Estudo comprova que sociedade ainda cobra mais das mulheres para serem simpáticas do que homens

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Embora a simpatia seja importante para as mulheres em todas as suas interações, só importa para os homens se elas interagirem com o sexo oposto

Dando o devido desconto que a pesquisa foi realizada em solo alemão, que não é o povo que mais disposto a mostrar os dentes, ainda assim, pelas terras dos cabelos claros, a mulher ainda é mais cobrada pela sociedade para ser “ simpática” dócil e meiga.  Mesmo em 2020, quando a Inteligência artificial – criada por serres humanos, não esqueça deste detalhe – é capaz de ser tão evoluída que previu com mais de 30 dias de antecedência a pandemia do coronavirus, a grande maioria dos machos do planeta age de forma uníssona e retrógrada. Mas vamos ao experimento: a pesquisa conduzida por cientistas alemães, apontou o que todos sabem: a interação entre homens não depende do grau de simpatia de cada um – já as relações envolvendo mulheres, sim.

O estudo publicado no periódico científico The Economic Journal constatou que a boa relação de mulheres com pessoas de ambos os sexos depende do grau de simpatia delas – o que não acontece com os homens, sendo simpática, comportamento, este que não é exigido e nem avaliado como positivo para os homens.
Para conduzir a investigação, pesquisadores das universidades de Hamburgo e de Frankfurt, na Alemanha, criaram uma espécie de jogo: divididos em duplas, homens e mulheres avaliavam a simpatia uns dos outros com base em fotografias.  Em outro momento, eles fizeram uma atividade em que investiam dinheiro em projetos. Os homens contribuíram, em média, com 4,05 euros e as mulheres, com 3,92 euros. Mas isso dependia do grau de simpatia – e do sexo – de quem estava em cada time.

Os estudiosos perceberam que quando homens estavam em equipes com outros homens, independentemente do quão simpáticos eram, eles contribuíram com quantidades semelhantes. O comportamento mudava quando se tratava de mulheres: se fossem consideradas pouco agradaváveis pelos rapazes, eles diminuíam pela metade o valor investido. “Nossos resultados sugerem a existência de um fator de simpatia que oferece uma nova perspectiva sobre as diferenças de gênero nos resultados do mercado de trabalho”, disse Leonie Gerhards, principal autora do artigo. “Embora a simpatia seja importante para as mulheres em todas as suas interações, só importa para os homens se elas interagirem com o sexo oposto”. Já em times femininos, se havia alguma mulher considerada pouco simpática, a contribuição diminuía em 30%; e, se fosse um homem desagradável, caía em 37%. Com isso, os pesquisadores concluíram que, para as mulheres, a simpatia é levada em conta em todas as interações. Já para os homens, a simpatia é importante apenas nas interações com o sexo oposto.

Mulher simpática x mulher “dada”

No mesmo momento em que a sociedade machista exige um comportamento robótico do sorriso eterno e olhos piscando miudinho, coloca regras e limites na meiguice. É muito comum homens declararem abertamente, sem medo de serem julgados que gostam de mulher simpática, “mas”. Sendo que cada um tem uma unidade de medida para a extensão do seu “mas”. E, resumo o discurso de mesa de boteco ou em salas de grande corporações é a mesma “Eu gosto muito de mulher simpática. Esta é a qualidade que eu mais admiro numa mulher. Simpatia é tudo. Mas tem mulher que é simpática demais, além da conta. É o que nós homens costumamos chamar de “mulher muito dada”. Quando vejo uma garota desse estilo tiro logo o meu time de campo pois sei que o que ela quer é ser gostosa e ter a atenção de todos os homens e não a de um só. Portanto, é tiro n’água. Ela só ‘dá corda’, mas quando chega na hora do ‘vamos ver’ ela tira o corpinho (que geralmente é bem torneado) fora.” Quem nunca ouviu este comentário – com algumas adaptações que a inteligência emocional variante põe um freio?

