Doenças cardíacas poderão ser detectadas através de selfies

2015-04-10_190211

Pesquisadores do Centro Nacional de Doenças Cardiovasculares de Pequim, na China, desenvolveram um método de detecção de condições cardíacas que, de acordo com eles, poderia tornar a identificação de pacientes em risco algo barato, simples e efetivo. Utilizando inteligência artificial e técnicas de deep learning, os cientistas deram à luz um algoritmo capaz de analisar selfies e indicar possíveis problemas. Zhe Zheng, vice-diretor da instituição e principal autor do artigo publicado no European Heart Journal, comemora a conquista, que, segundo ele, é pioneira. A equipe envolvida espera que a novidade possa ser utilizada para facilitar a vida das pessoas, que precisariam apenas tirar fotos e enviá-las para clínicas antes de marcarem consultas. Apesar das expectativas, ainda há muito o que fazer. “O algoritmo requer mais refinamento e validação externa em outras populações e etnias”, explica Zheng. Isso porque a ferramenta procura características faciais específicas, incluindo afinamento ou desgaste auditivo, rugas, vincos no lóbulo da orelha, depósitos amarelos ao redor das pálpebras e anéis brancos nebulosos nas bordas externas da córnea – o que pode variar muito de um paciente para o outro.
Com novidade, bastaria enviar uma foto antes de marcar uma consulta.

Testes bem-sucedidos
Não é à toa que os pesquisadores estejam tão esperançosos. Superando métodos existentes, o estudo detectou 80% dos casos de doenças cardíacas com precisão e informou a ausência de condições com taxa de acerto de 61%. Mais de mil pacientes de nove hospitais chineses passaram por avaliação. Xiang-Yang Ji, do Departamento de Automação da Universidade de Tsinghua e coautor do artigo, ressalta que o número de falsos positivos é uma das principais questões a serem trabalhadas. “Isso pode causar ansiedade e inconveniência aos pacientes, bem como potencialmente sobrecarregar as clínicas com pessoas que requerem exames desnecessários.” Por fim, Charalambos Antoniades, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Oxford, não deixa de explicar quão positivo é capaz de se mostrar o aprimoramento de tal ferramenta: “Pode ser altamente relevante para regiões do globo que são subfinanciadas e têm programas de rastreio fracos para doenças cardiovasculares”, declara.