Embrapa lança vídeo e cartilha ensinando a como fazer a poda das videiras

2015-04-10_190211

Sempre no período de podar, que nas regiões de clima temperado vai de meados do outono até o final do inverno, aparecem muitas dúvidas sobre como realizar corretamente a poda das plantas. Para auxiliar os viticultores e leigos interessados neste importante manejo, complementando o “Manual Poda da Videira em Clima Temperado”, a Embrapa Uva e Vinho lança o vídeo “Poda da Videira’, apresentado pelo tecnólogo Roque Zilio, que atua há 33 anos na Empresa de pesquisa. O vídeo estreia a série de vídeos “Na Prática”.
“Garantir o equilíbrio entre a parte vegetativa e a parte produtiva, equilibrar a brotação, renovar os parreirais e melhorar a produção são os principais objetivos deste indispensável manejo da videira, que precisa ser realizado corretamente”, sintetiza ele. A vídeo apresenta a poda mista, técnica recomendada para as cultivares desenvolvidas pela Embrapa e para a maior parte das variedades cultivadas no Brasil, com a qual as plantas podem atingir produções próximas a 30 toneladas de uva por hectare, ou em torno de 14 kg por planta. 0No vídeo são apresentadas desde as ferramentas necessárias para a prática até os cuidados pós-poda, que são essenciais para evitar a ocorrência de doenças, como a podridão descendente, que ameaça a longevidade dos vinhedos, também integram a produção.A série “Na prática” está sendo produzida a partir das principais demandas apresentadas ao Serviço de Atendimento ao Cidadão relacionadas à viticultura e à pomicultura. Não possui uma periodicidade definida, mas a expectativa da equipe é que sejam veiculados pelos menos mais três vídeos até o final do ano.

O que é a poda? A poda é uma das práticas mais importantes no manejo das plantas de videira. Ela compreende uma série de operações feitas no parreiral e consiste na retirada parcial dos ramos lenhosos, durante a poda de inverno, ou de ramos herbáceos, na poda verde. Um dos principais objetivos e vantagens da poda é equilibrar o vigor vegetativo e a produção de frutos, regularizando a produção e contribuindo para a qualidade da uva produzida.

O que eu preciso saber antes de podar? A primeira informação importante é reconhecer que a videira, em regiões de clima temperado, passa pelo período de dormência.
Dormência: fase na qual a planta apresenta-se em repouso e com uma atividade metabólica basal, sem pontos de crescimento, para superar as adversidades do inverno. Geralmente vai do começo do outono (com a queda das folhas) até o fim do inverno, quando começa a brotação das gemas.
Também é necessário conhecer algumas estruturas da planta antes de começar a poda. Por exemplo:
– Gema (ou “olho”): são estruturas localizadas nos ramos e na base das folhas, das quais saem os brotos e cachos. São elas que “incham” pouco antes da brotação, no fim do inverno, e são indicadoras do momento de podar.

Sarmentos: ramos que se desenvolvem no ciclo anterior e que são as estruturas que devem ser cortadas no momento da poda. Os principais são a vara e o esporão.

Vara: ramo relativamente longo, com no mínimo 4 gemas, que cresce no ano anterior à data de poda e que, após produzir uva, deve ser eliminado.

Esporão:ramopequeno,comaté 2 gemas, geralmente localizado no braço principal da planta, cuja função é originar brotos que serão as varas da poda seguinte.

Quais são os tipos de poda?

Existem basicamente quatro tipos de poda:
1) a de formação, para dar estrutura à planta em seus primeiros anos de vida;
2) a de produção, para garantir plena frutificação;
3) a poda de renovação, para recomeçar a estrutura da planta ou eliminar partes doentes;
4) a poda verde, para equilibrar a vegetação (folhas e ramos) e favorecer o microclima do parreiral.
Cada uma delas tem suas particularidades e varia conforme a região (clima e solo), variedade e sistema de condução (latada, espaldeira ou Y). Na poda de produção ainda temos uma classificação:

Poda curta: também chamada de cordão esporonado, é aquela em que são deixados somente esporões na planta. Essa poda pode ser feita em algumas variedades americanas, como Bordô e Isabel, e no sistema espaldeira para uvas viníferas.

