Estudo mostra que fome deixa marcas genéticas

2015-04-10_190211
Crianças podem ter reflexos da fome

Mesmo que o seu filho nunca tenha passado fome, ele pode ter marcas desta sensação, afirma um estudo recente. Isso porque, se a avó materna sofreu algum tipo de privação alimentar, mesmo que a mãe tenha engravidado com mais recursos, a criança também deve ter sentido o impacto. A análise tomou como ponto de partida a Gâmbia, o menor país da África, onde a zona rural tem apenas duas estações: a de colheita e a de fome, já que a chuva é pouca e se concentra em um intervalo curto do ano.
As mães que passavam os últimos meses de sua gravidez durante a estação de fome davam à luz bebês menores, com menos peso. Eles sofriam do chamado “estresse nutricional” dentro do útero. Esse já era um fenômeno conhecido há tempos.O que os pesquisadores fizeram foi estudar os filhos dessas crianças (hoje adultas). Algumas delas viraram mães e tiveram gestações bem diferentes: umas com condições financeiras melhores e, portanto, melhor alimentação, outras cuja fase vital da gravidez calhou com a estação de mais fartura.
O esperado é que, para essas mães com mais recursos, o tamanho dos bebês aumentasse, voltando à média de quem nunca passou fome. Não foi bem assim. Os netos daquelas mulheres desnutridas durante a gravidez ainda nasciam menores, mesmo que suas mães não tivessem sofrido o mesmo mal.
O fenômeno não era exclusivamente feminino: quando o filho da mãe mal nutrida era homem, seus filhos também ficavam abaixo da curva, mas de forma diferente. Quando quem tinha sofria má nutrição era a avó paterna, as crianças nasciam com peso dentro da média – mas engordavam menos. Quando chegavam aos 2 anos, já eram bem menores que bebês da mesma idade. A conclusão é que o impacto genético da fome pode levar gerações para ser totalmente eliminado.