilação dos ambientes são medidas essenciais para evitar a transmissão da Covi-19
Liderados pelo brasileiro Pedro Magalhães de Oliveira, cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram um modelo matemático para entender como a covid-19 se espalha em ambientes fechados dependendo de diferentes condições.

Sabe-se que o coronavírus pode ser transmitido de duas maneiras: uma é pelo contato direto com gotículas de saliva que saem da boca e do nariz do infectado ao falar, tossir ou espirrar. Essas gotículas, apesar de pequenas, são pesadas e se acumulam em superfícies. Logo, o segundo jeito de contrair o vírus é tocar nessas superfícies contaminadas e levar a mão ao rosto sem antes higienizá-la. Por isso é importante utilizar álcool em gel e lavar as mãos constantemente.

Já a máscara e o distanciamento social servem para evitar contato direto com as gotículas expelidas pelo infectado. Evidências crescentes em 2020 levaram cientistas a reconhecer que a Covid-19 também se transmite de uma forma ainda mais sutil: através de aerossóis, partículas muito pequenas que flutuam no ar e se espalham pelo ambiente, sem que você esteja necessariamente de frente para o infectado.

No novo estudo, os cientistas descobriram que, em uma sala fechada com duas pessoas que não estão usando máscaras, o ato de falar espalha mais partículas do tipo aerossol do que tossir – esse, por sua vez, gera um número maior de gotículas pesadas. Os aerossóis viajam rapidamente para mais de dois metros da pessoa infectada – mostrando que apenas o distanciamento social, por si só, não é uma proteção garantida.

Um dos cenários projetados comparou os efeitos uma tosse e uma conversa de 30 segundos com uma pessoa infectada. Numa tosse curta, o número de partículas infecciosas no ar cai rapidamente após um intervalo de 1 a 7 minutos. Falar por 30 segundos, porém, gerava mais partículas, que demoravam meia hora para atingir os índices baixos medidos no caso da tosse.

No entanto, tanto o uso de máscaras quanto a ventilação adequada do ambiente reduziram os números consideravelmente. Enquanto a proteção facial pode filtrar parte das partículas infectadas que uma pessoa emite, a ventilação constante ajuda a eliminar essas partículas do ambiente e renovar o ar respirado pelas pessoas.