Evasão escolar não diminui índice em Bento Gonçalves

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Em 2017, 976 alunos desistiram de estudar. Neste ano, dos 960, 479 são de escolas estaduais e 481 da rede municipal. Não foi contabilizado nenhum aluno da rede privada. O conselheiro tutelar, Leonides Lavinicki enfatiza nque a situação é alarmante e sugere que a prefeitura crie uma secretaria para tratar apenas de casos de evasão escolar

Ano termina com 960 alunos infrequentes, ao passo que em 2017 foram contabilizados 976 estudantes fora do ambiente escolar

 

O número de evasão escolar teve uma leve queda em Bento Gonçalves. Neste ano, 960 alunos deixaram de ir para escola no município, 16 a menos que 2017, quando o número de infrequência chegou a 976. Dos 960 alunos fora da escola, 479 são de escolas estaduais e 481 da rede municipal. Não foi contabilizado nenhum aluno da rede privada. Os dados da Ficha Comunicação de Aluno Infrequente (FICAI), divulgados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, colocam o município na 12ª posição estadual entre as cidades com maior número de evasão, sendo que a cidade é a 17ª com mais habitantes do Estado. Dentre as escolas campeãs de infrequência, duas estaduais e uma municipal ganham destaque. Segundo as informações do FICAI, 90 alunos deixaram de frequentar as salas de aula numa determinada instituição estadual e 70 alunos matriculados numa outra escola da mesma rede abandonaram o vínculo escolar em 2018. Na rede municipal a escola campeã de infrequência teve 173 alunos abandonando as salas de aula ao longo do ano.
De acordo com o Conselheiro Tutelar, Leonides Lavinicki, o próprio conselho tutelar desempenha uma função importante na tentativa de recuperar alunos infrequentes. Segundo o conselheiro, aproximadamente 25% de alunos, ou seja, uma média de 300 alunos retornaram as escolas através do conselho tutelar. Lavinicki sugere para o prefeito criar uma secretaria para tratar apenas alunos que estão fora do ambiente escolar, devido ao grande número de evasão.
“Para reverter está situação o poder executivo (prefeitura) deveria montar uma força tarefa e ou até mesmo montar uma Secretaria Municipal para tratar exclusivamente da Infrequência e Evasão escolar”, sugere.
Os motivos pelos quais os alunos deixam de ir para a escola são variados. E segundo o conselheiro tutelar a estatística é preocupante. Para (em curto prazo) tentar minimizar os efeitos da evasão escolar, o conselho tutelar vai tentar adotar uma política junto às escolas.
“Nós queremos propor que a partir do primeiro trimestre do próximo ano as escolas passem a nos comunicar dos casos de pais que não forem buscar o boletim dos filhos. Os pais não acompanham os filhos na escola, e obviamente pela metade do ano o aluno acaba desistindo. Já foi conversado em uma reunião previamente com o ministério público, que sinalizou de forma positiva para essa ideia. Agora temos que fazer reuniões com a secretaria da educação para tentar colocar a ideia em prática. Temos que cobrar não só do poder público, mas também dos pais ou responsáveis”, salienta.
Um dos principais indicadores de problemas nas escolas é a distorção entre a idade e a série, que começa quando o aluno já foi reprovado mais de duas vezes. Alunos mais velhos nem sempre se adaptam a compartilhar a mesma sala com os menores. No ensino médio gaúcho, o número de alunos nessa situação se aproxima do dobro do registrado em estados como Paraná e São Paulo.

Consequências futuras
O conselheiro tutelar ressalta ainda que a falta de investimento na educação pode ser um agravante na segurança pública. Para ele, alunos que hoje abandonam o ambiente escolar têm grandes chances de ingressarem na criminalidade. “Cidades que tem o índice de frequência maior de Bento se desenvolvem melhor em outros aspectos. É um número muito alto de alunos que deixam de ir para aula. Vamos ter dificuldade de ter mão de obra qualificada no futuro. O aluno deixa de ir para escola e parte para o crime”, alerta.
Ainda segundo o conselheiro tutelar, Carlos Barbosa, Veranópolis, Nova Prata e Passo Fundo são exemplos de municípios que melhor investem em educação, comparando com Bento.
Os principais motivos da evasão:

Resistência do aluno
O principal motivo que leva o estudante à evasão escolar em Bento Gonçalves, de acordo com o FICAI, é a resistência, seguida pela suspeita de negligência (do Estado, em caso da falta de vaga ou do familiar responsável) e distorção de idade/série. Outros fatores, tais como falta de transporte escolar, suspeita de envolvimento com drogas e gravidez na adolescência figuram na lista. Os mesmos pontos também são os causadores da infrequência dos alunos gaúchos, que só em 2017 contabilizaram um montante de 58.114 estudantes a abandonarem os estudos.

Abandono aos 13 anos
Um dos meses campeão de abertura de Ficai foi agosto. Para Lavinicki, isso se deve ao fato de que é o mês de retorno das férias de inverno. Tanto em Bento Gonçalves quando no Rio Grande do Sul, o índice atinge o ápice na idade dos 13 anos (6° ano). Enquanto que nos anos anteriores a média é de 20 alunos por turma, o 6° chega a 102. Já no ensino médio, o mesmo é observado na primeira série do Ensino Médio (119 estudantes).