Economista questiona declaração de que dívida dos contribuintes é de R$ 126 milhões

2015-04-10_190211

Vinícius Triches questiona informação passada pela secretária de Finanças sobre cobrança da dívida de apenas R$ 30 milhões

Na última semana foi divulgado pela imprensa local que os contribuintes devem R$ 126 milhões ao município. Essa cifra, no entanto, está sendo questionada pelo professor e economista Vinícius Triches. “Só cerca de 25% do total da divida ativa pode ser cobrado, mas por que deixaram chegar nesse ponto?”
E para contrapor ao que a Secretária divulgou, o economista lembra que em 2016, Bento Gonçalves bateu o recorde de arrecadação de receita, na ordem dos R$ 424 milhões, o que representa cerca de 20% a mais do que em 2015. Os dados são do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Também cita como exemplo a arrecadação do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, que neste ano, com a parcela única, já arrecadou R$ 17,5 milhões, o que representa R$ 8,2 milhões a mais do que em todo ano de 2016, que, inclusive, era ano eleitoral. Informações essas divulgadas pela própria prefeitura.
“Alguma coisa está errada e a conta não está fechando. Creio que é um grande engano da Prefeitura, pois os números não mentem” ressalta Triches. Segundo ele, o que se vê é um aumento da receita, mas também uma dívida consolidada líquida que não para de crescer. “Considero um dos governos mais irresponsável dos últimos 20 anos. E questiono: para onde estão indo os recursos de Bento? E quais a prioridades desta administração?”.
A prefeitura expõe uma cifra milionária dos contribuintes, mas o economista lembra outros momentos em que o governo municipal justificou a situação de crise repassando a culpa para terceiros, sem assumir que está com um grave problema de gestão. “Na reportagem veiculada na última semana é óbvio que a ideia foi mostrar que não tem dinheiro para saúde e educação porque os municípios não pagam seus impostos. Essa é a terceira grande culpa do governo Pasin: primeiro era a administração anterior, depois jogaram a culpa para o governo federal e agora os moradores de Bento são culpados pela crise do governo municipal”, protesta.
O economista questiona sobre a cobrança de apenas 25% dos impostos. Segundo ele, é difícil entender e aceitar que a secretaria de Finanças não desenvolveu ações para evitar essa situação. “Quando a Secretária fala que a dívida é de 126 milhões de reais, mas que só pode cobrar 30 milhões, a de se questionar se até então quem não queria pagar, apenas não pagava e tudo ficava por assim. Ou não cobravam?”, critica.
A indignação de Triches também é pelo fato da população de Bento estar sendo questionada indiretamente pela crise. “Eu ouvi muitas pessoas indignadas com isso. A impressão que temos é que o governo está dizendo que, quando a população for reclamar que não tem remédio, é para lembrar que talvez não esteja pagando os impostos. Então, a culpa pela falta de dinheiro para a saúde e educação é do povo?”

Mais de R$ 104 milhões de contas a pagar
A evolução das contas a pagar foi surpreendente no período de 2013 a 2015, apresentando um aumento de 92,1%, onde sai de R$ 20,86 milhões, em seu primeiro ano, para R$ 40,08 milhões em 2015. “O que se percebe é um descontrole financeiro, pois a evolução da dívida passa de R$ 20,86 milhões, em 2013, para R$ 28,07 milhões no ano seguinte, atinge R$ 40,08 milhões em 2015 e neste ano já está em mais R$ 104 milhões. Isso é total falta de gestão”.

Escândalos do governo
Os últimos quatro anos do governo de Guilherme Pasin foram marcados por momentos de instabilidade e richas no partido. A briga interna pelo poder gerou crise e estremeceu os pilares da casa amarela. A cidade terminou 2016 com um rombo de mais de R$ 100 milhões. A divulgação da cifra milionária foi acompanhada por um final de ano turbulento. Dezembro foi marcado por protestos no setor da saúde, educação e cultura. O constrangimento da população bento-gonçalvense já havia sido agravado com as brigas no governo Pasin.
O abalo na política local foi forte. Em 2016 o vice-prefeito eleito Mario Gabardo (PMDB) renunciou ao cargo. Além disso, o Ministério Público (MP) pediu o afastamento do presidente da Câmara de Vereadores, Valdecir Rubbo (PTB), por suspeita de envolvimento em fraude no concurso público realizado em 2014. Um dia após a denúncia do MP, ele pediu afastamento do cargo de presidente.