Especialistas indicam tratamento especial para o melhor florescimento da videira na primavera

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Neste período as plantas estão mais expostas à incidência de escoriose e antracnose. Agrônomos recomendam tratamento para eviat proliferação de doenças

Com a chegada da primavera as plantas frutíferas, entre elas as videiras, iniciaram a brotação. A situação é comum para a época. Porém, o que também se tem observado na maioria das propriedades rurais é que o crescimento dos brotos não está ocorrendo de forma uniforme em virtude do inverno atípico registrado na região. A estação foi marcada pela ampla variação de temperaturas, registrando noites muito frias e dias quentes. A situação atingiu, principalmente, as variedades precoces, como Chardonnay e Pinot Noir.
Para que isso não interfira na qualidade da fruta, a recomendação é para que os agricultores utilizem produtos para induzir a brotação. “Esse processo resultará em uma brotação uniforme e, consequentemente, numa floração mais completa e uma fruta de melhor qualidade”, explica o engenheiro agrônomo Vagner Spadari.

Doenças podem arruinar a vindima
No início da brotação é comum a incidência das doenças escoriose e antracnose e, um pouco mais tarde (com os brotos com mais ou menos 10 centímetros de comprimento), contra o míldio. O processo de infecção ocasionado pelas doenças resulta na perda de produção, inspirando cuidados. Spadari sugere que nesse momento os produtores (de uva americana, híbrida ou Vitis vinifera) utilizem diferentes técnicas de controle, como a resistência varietal e as práticas culturais. “Muitos estão esperando a chegada da chuva para começar as aplicações. Isso é errado, pois quando a planta inicia a brotação já está propensa à entrada de doenças e, se isso ocorrer, pode inviabilizar a produção da próxima vindima”, expõe.
Spadari ressalta que quando a doença ou as pragas já estão presentes no vinhedo ou no pomar não existe outra forma de tratamento senão a utilização de produtos químicos. Portanto, a recomendação é sempre para que os agricultores invistam na prevenção. “As aplicações devem ser preventivas, ou seja, antes que ocorra o sinal da doença. Quando ocorre a utilização de um produto curativo já estamos perdendo produção. As vantagens de investir na prevenção são a redução do uso de produtos químicos, a diminuição dos riscos de intoxicação e poluição ambiental e a melhoria na eficiência dos tratamentos fitossanitários”, expõe o agrônomo.

Previsão é que chuva deve retornar em setembro
Segundo o meteorologista do Centro Estadual de Meteorologia (Cemet-RS), Flávio Varone,
a primavera que iniciou no último dia 22 deve ter um comportamento mais próximo da normalidade em todo Rio Grande do Sul.
As temperaturas também deverão permanecer mais elevadas, o que descarta o risco de geadas tardias, tão temidas pela agricultura. A previsão mostra apenas o ingresso de massas de ar frio de fraca intensidade, com curta duração (um ou dois dias). “O aumento da umidade e da chuva gera mais nebulosidade e, consequentemente, mantém as temperaturas mais altas, sobretudo nas madrugadas, o que inibe a formação de geadas mais expressivas durante os próximos meses”, analisa Varone.
Para outubro e novembro a condição se mantém, com chuva e temperatura dentro da média na maior parte do Estado. “No mês de outubro deveremos ter chuvas mais abundantes e algumas regiões poderão ter altos volumes. Esse aumento da chuva implica diretamente na ocorrência de eventos mais severos (tempestades), com altos volumes acumulados em curto intervalo de tempo, com fortes rajadas de vento e queda de granizo”, alerta o meteorologista.

