Em doze anos, dobra o preço do gás de cozinha

2015-04-10_190211
Botijões de até 13kg tiveram 8,9% de reajuste, motivado principalmente devido à alta das cotações do produto nos mercados internacionais

Nesta semana foi anunciado reajuste de 8,9%, aumentando em R$ 3 reais o valor por botijão. Média de 2017 já é a maior registrada

Na última terça-feira (05) a população brasileira foi surpreendida com mais um aumento no gás de cozinha. Botijões de até 13kg tiveram 8,9% de reajuste, motivado principalmente devido à alta das cotações do produto nos mercados internacionais. Uma das distribuidoras de Bento Gonçalves informou à equipe de reportagem que o aumento para o repasse ao consumidor foi de R$ 3 reais, saltando de R$65 para R$68.
Os reajustes constantes nos últimos anos têm deixado os consumidores preocupadas. Segundo o levantamento mensal do Procon de Bento Gonçalves, em janeiro de 2017 o botijão estava mais caro, na casa dos R$70 (média de R$71,40), teve uma queda e agora se aproxima do valor do início do ano.
A autônoma, Mari Gheno, que há mais de oito anos trabalha comercializando doces, salgados e congelados, relata que compra dois botijões ao mês, tendo um custo mensal de R$130 . Porém, ela não pensa em trocar o fogão à gás pelo à lenha, para economizar, porque precisa assar os produtos.
“É um absurdo o valor do gás. Quando eu comecei a trabalhar com isso, era muito mais barato. O meu lucro mensal fica comprometido com esse aumento. Por causa da crise, eu não posso repassar isso aos meus clientes. Eles vão procurar o mais barato e eu corro o risco de perdê-los”, lamenta Mari, que faz de cinco a dez mil salgados e doces por mês.
O advogado Matheus Leites Bernardo afirma que suas despesas básicas mensais chegam a R$ 600 reais por mês, mais de 60% do salário mínimo nacional (R$937). “Nos últimos meses alguns itens ficaram mais caros, sem falar na gasolina e no próprio gás de cozinha, que aumentou novamente esta semana”, relata.
O jornalista Ronaldo Velho Bueno calcula que chega a pagar mais de R$ 75 reais por botijão. “É uma escalada de preços, é um aumento absurdo, já que é um produto de necessidade básica. Nós estamos falando de um produto que é necessidade básica do cidadão e acaba pesando no orçamento de quem ganha menos. É só colocarmos na ponta do lápis. O botijão custando R$ 70 reais é quase 10% do salário mínimo”, compara, indignado.

Preços em Bento
No site da prefeitura, é possível analisar os preços do gás de cozinha, pesquisados pelo Procon, desde 2005. Apesar de ter dados apenas naquele ano e dar erro no acesso à página nos anos subsequentes até 2009, os documentos servem como base para a comparação. Em 2005, por exemplo, o botijão de gás de cozinha de 13kg, custava R$33,78, o que significa que o preço praticamente dobrou em 12 anos.
Já no início de 2009, o botijão custava R$40,66, terminando em dezembro a R$44,33. Foram R$4,33 em 12 meses, 10% de aumento. Há oito anos, o consumidor do gás de cozinha gastava R$20 a menos que hoje, quase 30%.
Em dezembro de 2013 o botijão custava R$48,16, R$17 a menos que hoje, a um percentual médio de 25%. Em 2015, o preço chegou na casa dos R$50 e no ano seguinte, R$60. Embora 2017 feche o ano com gás mais barato que no início, esta já é a maior média no preço, porque em janeiro de 2016 o botijão era vendido a R$62, em contrapartida de dezembro do ano passado, quando chegou a R$70,33.

Gás de cozinha acumula alta de 17,7% no ano
No ano, o preço médio do gás de cozinha no país acumula alta de 17,7%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). O valor médio do botijão para o consumidor saltou de R$ 55,74 na primeira semana de janeiro para R$ 65,64 na semana encerrada em 2 de dezembro.
Pela nova política de preços adotada pela Petrobras desde junho, o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) passou a ser revisado todos os meses.
O último reajuste feito pela Petrobras aos preços cobrados das distribuidoras ocorreu há cerca de um mês. Desde junho, foram anunciados seis aumentos e uma redução no preço do gás de cozinha.

Preços ao consumidor
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), informou que o reajuste oscilará entre 7,3% e 9,9%, de acordo com o polo de suprimento. Pelos cálculos da instituição, o ajuste anunciado deixa o preço praticado pela Petrobras para as embalagens de até 13 quilos aproximadamente 1,3% abaixo do preço de paridade internacional.