Dobra o número de homicídios em Bento em 2018

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A cidade já registra 30 homicídios em 2018, sendo que no mesmo período do último ano foram 15 mortes nos oito primeiros meses. A maioria dos casos tem relação com tráfico de drogas

 

A violência cresce de forma acentuada em Bento Gonçalves, superando números (que já eram considerados altos) de 2017. O detalhe é que nos oito primeiros meses do ano passado 15 pessoas foram assassinadas, sendo que somente nos oito primeiro meses deste ano já foram 30 mortes, representando um aumento de 50%, quando comparado ao mesmo período do último ano. Na noite de terça-feira, dia 7, aconteceu o 30º homicídio na cidade, sendo que em 2017 esse número havia sido alcançado em dezembro. A maioria das mortes aconteceram nos bairros Ouro Verde, Municipal, Tancredo, Zatt, Conceição, Eucaliptos e Borgo. Das 30 pessoas assassinadas, pelo menos 22 já tinham registro com antecedente criminal. Da região da Serra o município só perde para Caxias do Sul no número de mortes. A cidade vizinha já registra 83 homicídios em 2018.
A delegada responsável pelo 1º Departamento de Polícia de Bento, Maria Isabel Zerman, confirma que a maior parte dos homicídios tem ligação com acerto de contas entre facções criminosas. “Pela análise dos antecedentes policiais das vítimas e diligências realizadas, percebemos que a grande maioria dos homicídios está relacionada ao acerto de contas, no tráfico de drogas”, afirma.
Ainda segundo a delegada “Em que pese as constantes investidas da Polícia Civil neste crime, a proximidade com outros grandes centros de criminalidade (Caxias do Sul e região metropolitana) e o grande mercado de usuários que há em Bento Gonçalves auxiliam que criminosos de facções se instalem em nosso Município e que os atritos com traficantes locais se agucem e resultem na taxa de homicídio que temos atualmente. Ainda, é difícil a elucidação destes delitos, já que dificilmente encontramos testemunhas”.
A criminalidade cresceu assustadoramente nos últimos cinco anos em Bento Gonçalves. A observação de Maria Isabel vai ao encontro da realidade do município, que ano após ano tem registros ainda maiores de assassinatos na cidade, e a maioria das vítimas com envolvimento no tráfico de drogas. Em 2013 foram 17 pessoas mortas e os números foram aumentando anualmente. Em 2014 foi contabilizado 20 homicídios, em 2015, o número aumentou para 25, em 2016 foram 26 assassinatos, em 2017 a soma chegou a 32, sendo que nos oito primeiros meses do ano passado eram 15 mortes, já nos oito primeiros meses deste ano a cidade já tem 30 mortes.

Números alarmantes
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública um levantamento sobre a violência no país, que foi divulgado em Julho. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, Bento Gonçalves está entre as cidades mais violentas, sendo o 84ª município com menos assassinatos. De acordo com o ranking, a terra do vinho tem 113.287 habitantes e, em 2015, foram 23 homicídios, que resultam em uma taxa de 20,3. Para se ter uma ideia, São Paulo teve uma colocação melhor que Bento, ficando em 67º lugar. A taxa de homicídio da metrópole foi de 17,3 assassinatos a cada cem mil habitantes. Porém, Bento se saiu melhor que Rio Grande (23,6); Caxias do Sul (24,2); Passo Fundo (26,4); Porto Alegre (46,6), entre outras.

Violência em nível nacional
No primeiro trimestre deste ano os números já apontavam que Bento estava com números que colocavam a cidade entre as mais violentas do Estado. Nos três primeiros meses do ano, a taxa de homicídios da cidade era de 16,6 mortos a cada cem mil habitantes (114 mil habitantes, segundo a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, de 2017). Em 2017, ano em que foi registrado o número recorde de homicídios, a taxa ficou em 30,08. O índice ultrapassa o apresentado pelo Brasil, que fechou o último ano com 28,5 mortes a cada cem mil habitantes.
Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, que analisou os homicídios no Brasil em 2015, o cenário era diferente. O país fechou aquele ano com uma taxa de 28,9, o Rio Grande do Sul, 26,2 e Bento Gonçalves, 20,3. Em 2018, o município pode bater novo recorde.

Perfil
De acordo com a análise do Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “desde 1980 está em curso no país um processo gradativo de vitimização letal da juventude, em que os mortos são jovens cada vez mais jovens. De fato, enquanto no começo da década de oitenta, o pico da taxa de homicídio se dava aos 25 anos, atualmente esse gira na ordem de 21 anos”.

 

Assassinatos de 2018

Weslei Rodrigues (8 de agosto no Ouro Verde, com antecedentes)
Ronaldo Panizzi (em Tuiuty no dia 6 de agosto, sem antecedentes)
Osmar Costa (no Municipal no dia 4 de agosto, com antecedentes)
Jean Carlos Lippert ( em16 de julho no Ouro Verde, sem antecedentes)
Valdir Mota da Silva (no dia 7 de julho no Juventude, com antecedentes)
Juceli de Oliveira (em 26 de junho no Borgo, com antecedentes)
Flavia Baltazzen (em 26 de junho no Borgo, sem antecedentes)
Otavio Martins (em 23 de maio na Linha Zenith, com antecedentes)
Claudio Costa dos Santos (em 19 de maio no Municipal, com antecedentes)
Luis Andre Brizola (em 2 de maio em Santa Tereza, sem antecedentes )
Rafael Agnoletto (em 23 de abril no Ouro Verde, com antecedentes)
Ida de Paula dos Santos (em 28 de março no Zatt, sem antecedentes)
Carlos Alberto dos Santos (em 28 de março no Zatt, com antecedentes)
Andrei Ostrowski Trindade (em 27 de março no Eucaliptos, com antecedentes)
Rodrigo Kiwel (em 24 de março no Municipal, com antecedentes)
Pedro Paulo Alves (em 18 de março no Tancredo, com antecedentes)
Ismael Augusti Tavares (em 15 de março no Zatt, com antecedentes)
Luiz da Silva Soares (em 15 de março no Zatt, sem antecedentes)
Paulo José Abreu da Silva (em 15 de março no Zatt, com antecedentes)
Airton Gotardo (em 10 de março no Municipal, com antecedentes)
Matheus Ferreira (em 10 de março no Tancredo, sem antecedentes)
Melissandro da Silva (em 22 de fevereiro no Conceição, com antecedentes)
Michel Chiapperin (em 25 de fevereiro no Maria Goretti, com antecedentes)
Marcos Peres (em 18 de fevereiro no Eucaliptos, com antecedentes)
Marco Gonzaga (em 16 de fevereiro no Eucaliptos, com antecedentes)
Eliseu Borges (em 31 de janeiro no Zatt, com antecedentes)
Marcio Schneider (em 25 de janeiro no Municipal, sem antecedentes)
Fabiano Morais da Silva (em 25 de janeiro no Municipal, comantecedentes)
Wellington Schafer (em 23 de janeiro no Imigrante, com antecedentes)
Michael Scalon (em 16 de janeiro no Ouro Verde, com antecedentes)