Estudo aponta que 61% das escolas municipais não formaram professores para aulas online

2015-04-10_190211

Pesquisa foi feita pelos 26 Tribunais de Contas do país em parceria com o Instituto Rui Barbosa. Amostra é formada por 249 redes de ensino, de todas as regiões, sendo 232 municipais e 17 estaduais.

Uma pesquisa realizada pelo Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB) com 26 Tribunais de Contas do país, e em parceria com Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE), mostra o que estados e municípios têm feito para garantir a educação de crianças e adolescentes durante a pandemia. O estudo foi divulgado na sexta-feira (19). A pesquisa mostrou que 61% das redes de ensino municipais pesquisadas ainda não fizeram nenhum tipo de formação para os professores, para que eles possam desenvolver as atividades online. O resultado é um pouco melhor entre as escolas estaduais. Das 17 analisadas, 14 declaram que ofereceram algum tipo de formação. “Em meados de março, mais de 40 milhões de crianças, jovens e adolescentes das redes públicas da educação básica tiveram as atividades presenciais em sala de aula interrompidas. O ano letivo mal tinha começado. Uma primeira providência foi emitir nota técnica com sugestões e recomendações aos Tribunais de Contas envolvendo assuntos como merenda escolar, a gestão de pessoas, o cuidado com a saúde dos profissionais da educação, de que maneira vem sendo implementado pelas redes”, explica o conselheiro do Tribunal de Contas do RS (TCE-RS) e presidente do Comitê de Educação do Instituto Rui Barbosa, Cezar Miola.

A educação não pode esperar
O estudo “A educação não pode esperar” envolveu mais de 100 auditores de 26 Tribunais de Contas do país. A amostra é formada por 249 redes de ensino, de todas as regiões do Brasil, sendo 232 municipais e 17 estaduais. As informações foram coletadas através de entrevistas com os secretários de Educação. Foram analisadas as capitais e municípios sorteados – metade entre os que possuem maior número de matrículas e metade entre aqueles que atendem alunos de nível socioeconômico mais baixo. A pesquisa analisou desde a oferta de ensino remoto, até o fornecimento de merenda escolar e também quais ações estão sendo adotadas para o retorno às aulas. O estudo revela que 82% das redes municipais têm alguma estratégia para oferecer conteúdos aos estudantes durante a pandemia. Nos anos finais do ensino fundamental, os conteúdos são enviados diariamente por 31% das redes que fizeram parte da pesquisa. No ensino médio, todas as redes pesquisadas disseram que ofertam atividades não presenciais. Destas, 28% fazem isso diariamente. E para alcançar os estudantes, as estratégias são variadas. Os aplicativos de comunicação instantânea são os mais usados para o envio de conteúdos curtos, e também para manter o contato entre alunos e professores, e entre as escolas e os pais dos estudantes. Para os alunos com acesso à internet, muitas escolas optaram pela oferta de conteúdos em páginas online e em canais das redes sociais. Aparece também o uso de plataformas de ensino a distância, como o Google Classroom, que permite que as aulas sejam dadas em tempo real. Já para aqueles alunos que não têm acesso à internet, a estratégia tem sido imprimir material, que podem ser retirados pelas famílias na própria escola, ou levados até a casa dos estudantes, quando eles não podem buscar.