Embrapa ensina como produzir minhocas e húmus em pequenas propriedades

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A minhocultura é um processo de reciclagem de resíduos orgânicos (restos de alimentos, folhas, esterco, etc) por meio da criação de minhocas com o intuito de produzir o húmus, um excelente adubo para a atividade agrícola. Pensando em difundir essa tecnologia, que ajuda a diminuir o lixo orgânico nas cidades e no campo, a Embrapa Roraima montou, em sua vitrine tecnológica, um minhocário.
O espaço serve como ponto de transferência de tecnologia para que agricultores e interessados em geral possam conhecer as principais técnicas de criação de minhocas em pequenas propriedades. Segundo o agrônomo Silvio Levy, a minhocultura é perfeitamente adaptada à pequena propriedade agrícola, pois possui um manejo simples. “Essa atividade tem como produto principal o húmus, que constitui um excelente fertilizante orgânico, capaz de melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo”, explica.
Mas a minhocultura não tem apenas essa utilidade. Além de fabricar o poderoso adubo, as minhocas também podem ser utilizadas para a alimentação animal e como isca para a pesca.
Acredita-se que no mundo existam mais de 8 mil espécies diferentes de minhocas. No Brasil, são conhecidas entre 240 e 260 espécies, sendo as mais utilizadas para a produção de húmus as minhocas Vermelha-da-Califórnia e a Gigante-Africana.

Minhocários
Existem vários tipos de minhocários, dos mais simples até os mais caros. Para agricultores familiares, que não pretendem vender comercialmente o húmus produzido, mas apenas utilizá-lo na propriedade, o mais indicado é fazer um minhocário de baixo custo e pouca manutenção.
O folder Minhocultura ou vermicompostagem, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) ( box abaixo), mostra os principais aspectos para aqueles que desejam começar uma criação de minhocas e produção de húmus. Entre os pontos abordados estão: local ideal de construção do minhocário, técnicas de criação e manejo, comercialização e as principais fontes de matéria prima para produção de húmus.

Você sabia?
As minhocas não possuem olhos nem ouvidos e por isso seu sentido de direção não é muito bom. Sua movimentação é influenciada por células sensíveis à luz que existem em sua pele. Em geral, evitam a luz direta do sol, preferindo os ambientes sombreados e mais úmidos. Contudo, as minhocas não toleram ambientes encharcados, pois sua respiração é feita pela pele. Em lugares onde há acúmulo excessivo de água, a tendência é de haver pouco oxigênio. Nestes casos, é comum vermos as minhocas saindo do solo para procurar locais mais secos.

Minhocultura ou Vermicompostagem

Criação de minhocas para produzir fertilizante orgânico capaz de melhorar os atributos químicos, físicos e biológicos do solo

Fontes de matéria-prima
Toda matéria orgânica de origem animal e vegetal passada por pré-compostagem (ou seja, semicurada) e livre de fermentação pode ser usada na alimentação das minhocas. Estas exigem alimentação balanceada, rica em nitrogênio, fibras e carboidratos.
Quanto mais rica for a matéria-prima, maior será o sucesso econômico do empreendimento.
Podemos utilizar como fontes de matériaprima: esterco de boi, cavalo e coelho, restos de culturas (uma leguminosa, pois fixa nitrogênio, palha, folhas e cascas de frutas), resíduos agroindustriais (bagaço de cana), lixo domiciliar, lodo de esgoto.
A minhocultura ou vermicompostagem é o processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio de criação de minhocas em minhocários, oferecendo importante alternativa para resolver economicamente e ambientalmente os problemas dos dejetos orgânicos, como o lixo domiciliar. O produto final da vermicompostagem constitui num excelente fertilizante orgânico (húmus), capaz de melhorar atributos químicos (oferta, melhor retenção e ciclagem de nutrientes), físicos (melhoria na estruturação e formação de agregados) e biológicos do solo (aumento da diversidade de organismos benéficos ao solo). Espécies de Minhocas criadas comercialmente no Brasil Eisenia foetida Eudrilus eugeniae , também conhecida como verme- lha-da-califórnia; , noturna africana ou minhoca do esterco.
Técnicas de Criação
O local de construção do minhocário deve estar situado o mais próximo possível do mercado consumidor e da matéria-prima utilizada como substrato. Além disso, deve estar instalado de preferência em locais parcialmente sombreados, mas com boa insolação, em terrenos elevados, com pouca declividade, facilitando a construção dos canteiros e os sistemas de drenagem.
Um fator limitante ao qual devemos estar atentos, na fase de construção do minhocário, é a disponibilidade de matéria-prima e de água, que deve ser limpa e abundante no local, principalmente em períodos de seca, quando é mais necessária para a irrigação dos canteiros.

Tipos de Criatórios
Caixas de madeira ou tonéis de 200 litros, cortados longitudinalmente, com furos na parte inferior;Canteiros de blocos, tijolos, madeira ou bambu, normalmente com 1 metro de largura por 0,30 a 0,40 cm de altura e comprimento possível ou desejado. O piso do canteiro poderá ser cimentado ou de terra batida;Sistema de montes com o piso em terra batida ou cimentado.

Manejo do Minhocário
A quantidade necessária de minhocas para iniciar a criação é de 1 litro, aproximadamente 1500 minhocas/m². Para um bom desenvolvimento do minhocário, além de matéria-prima suficientemente rica para a alimentação, devemos proporcionar um ambiente adequado para o bom desenvolvimento e reprodução das minhocas, monitorando temperatura (entre 20 e 25°C), umidade (de 70 a 85%), pH (pH 7,0), aeração e drenagem do meio, que não deve ser compactado e nem encharcado. Depois de preenchidos os canteiros com as diferentes fontes de matéria-prima semi-curada, é interessante cobri-los com folhas de bananeira ou restos de capina, para manter a umidade e proteger contra incidência direta da luz solar, além de dificultar a fuga das minhocas. Alguns inimigos naturais das minhocas devem ser controlados, dentre eles as galinhas, as sanguessugas, os pássaros e as formigas lava-pés. Se o ambiente natural não for favorável ao desenvolvimento das minhocas, elas tenderão a fugir, inviabilizando a produção do empreendimento. diretamente sobre o canteiro; acomodar sacos de ráfia cheios de esterco sobre o canteiro atraindo as minhocas, separando-os, em segui- da, do material já estabilizado (húmus); separar o húmus das minhocas por meio de peneiramento. O húmus poderá ser armazenado durante um período de seis meses, depois de produzido. Após esse período, vai perdendo seus nutrientes. Pode ser vendido como adubo orgânico e utilizado na produção de mudas. A minhocultura é capaz de produzir grande quantidade de biomassa de minhocas, que pode ser utilizada na complementação da alimentação animal, na pesca esportiva, na venda de matrizes para produtores que desejam entrar no ramo da minhocultura, ou até mesmo na alimentação humana, devido ao seu elevado teor de proteínas. É também explorada pela indústria farmacêutica para a produção de medicamentos, sendo já utilizada em alguns países do Oriente, como China e Japão.