Outro ponto que os homens não têm o meno pudor é invadir a área da intimidade de uma mulher profissional e perguntar em meio a uma entrevista ou reunião de trabalho, se ela está “livre/casada”. Esta mesma curiosidade não existe para o universo masculino. Homens são capazes de trabalhar anos um do lado do outro e nem saber se o colega tem namorada. Isto porque para o homem confirmar a sua sexualidade tem muito peso e mostrar-se interessado na fêmea ( ou coloca-la dentro de esteriótipos) é mais fácil para lidar. Aí entram os conceitos que não evoluem desde que foi inventada a lâmpada incandescente : “mulher tem que ser simpática mas reservada. Um sorriso e um ‘oi, como vai?’ já tá de bom tamanho. Abraços e beijinhos só se ela for solteira e o amigo for um amigão de verdade, e que ela não o veja há um bom tempo. Se não for assim, ela se torna vulgar, ‘dada’, e, mulher que é ‘dada’ demais, acaba dando pra todo mundo, nem que seja só corda.”

Neste contexto, as mulheres evoluíram, independente de classe social, cultural e econômica, aprendendo a “lidar” com a estagnação evolutiva dos parceiros.  Por serem treinadas desde a tenra idade a brincar de boneca, a menina aprende a arte da imitação, aprende a observar o comportamento de como agir, esta interação representando esses papéis em situações variadas, fluindo sua liberdade de criaçãoa o contrário dos meninos, onde é largado à própria sorte com um carrinho ou um videogame para se entreter.

Para Jean Piaget (2003), conhecido mundialmente por ter escrito centenas de artigos e livros em que analisa a evolução do pensamento infantil, todas as ações reais ou materiais que a criança é capaz de efetuar, como no curso do período precedente, a criança torna-se, graças à linguagem, capaz de reconstruir suas ações passadas sob forma de narrativas, e de antecipar suas ações futuras pela representação verbal. Dito isto, é notório que a mulher tem mais capacidade de comunicação, pois passou anos exercitando a observação e a imitação e, antes de duto aprendendo a “ler “ os diferentes comportamentos de cada papel na sociedade: pai, mão irmãos e amigos.

Mais preparada, carga maior e menor recompensa financeira

Apesar de algumas frentes já estarem cientes que a mulher tem mais habilidade de administrar, segundo Barack Obama, em sua célebre citação “se o mundo fosse governado pelas mulheres estaria melhor”, – e nem vamos comentar o que pensam os últimos três presidentes do Brasil sobre o assunto – a sociedade machista ainda cobra que a mulher seja dócil, meiga e mais preparada para o mercado de trabalho, ter jornada dupla, mas a recompensa é muito menor

Segundo levantamento da ONU, as mulheres estudam mais no Brasil, mas têm renda 41,5% menor que homens. Renda Nacional Bruta per capita da mulher foi de US$ 10.432 em 2018, contra US$ 17.827 do homem. País caiu uma posição no IDH e foi para 79º lugar no ranking com 166 países. Divulgado no final de 2019 o IDH para mulheres mostrou que as brasileiras estão em melhores condições de saúde e educação que os homens, mas ficam abaixo quando o assunto é renda bruta. No Brasil, as mulheres têm mais anos esperados de escolaridade (15,8 frente a 15 dos homens) e maior média de anos de estudo (8,1 anos contra 7,6 dos homens). A Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, medida anualmente, da mulher, no entanto, equivale a US$ 10.432 contra US$ 17.827 do homem, com base em números de 2018.

28,9 milhões de famílias no Brasil são chefiadas por mulheres

O número de famílias brasileiras chefiadas por mulheres cresceu 105% entre 2001 e 2015, segundo a pesquisa ‘Mulheres Chefes de Família no Brasil: Avanços e Desafios‘. Isso significa um total de 28,9 milhões de famílias chefiadas por mulheres em 2015, ano dos últimos dados. Neste número estão incluídos diversos tipos de arranjos familiares, como casal sem filhos ou com filhos; arranjo unipessoal, que é caracterizado por uma mulher que mora sozinha; e as chamadas mães solo, caracterizadas na publicação como “arranjo monoparental feminino”.

O estudo também mostra que as famílias formadas por uma mãe solteira, separada ou viúva e seus filhos já representam 15,3% de todas as formações familiares. Outro dado que mostra como muitas mulheres têm assumido a responsabilidade de criar os filhos sozinhas vem da cartilha ‘Pai presente‘, divulgada pelo Conselho Nacional: 5.494.267 estudantes não possuem o nome do pai na certidão de nascimento. Esse dado teve como base o Censo Escolar 2011.