E agora, o que faremos?

2015-04-10_190211

Enio Gehlen
Contador CRCRS nº 028425-O
e Economista
CoREcon 4ª Reg nº 4389
eniogehlen@gmail.com

Domingo temos eleições municipais e inicio este comentário trazendo um episódio de novembro de 1982, quanto a Gehlen era a responsável pela tabulação dos votos daquela eleição municipal. O Dr. Zanetti estava prestes a anunciar o vencedor para a prefeitura daquele pleito quando o Prefeito que seria eleito recebeu a informação de que estava eleito, se dirigiu ao Dr. Bozzetto e expressou: “E agora Bozzetto, o que faremos?” – Fui testemunha deste momento. O resultado desta eleição poucos conhecem, pois o prefeito eleito não cumpriu seu mandato, onde em menos de 38 meses entregou o mandato ao seu vice Aido José Bertuol, optando pelas garantias que o emprego público oferece.
Este sentimento de pertencimento parece irrelevante, mas para alguns conservadores tem peso a tal ponto que de todos os prefeitos de Bento Gonçalves, menos de dez nasceram no município. Muito se questiona também se o exercício de uma atividade política é a prática de um ideal ou uma oportunidade de ganhos financeiros ou de popularidade.
O prefeito a ser eleito receberá a prefeitura com orçamento e Plano Plurianual – para 2021, com um orçamento previsto um pouco mais de quinhentos milhões – Menos de dez por cento do PIB do município.
E aí senhor prefeito eleito – o que vais fazer? Tem planos? Conhece o funcionamento da administração pública? Como vais realizar as promessas de campanha? Tem gente competente para estruturar sua equipe de trabalho? Estes são apenas alguns dos questionamentos que terão que ser adaptados a capacidade de gestão e a legislação pertinente.
Uma pergunta que nos vem a mente é o que muda na nossa vida a eleição municipal. A resposta descomprometida é que não muda nada, uma vez que deveremos continuar a trabalhar. Numa resposta mais elaborada podemos chegar a conclusão que pode mudar muito, pois a educação das crianças está afeita ao município, a saúde de massa igualmente, o asseio da nossa cidade, também; os planos de desenvolvimento de logística, novos empreendimentos, regulações com o ambiente e circulação de pessoas são essenciais.
Portanto, a escolha do nosso administrador (gerente da cidade) é de suma importância. Sim, gerente porque quem determina as diretrizes, por vezes também sugeridas pelo executivo, é o legislativo. E aí se questiona quem é o mais importante, Executivo ou Legislativo.
O sistema republicado federado que temos em nosso país tem demonstrado que há pouca harmonia entre o executivo e o legislativo, impactando diretamente na produtividade dos governos. A interação entre os poderes deveria ter o objetivo de melhoria das condições de seus habitantes – hoje, tratamos ainda como esperança, pois a realidade nos mostra outro contexto.
Como pode isso ser mudado? No meio de tantas interrogações deste comentário poderemos encontrar algumas receitas, mas nada vai mudar o equilíbrio que a natureza nos impõe. A perfeição por aqui, ainda não é possível.