Escolas continuam em greve e recuperação do ano letivo é incerta

2015-04-10_190211

Diretora do Cpers diz que não há datas para recuperação das aulas e que alunos não serão prejudicados

A greve dos professores do Estado que já dura mais de um mês ainda está longe de um desfecho. De acordo com a diretora do 12º núcleo do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS), Juçara de Fátima Borges, está marcado para esta terça-feira, dia 10, uma audiência com o Governo do Estado. “Vamos ver o que o governo tem para propor, porque até então não apresentou nenhuma proposta. Enquanto isso as escolas continuam parcialmente em greve”, afirma.
Juçara comentou também sobre a ameaça do governo de demitir todos professores contratados que mostrassem apoio a greve. “No início o governo ameaçou demitir os contratados. A assessoria jurídica do sindicato, no entanto, entrou com mandado de segurança contra o governo. A liminar foi favorável o sindicato, portanto ele não poderá fazer isso”, garante.
Ainda de acordo com a diretora do Cpers, ainda não há uma confirmação sobre a recuperação das aulas. “Não tem nada certo ainda sobre a recuperação do ano letivo. Isso será discutido quando o governo apresentar uma proposta. A escola vai fazer o calendário junto com professores e a comunidade”, explica.
Desde fevereiro de 2016, os salários dos servidores do Poder Executivo gaúcho vêm sendo pagos de forma fatiada e consecutiva. Em agosto deste ano, a primeira parcela depositada foi de apenas R$ 350 por matrícula, o que levou os professores a entrarem em greve após uma assembleia.

Corte no ponto e substituição de temporários
Inicialmente, a ideia do Cpers, sindicato que representa a categoria, era encerrar a greve quando os salários fossem quitados. Porém, a entidade reagiu após o Piratini informar por meio de nota que cortaria o ponto dos grevistas e obteve uma liminar na Justiça proibindo a medida.
O pedido foi acolhido pelo desembargador Sérgio Luiz Grassi Beck no dia 30 do mês passado. “Embora a notoriedade da calamidade financeira que aflige o Estado do Rio Grande do Sul, o direito à greve encontra-se previsto na Constituição Federal”, dizia trecho do documento.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) prometeu recorrer dessa decisão e de outra obtida no dia 15 de setembro pela Federação Sindical dos Servidores Públicos do estado (Fessergs), que também impedia o corte do ponto dos servidores.

Parcelamento e boletins de ocorrência
Os atritos tiveram início já no início do mês passado, quando o governo anunciou o parcelamento dos salários com o pagamento inicial de R$ 350 por matrícula – o menor valor desde 2015, quando o Piratini começou a fatiar os vencimentos dos servidores.
Professores de várias partes do estado registraram boletins de ocorrência contra o governador José Ivo Sartori por crime de responsabilidade administrativa. Eles cobravam o cumprimento de uma liminar judicial que determina o pagamento integral dos salários.