Poda longa: é aquela em que somente são deixadas somente varas na poda de produção; é prática recomendada para regiões tropicais ou naquelas regiões em que são feitas duas podas e uma safra, com a utilização de produto para quebra de dormência.

Poda mista: esse é o modelo mais utilizado, tanto em regiões de clima temperado quanto subtropical. Pode ser feita em praticamente todas as variedades e cultivares e consiste na alternância entre varas e esporões no mesmo ramo da planta

Quando devo podar? Para decidir quando podar, o principal fator a ser observado ainda são as gemas; o momento recomendado é antes de elas se abrirem, quando ainda estão inchadas, o que geralmente acontece durante a segunda metade do inverno.
A gema ‘inchada’, ou como se costuma dizer, antes de estourar, indica o momento de fazer a poda. Logo, com o aumento das temperaturas, elas brotam dando origem aos novos sarmentos.

Poda precoce

Há uma época alternativa de realizar a poda de produção, que é logo após a queda das folhas, durante o outono ou início do inverno. Nesse caso, a poda definitiva leva a brotações mais tardias e uniformes quando comparada à poda na época tradicional. Outro benefício dessa época de poda é favorecer a sanidade do tronco, pois há uma tendência de menor infecção por fungos durante o inverno, mesmo com o maior tempo para a cicatrização. Isso não dispensa a recomendação de aplicar calda sulfocálcica e pincelar os cortes com tinta plástica com fungicida.

ALERTA
A antecipação da poda tem limites e não deve ser feita logo após a colheita. Se a poda ocorrer antes da queda natural das folhas, o produtor estará evitando o acúmulo de reservas nas plantas, o que irá comprometer as próximas brotações e o potencial produtivo das plantas nos próximos ciclos. Também deve testar essa época de poda em algumas plantas por variedade, antes de adotar em todo o vinhedo, pois pode haver influência do microclima da propriedade.

Outros aspectos que também influenciam na época da poda são:

-Local: Em regiões sujeitas a geadas tardias, o ideal é que a poda seja o mais tarde possível, porém antes do aparecimento dos brotos apicais, que podem prejudicar a brotação das gemas basais.
-Variedades: Deve-se conhecer o comportamento das diferentes variedades e cultivares: as precoces são podadas antes e as tardias, por último. Caso a região seja propícia a geadas tardias, deve-se podar primeiro as variedades mais tardias e deixar as precoces por último.

Mais algumas observações antes da poda:
Ramos maduros: na hora de podar, é importante observar se os ramos estão maduros (cor marrom), pois se estiverem verdes, devem ser eliminados da planta (estão associados a doenças e distúrbios fisiológicos).

Ramos com morte descendente: é muito comum identificar morte de plantas “de cima para baixo”, ou seja, ramos que secam a partir da ponta em direção ao tronco. Provavelmente há fungos de madeira causando “podridão descendente” e, nesse caso, o recomendado é podar até não encontrar mais necrose interna nos ramos e pincelar tinta plástica, com ou sem fungicida, pasta bordalesa ou somente fungicida no corte, lembrando de esterilizar a tesoura de poda com hipoclorito a 1%, após o corte das partes sintomáticas e antes de trocar de planta.

Pré-poda:é possível retirar(podar) os ramos velhos da planta, que produziram no ano, após o início da queda das folhas, numa forma de poda de limpeza que adianta e facilita o trabalho de poda.
Tesoura de poda: é a ferramenta básica a ser utilizada. Existem diversos modelos e marcas, mas o mais importante é que ela seja mantida afiada, lubrificada e limpa, para facilitar o trabalho e evitar a transmissão de doenças.
Cortes: devem ser sempre pouco acima da última gema do ramo podado (0,5cm), de preferência diagonais, para evitar o acúmulo de água.

Devo considerar a fase da lua para podar? Tradicionalmente se dá preferência para podar durante as fases da Lua Nova e Minguante.
Entretanto, os principais critérios devem ser o inchamento das gemas e o ‘’choro’’ da parreira, que são prenúncio de que a brotação irá começar e a poda não poderá ser adiada por muito tempo.