Cuidados também se estendem a outras cultivares
O período também inspira cuidados com relação às chamadas cultivares de caroço como, por exemplo, o pêssego e a ameixa. O engenheiro agrônomo Vagner Spadari explica que nesse período essas plantas correm o risco de serem contaminadas por patógenos como a antracnose ou infestadas por pragas como a mariposa oriental (Grapholita).
“Caso as medidas adequadas de controle não sejam tomadas, sérias perdas poderão ocorrer e comprometer economicamente a produção. O controle não deve ser restrito à aplicação de fungicidas, mas sim complementado com adoção de outras medidas visando reduzir as fontes do problema e o bom manejo das plantas”, explica.
Nesta semana, a Emater de Flores da Cunha promoveu palestras nas comunidades do Travessão Carvalho e Mato Perso, locais onde a concentração das cultivares é maior, com o objetivo de orientar os produtores da importância de investir na prevenção da Grapholita. A engenheira agrônoma do escritório florense, Sandra Dalmina, destaca que os agricultores estão sendo orientados para que realizem o monitoramento por meio de armadilhas de feromônio sexual sintético. “O monitoramento é essencial, pois diminui bastante o custo de produção e a quantidade de inseticida na propriedade”, ressalta a especialista.

As principais doenças que podem surgir no início da brotação das parreiras
Míldio (mufa ou mofo)
– Um fungo é a causa da doença que ocorre em regiões quentes e úmidas durante o ciclo vegetativo da videira. O fungo desenvolve-se com temperaturas entre 10ºC e 32ºC – ainda mais facilmente quando entre 18ºC e 22ºC. Todos os fatores que contribuem para aumentar o teor de água no solo, ar e planta favorecem o desenvolvimento do míldio: dificilmente ocorre infecção se a umidade do ar for inferior a 75%.
De outra parte, o risco será maior quando o período de água livre (chuva, orvalho ou neblina) for maior do que três horas e sob condições de céu encoberto. O fungo incide sobre todos os órgãos verdes da planta, desenvolvendo um talo que neles penetra para absorver a seiva. O tempo entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas é de, em média, quatro dias, dependendo da idade da folha, cultivar, temperatura e umidade.
– Controle: um aspecto fundamental para controlar o míldio é conhecer as condições climáticas ideais para seu desenvolvimento: temperatura entre 10ºC e 32ºC e presença de água. Para a ocorrência de infecção secundária, é suficiente apenas uma garoa ou uma névoa, por um período de duas ou três horas. As práticas culturais recomendadas para diminuir o ataque de míldio são drenar a umidade superficial do solo, aplicar tratamento de inverno e cortar as pontas dos brotos infestados. Entretanto, como nenhuma destas práticas é suficiente, recomenda-se a aplicação de fungicidas preventivos. A fase crítica é entre os estágios de floração a fechamento do cacho. Em regra, as cultivares americanas e híbridas são mais resistentes que as viníferas.
Escoriose
– Causada por um fungo, pode ser muito agressiva em regiões onde há alta umidade no período da brotação – e logo depois dele. Geralmente, sua incidência é na primavera, quando os brotos começam a crescer e sob condições de temperatura superior a 8ºC e umidade relativa do ar acima de 80%. Outras circunstâncias necessárias para sua ocorrência: chuva e existência de umidade livre sobre as brotações verdes, quando estas não estão protegidas.
A escoriose atinge os tecidos verdes não protegidos, quando existir água livre por diversas horas. Frequentemente é confundida com a antracnose. Onde a doença é endêmica (aparece todos os anos), torna-se severa quando chove por diversos dias seguidos durante o início da brotação. Quando a temperatura estiver entre 5ºC e 7ºC e os brotos tiverem de 3cm a 5cm de comprimento, estarão muito suscetíveis ao ataque da moléstia.
– Controle: quando ocorre ataque severo durante o período vegetativo, recomenda-se realizar tratamento de inverno com calda sulfocálcica. No início da brotação, aconselha-se efetuar dois tratamentos com fungicidas protetores, o primeiro quando os brotos tiverem de 1cm a 3cm de comprimento (uma folhinha aberta) e o segundo, de 6cm a 12cm de comprimento (duas a três folhinhas abertas). Entretanto, em períodos muito frios em que o crescimento dos brotos é lento, é aconselhável realizar uma ou duas aplicações suplementares. Também é muito importante a retirada dos restos de poda do vinhedo quando ocorreu forte ataque do fungo.
Antracnose
– A antracnose, causada por um fungo, desenvolve-se em todos os órgãos verdes da planta e durante todo o ciclo vegetativo se ocorrerem as condições ideais. Nas regiões de primavera úmida, com chuvas abundantes e frequentes, associadas a ventos frios, a doença é mais agressiva. O fungo sobrevive de um ano para outro nas lesões dos ramos, assim como nos restos de cultura no solo, sob condições de alta umidade por períodos de 24 horas ou mais e com temperaturas acima de 2ºC. A temperatura ótima para o desenvolvimento da moléstia é entre 15ºC e 18ºC. Ela é especialmente agressiva em anos muito chuvosos na fase inicial do desenvolvimento vegetativo da videira.
– Controle: quando ocorrer ataque severo durante o ciclo vegetativo é aconselhável realizar tratamento de inverno com calda sulfocálcica. Durante o período vegetativo, é importante aplicar os fungicidas para o controle da doença, iniciando quando a brotação tiver de cinco a 10cm e seguindo até que as condições climáticas estejam favoráveis ao desenvolvimento da moléstia.
Quando se usa fungicida de contato e chove mais de 20mm, é aconselhável a reaplicação até 24 horas após a chuva. A fase crítica é o início da brotação, quando o controle é indispensável. A severidade da antracnose depende, principalmente, das condições locais de alta umidade e exposição a ventos frios. A retirada dos restos de poda é uma medida de grande eficiência no controle da doença. A aplicação contínua (por mais de três vezes) do mesmo produto sistêmico poderá induzir o aparecimento de resistência.

