Estudo identifica autismo em crianças menores de dois anos

2015-04-10_190211
Diagnóstico precoce pode fazer com que tratamento do autismo inicie antes de um ano de idade

A expectativa é que o diagnóstico precoce possibilite que o tratamento também inicie mais cedo

Um estudo (publicado na revista Nature) detectou, pela primeira vez, que é possível identificar sinais do autismo no cérebro de bebês por meio de exames de imagem, antes de completarem um ano de idade. A descoberta representa um grande avanço, uma vez que os indícios – como dificuldades na fala, distanciamento emocional, regressão de algumas fases do desenvolvimento e hábitos repetitivos – só levavam a um possível diagnóstico a partir dos dois ou três anos.
A pesquisa foi desenvolvida com a participação de 106 crianças que já tinham irmãos mais velhos com diagnóstico de autismo confirmado. Durante o estudo, foram realizadas ressonâncias magnéticas nos cérebros desses pacientes (de seis, 12 e 18 meses de idade), que apontaram algumas alterações. Os cientistas confirmaram uma superfície cerebral maior nesses bebês (que mais tarde seriam diagnosticados com a doença) aos seis meses de idade, com a ratificação das medidas nos semestres que seguiram.
Essa maior superfície cerebral se tornava depois um volume maior também – característica já conhecida pela ciência como típica de pacientes autistas. E os exames realizados durante o estudo conseguiram prever com 80% de acerto quais as crianças que desenvolveriam a doença. E descobrir o transtorno precocemente possibilita aos pais a chance de iniciar o tratamento mais cedo.
Sabe-se que o autismo não tem cura, mas é fato que o tratamento precoce e adequado pode fazer com que essas crianças consigam levar vidas funcionais e satisfatórias. É indiscutível a maleabilidade do cérebro de bebês, e por isso, quando mais cedo surgir o diagnóstico, mais possibilidade de terapias sendo iniciadas antes do primeiro ano de vida.
Mas o exame será indicado de forma pontual, especialmente para crianças cujas famílias já têm casos de autismo confirmado – uma vez que irmãos mais velhos que possuem o transtorno apontam uma em cinco chances de o caçula desenvolver a doença.