Estudo aponta que mulheres que trabalham fora de casa sofrem mais violência doméstica

2015-04-10_190211

Mulheres com uma situação econômica ativa podem estar duas vezes mais propensas a sofrer violência doméstica. É o que aponta um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-IPEA.
Os dados divulgados pelo estudo, apontam que o índice de violência sofrida por mulheres que têm independência financeira, representam cerca de 52,2% das entrevistas, o que é quase o dobro do percentual que equivale aquelas que não fazem parte do mercado de trabalho, que é de 24,9%.
A pesquisa aponta que em muitos casos, a presença feminina no mercado de trabalho, contraria o papel da mulher dentro de valores patriarcais o que “Faz aumentar as tensões entre o casal, o que resulta em casos de agressões e no fim da união”.
A conclusão do estudo é que a independência financeira, o empoderamento econômico da mulher através do trabalho formal e a diminuição das enormes discrepâncias salariais entre gêneros “não se mostra suficiente para superar a desigualdade de gênero geradora de violência no Brasil”.O estudo aponta a necessidade de novas políticas públicas, com o objetivo de produzir mais dados e consolidar a já existente base sobre o tema, inclusive através do aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha.
Também é necessário que as escolas sejam atingidas, promovendo o aumento da conscientização e respeito às questões de gênero.
A pesquisa do IPEA apontou que a violência doméstica é três vezes maior em relação as mulher que aos homens.

Agressões
43,1% dos casos de violência contra as mulheres acontecem em suas residências, e 36,7% em vias públicas.
As agressões com mulheres são realizadas em suas maioria por pessoas conhecidas, o que representa 32,2% dos casos, em 29,1% das agressões são realizadas por pessoas desconhecidas e em 25,9% pelo parceiro ou ex-parceiro.

Denúncias
Apenas 22,1% das mulheres vítimas de agressões procuram pela polícia para denunciar a violência sofrida. Muitas delas afirmaram durante o estudo, que não denunciam por dois principais motivos: medo da retaliação por parte do agressor e medo da impunidade.

Lei Maria da Penha
A Lei Maria da Penha, em 7 de agosto de 2006 instituiu que o Estado tem o dever de criar ferramentas que coíbam a violência doméstica e familiar contra as mulheres.
Todas elas, “independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião”, devem gozar dos direitos fundamentais, “oportunidades e facilidades para viver sem violência”.
De acordo com o Atlas da violência de 2019, 4.963 mulheres foram mortas no ano de 2017, o número demonstra que os índices de mulheres assassinadas no País aumentaram.
Nos últimos dez anos, é o maior registro, a taxa de assassinato de mulheres negras cresceu quase 30%, enquanto a de mulheres não negras subiu 4,5%.
Entre os anos de 2012 e 2017, a taxa de mulheres negras cresceu aproximadamente 30% e a de mulheres que não são, aumentou 4,5%. No mesmo período, os assassinatos de mulheres em suas casas e por arma de fogo, aumentaram 28,7%.