Principais cuidados com a videira
Luz: Gosta de muita luz.
Temperatura: Pode ser tratada como um bonsai de interior. Não é recomendado que esteja exposta a temperaturas abaixo dos 12ºC. Dá-se bem em zonas 6-9. Tem um período dormente em que perde a folhagem.
Água: Varia com a espécie. Precisa de pouca água no Inverno, mas no Verão bebe tanta água quanto lhe dermos.
Adubação: É recomendado um adubo orgânico de decomposição lenta durante a Primavera e Outono. Uma adubação rica em PK ajuda a frutificação. Possível utilização de Pokon Bonsai Food uma vez por mês. Uma adubação forte em P durante o Outono ajuda a que a planta se aguente durante o Inverno.
Transplante: De dois em dois anos em Abril. Dependendo do ritmo de crescimento, as raízes podem ser podando em 50%. Usar uma mistura de solo básico, talvez mesmo um pouco pesado na matéria orgânica.
Estilo: Em pouco tempo a videira cria um tronco lenhoso. Cresce rapidamente e é uma trepadeira natural. A maneira mais fácil de formar a videira é deixando engrossar o tronco e modelar alguns ramos do modo mais natural possível. Durante o (meio) Inverno convém fazer podas acentuadas para incentivar o crescimento. Devemos cortar sempre que se obtenham de 3 a 5 nós.
Devemos podar de modo a ficar apenas com 2 ou 3 nós. Devemos deixar meio polegar entre o último nó e o corte da poda. Deve ser aramada durante o Inverno. Devemos ter cuidado em aramar somente o tronco e os ramos mais fortes. Podemos desfoliar no final da Primavera, princípio do Verão para obtenção de folhas mais pequenas. A videira pode ter flores várias vezes durante a época de floração. É recomendável retirar os frutos derivados das primeiras florações, devido a ser descolorados e com uma estética bastante desfavorável. Flores que cresçam no final da época tendem a ter uvas bastante mais coloridas.
Propagação: Apartir de estacas derivadas de podas no princípio da Primavera, ou simplesmente por alporquia em Abril-Maio. Também é possível fazer crescer uma videira apartir da semente, que deve ser estratificada. Neste momento tenho experiências com estacas e já um Bonsai feito a partir da semente.
Doenças: Míldio e negrume. As folhas são muito sensíveis a insectos, tal como aos insecticidas. Uma solução sistemática aplicada no princípio da época é a melhor solução. Os ramos mais sensíveis costumam morrer no Inverno.