Estresse: um problema contemporâneo

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A cropped shot of a handsome businessman under strain as colleagues request various things from him

Apontado por diversos pesquisadores como o mal do século XXI, o stress faz da rotina uma arma contra o próprio ser em vários níveis, reduzindo a produtividade das pessoas e aumentando a ansiedade e o nervosismo fora, até mesmo, do ambiente de trabalho. A fim de mostrar que este distúrbio existe – e é muito presente em nossas vidas – é que juntamos uma gama de fatores e teorias que ajudam a entender como este se forma e como ele age.

Estresse pode ser herdado dos pais
Que criança bonita! Tem os olhos da mãe, o nariz da avó e… o estresse do pai. É isso mesmo que você leu: o estresse pode ser herdado.
Biólogos da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, colocaram filhotes de lagarto em uma situação difícil que eles nunca haviam enfrentado na vida: um ataque de formigas lava-pés, cuja ferroada é dolorosa. Outro grupo ficou no sofá descansando, para servir de referência. Todos esses répteis cresceram e, depois de adultos, foram submetidos novamente ao ataque. Conclusão? Os animais atacados na infância não reagiram de maneira mais intensa que o normal à ameaça só porque ela já era conhecida. Ninguém ficou traumatizado.

Filhos pode se tornar estressados em decorrência das atitudes dos pais

Foi uma outra variação nos resultados que surpreendeu os pesquisadores. Alguns dos bebês répteis eram descendentes de uma colônia de lagartos que é atacada pelos insetos há pelo menos 30 gerações. Outros eram de famílias que nunca tinham tido contato com as formigas. E isso sim fez diferença: foram os filhos de pais traumatizados que reagiram muito mais intensamente à ameaça, mesmo que não tivessem experiência particular com ela.
Em outras palavras: o estresse transmitido pelos pais foi maior e mais influente que o estresse que surge durante a própria vida.
“Quando os pesquisadores pensam na resposta de um organismo ao estresse, eles nem sempre consideram a experiência prévia com a situação estressante”, explicou Gail L. McCormick, uma das autoras do estudo, ao Psypost.org. “E quando ela é considerada, eles pensam na experiência do próprio indivíduo em seu tempo de vida, e não na de seus ancestrais”.
Segundo McCormick, ainda não há uma explicação definitiva para essa herança indesejável. Ela pode ter a ver com a seleção natural ou mesmo com epigenética – características adquiridas durante a vida que podem ser transmitidas de pai para filho, mas que não estão associadas a modificações no código genético.
A pesquisadora alerta que a influência relativa do histórico dos pais pode não se conservar de espécie para espécie. Em outras palavras, não há nada que comprove que o ser humano sofra do mesmo fenômeno dos lagartos. De qualquer maneira, o estudo é um passo importante na compreensão do estresse, que antes era considerado um fenômeno individual.

Pessoas casadas são menos estressadas
Prometer ficar com alguém até que a morte os separe, mesmo estando na tristeza ou na doença, pode não ser muito fácil. A boa notícia é que, na pior das hipóteses, esse período promete ser bom pra diminuir seu stress. É o que diz um novo estudo da Universidade Carnegie Mellon, dos EUA.
O estudo afirma que entre casados, solteiros e viúvos, o primeiro grupo é o menos estressado. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores reuniram 572 voluntários. Entre eles haviam homens e mulheres, todos com idades que variavam entre 21 e 55 anos. O combinado era: recolher um pouco de saliva logo após acordar, e seguir recolhendo ao longo do dia. Cada voluntário participou de três dias coletas – realizadas em datas não consecutivas. Analisando os fluídos, os pesquisadores perceberam algo em comum entre os casados: um menor nível de cortisol.

Quer desestressar? Compre alianças e peça alguém em casamento

O cortisol é um hormônio que pode salvar sua vida. Assim como a adrenalina, ele é ativado em momentos cruciais para a sobrevivência, se você estiver sendo perseguido por um cachorro por exemplo, ou caso se veja obrigado a entrar em uma briga, é o cortisol que aumenta sua pressão arterial, joga açúcar no seu sangue, ativa suas reservas de energia e faz seus músculos trabalharem melhor. O ponto é que ele é bom pra você só se for usado apenas em ações pontuais, em emergências. Imagine fugir de um cachorro por dia, a canseira que seria. Por isso a alta quantidade do hormônio no seu sangue significa que você está tendo emergências demais, talvez mais psicológicas do que físicas, algo como um chefe ruim, um transporte público lotado, ou até aquela frustação de ir em um encontro chato no Tinder. O cortisol acaba sendo um ótimo termômetro do quão estressado você está.
O cortisol geralmente aparece em nível mais alto na hora de acordar. Os pesquisadores descobriram que, além de estar em menor quantidade, o nível de cortisol dos casados também diminui mais rápido do que do restante dos voluntários. Eles se acalmam logo após acordarem.
A ideia da pesquisa é entender um pouco melhor como os relacionamentos humanos interferem no nosso bem estar. “Esses dados são uma importante descoberta para entender como nossas relações sociais intimas podem se aprofundar em nós, e interferir na nossa saúde”, afirmou em comunicado Sheldon Cohen psicólogo da universidade, e coautor da pesquisa.

A importância de combater o estresse na gravidez
O estresse da gestante pode prejudicar o bebê devido às alterações que causa no organismo da mulher, como mudanças no apetite, no sono, aumento da pressão arterial e enfraquecimento do sistema imunológico, o que aumenta as chances de infecções no útero, parto prematuro e nascimento de bebês com baixo peso.
Estas consequências podem acontecer porque o feto fica mais exposto ao hormônio cortisol e as citocinas inflamatórias que são produzido em excesso pela mãe e atravessa a placenta.

Principais consequências para o bebê
As principais consequências do estresse materno para o bebê incluem:
-Aumento do risco de alergias porque o excesso de cortisol faz com que o bebê produza mais imunoglobulina E, uma substância ligada às alergias, como a asma, por exemplo;
-Baixo peso ao nascer devido a diminuição da quantidade de sangue e oxigênio que chega ao bebê;
-Aumento das chances de parto prematuro devido a maturação mais rápida dos sistemas e aumento da tensão muscular da mãe;
-Maior resistência à insulina e maior risco de obesidade na vida adulta devido a exposição às citocinas inflamatórias;
-Aumento do risco de doenças cardíacas devido ao desequilíbrio do sistema simpático adrenal;
-Alterações cerebrais como dificuldade de aprendizagem, hiperatividade e aumento do risco de transtornos como depressão, ansiedade e esquizofrenia devido a exposição repetida de cortisol.

Cuidados com stress na gravidez são essenciais para o bem do bebê

No entanto, estas alterações são mais frequentes quando a mulher encontra-se estressada e fica nervosa de forma frequente.
É normal ter nervosismo e ansiedade durante a gestação devido às alterações hormonais, às mudanças no corpo e à necessidade de se preparar para a nova fase da vida com o bebê, mas é importante controlar o estresse para manter a gravidez saudável e diminuir o risco destas consequências para o bebê.

Principais causas de estresse na gravidez
É comum o aumento do nervosismo e da ansiedade durante a gravidez, mas níveis mais elevados de estresse normalmente ocorrem como consequência de problemas no trabalho, falta de dinheiro ou desentendimentos com o parceiro.
No entanto, fatores mais graves como estupro, abuso sexual, perda de parentes queridos ou desastres naturais podem causar uma forma ainda mais grave de estresse na mulher grávida, chamado de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Nestes casos, as mulheres apresentam sintomas como ansiedade grave, pesadelos, lembranças frequentes do fato ocorrido, culpa e vontade de evitar pessoas ou lugares que antes gostava, sendo necessário ser acompanhada por um psicólogo. Saiba como é feito o diagnóstico e o tratamento deste transtorno.

Como se livrar do estresse para manter a calma
Para reduzir o estresse durante a gravidez, é importante adotar algumas estratégias como:
-Falar com uma pessoa de confiança e contar o motivo da ansiedade, pedindo ajuda para lidar com o problema;
-Descansar ao máximo e focar no bebê, lembrando que ele pode te ouvir e ser seu companheiro durante toda a vida;
-Ter uma alimentação saudável, consumindo bastantes frutas, legumes e alimentos integrais, e evitando doces e gorduras. Veja como deve ser a alimentação aqui.
-Fazer atividade física regularmente, como caminhada e hidroginástica, pois ajuda a aliviar o estresse e produzir hormônios que dão a sensação de bem estar. Para começar a se exercitar, veja quais são os 7 Melhores exercícios para praticar na gravidez.
-Fazer atividades que gosta, como assistir a filmes de comédia, tomar banhos relaxantes e ouvir música;
-Tomar chás calmantes como chá de camomila e o suco de maracujá, que podem ser consumidos até 3 vezes por dia;
-Fazer uma terapia complementar, como praticar yoga, meditação, fazer massagens relaxantes ou usar a aromaterapia para relaxar.
Caso os sintomas de estresse não melhorem ou em caso de depressão ou de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, deve-se procurar o médico para que ele possa prescrever remédios específicos quando necessário. Ansiolíticos e antidepressivos podem ser indicados mas só devem ser usados sob orientação médica.

Músicas têm poder relaxante
Relaxar é muito bom e mais do que necessário para manter a calma e a sanidade. Tem gente que prefere o silêncio, mas às vezes algumas músicas podem ajudar bastante nos momentos de relaxamento, diminuindo nosso ritmo, soltando os músculos e deixando a mente devagar.

Lista pode ser ouvida através de app

Existem, no Spotify, diversas playlists com músicas bem calminhas, prontas para auxiliarem as pessoas a relaxar. Dentre estas, o site Tenho Mais Discos Que Amigos criou a “Músicas para relaxar”. Para acessá-la, basta que o usuário do aplicativo de músicas acesse o link: https://goo.gl/Zzq5VL.

Seres humanos tendem a ficar estressados quando não comem
Se você já ficou irritado com alguém quando está com fome, você experimentou a sensação de estar “hangry” – nada mais que a união das palavras em inglês hungry (faminto) e angry (bravo). O fenômeno é tão comum, que vários cientistas realizaram pesquisas para tentar entender por que algumas pessoas sentem fome e raiva ao mesmo tempo.
A principal explicação para você se sentir assim é o baixo nível de glicose no seu sangue, segundo um estudo da Universidade de Chicago, nos EUA. Tudo que você come, desde carboidratos e proteínas até gorduras, são digeridos em glicose, aminoácidos e ácidos graxos. Tais nutrientes são distribuídos para seus órgãos para a produção de energia.
Ao passar do tempo, a quantidade de glicose na corrente sanguínea começa a cair. Com isso, o seu corpo libera hormônios relacionados ao estresse, como cortisol e adrenalina. Por isso, tarefas simples podem se tornar complicadas quando os níveis de açúcar no sangue estão baixos. Além disso, você pode ficar confuso e “estourar” com qualquer pessoa.
Outro composto químico, chamado de neuropeptídio Y, também é liberado quando você está com fome. Ele estimula a vontade voraz de comer e atua sobre vários tipos de receptores no cérebro, incluindo um receptor chamado de Y1. Tanto o neuropeptídio Y quando o receptor Y1 são responsáveis por controlar o sentimento de raiva.
A partir dessas informações e após testes com 60 voluntários, os cientistas americanos descobriram que pessoas com altos níveis de neuropeptídio Y em seu líquido cefalorraquidiano, um fluido que circula no espaço intracraniano, tendem a mostrar altos níveis de agressão.

Até que a fome nos separe
Um estudo feito em 2014 mostrou que a baixa quantidade de açúcar no sangue faz com que você aja agressivamente até com as pessoas que você ama.
A pesquisa funcionou da seguinte forma: durante 21 dias, 107 casais precisaram colocar alfinetes em bonecas de voodoo, que representavam seus entes queridos, para mostrar o quão irritados eles estavam.
Para medir a agressividade, os participantes competiram contra seus parceiros em uma tarefa de 25 julgamentos. O vencedor poderia enviar um ruído ensurdecedor diretamente para os fones de ouvido do perdedor.

Estudo confirma: ficar com fome causa raiva

Enquanto os voluntários participavam do jogo, os cientistas rastrearam os seus níveis de glicose. “Como esperado, quanto menor o nível de glicose no sangue, maior foi o número de alfinetes colocados nas bonecas e maior foi a intensidade e a duração do ruído”, escreveram os pesquisadores.

Julgar com fome
Sentir fome pode causar problemas muito maiores do que brigas entre casais. Um estudo da Universidade de Columbia, nos EUA, revelou que juízes são menos propensos a serem piedosos com suas sentenças quando os julgamentos ocorrem perto do horário do almoço.
Além disso, após examinar os resultados de mais de 1.000 pedidos de liberdade condicional, os cientistas notaram que os juízes tendem a oferecer decisões favoráveis no início do dia ou logo após o almoço.
Recentemente, os dados desse estudo foram replicados por cientistas da Universidade de Hagen, na Alemanha. Eles notaram que as frases mais severas dos juízes foram proferidas na maioria das vezes no final da manhã. Porém, segundo os pesquisadores, isso está relacionado com o fato de que os juízes programam casos mais simples nesse horário.
Ainda é preciso realizar mais estudos para confirmar as informações de ambas as pesquisas. Mesmo assim, de uma coisa os cientistas têm certeza: fome e tomada de decisões não trabalham muito bem juntas.