Devem ou não os pais interferir na escolha das amizades dos filhos?

2015-04-10_190211

A forma de educar os filhos pode fazer com que eles tenham dificuldades em manter amizades duradouras

 

Durante a infância, é importante que a criança seja estimulada a ter amigos. Os efeitos de uma amizade para a formação da identidade são extremamente positivos, pois cria-se o sentimento de pertencimento. E é durante essa fase, que os pequenos iniciam o processo de identificação com os demais, além de construírem suas primeiras noções acerca do convívio social. Porém, um estudo da Florida Atlantic University, EUA, em parceria com a Universidade de Jyväskylä, Finlândiaa e publicado pelo periódico Family Psychology, mostra que os pais podem estar sendo responsáveis pelo término das amizades entre as crianças, e isto dependerá da postura que eles assumem em casa. A conclusão do estudo aponta que os pais podem ter influência no término das amizades dos filhos
Estudos anteriores já demonstraram que o status que a criança ocupa na sua classe, ou seja, como ela é vista pelos colegas (se gostam dela ou não), exerce papel importante na duração das amizades. Mas essa é a primeira vez que a relação das crianças com seus pais também é avaliada nesse contexto.
Os pesquisadores avaliaram três características da parentalidade: como eles controlavam o comportamento dos filhos, como eles controlavam os filhos psicologicamente e quanto de carinho davam aos filhos. Eles também examinaram relatos de mãe e pai sobre seus próprios sintomas depressivos e estilos de educação dadas aos filhos, além, é claro, de analisarem os status das crianças em suas classes escolares. Os pesquisadores queriam saber se características negativas dos pais, como comportamentos manipulativos e coercitivos, perturbavam as amizades dos filhos.
No total, foram analisadas 1.523 crianças, de 1º a 6º ano das escolas finlandesas – os mais novos tinham, em média, 7 anos. Os resultados comprovaram a hipótese: características negativas da parentalidade, como depressão e controle psicológico, aumentam o risco de rompimento dos filhos com seus amigos. Crianças com pais clinicamente deprimidos têm 104% mais chances de desfazer amizade
O estudo também confirmou que a maioria dos amigos nessa faixa etária são transitórios: menos de 10% das amizades sobreviveram do primeiro ao sexto ano, com aproximadamente metade (48%) delas se dissolvendo logo nos primeiros 12 meses. Mas uma descoberta surpreendeu os pesquisadores – mais amor não afeta na estabilidade das amizades: “Carinho e afeição não parecem fazer muita diferença. São as características negativas dos pais que são fundamentais para determinar se e quando essas amizades de infância terminam. ”, disse Brett Laursen, uma das autoras do estudo.
Os pesquisadores afirmam que pais deprimidos e psicologicamente controladores criam um clima afetivo prejudicial ao bem-estar de uma criança, com problemas que se espalham para suas amizades. “Acreditamos que as crianças com pais deprimidos e psicologicamente controladores não estão aprendendo estratégias saudáveis para se envolver com outras pessoas, o que pode ter consequências a longo prazo para seus relacionamentos futuros”, diz Laursen.

Há três formas de educar os filhos que são comumente utilizadas pelos adultos

Controladora comportamental, vigiando constantemente as crianças e reprimindo-as
Controladora psicológica, que provoca a vergonha e a culpa nas crianças para que elas ajam de acordo com o esperado
Afetiva, que usa o carinho e a afeição para obter os melhores resultados dos pequenos
Também se notou que a existência de sintomas depressivos nos pais afetava a forma que eles percebiam a própria forma de educar. Esta falta de senso crítico, agregada ao status social dos pequenos na escola, interferiu na qualidade do convívio entre as crianças.

Conclusões

O estudo é o primeiro a incluir e relacionar não apenas as características dos pais, como o status social da criança na formação da estabilidade nas amizades. Ao criar as crianças de maneiras controladoras, os pais fazem com que as crianças absorvam essas características para sí. Sem perceber, os pequenos reproduzem certos comportamentos negativos dentro de suas amizades, o que pode ocasionar no fim delas. Para crianças com pais diagnosticados com depressão, o risco do fim das amizades sobe para 104%.
Os dados também explicitam que a maioria das amizades que acontecem da primeira a sexta série são transitórias. Menos de 10% das amizades que ocorreram neste período foram mantidas. Na verdade, 48% dos laços entre amigos foram dissolvidos em apenas um ano.

O que fazer se você não gosta dos amigos dos seus filhos

Aquela criança que o seu filho chama de amigo não deixa você muito feliz. O que fazer?

Ao conversar com diversos pais sempre ouço alguma história sobre uma criança na classe do seu filho que tem um comportamento muito negativo: é agressivo, brigão manipulador ou desobediente. Essas crianças são muito mal vistas pelos pais que acabam pedindo aos filhos que não se juntem a elas.
As amizades das crianças são um dos motivos de preocupação dos pais, sobretudo quando não gostamos de alguns dos seus amigos ou achamos que são más influências.

Quando os pais não gostam das amizades dos seus filhos
É importante conhecer as amizades dos filhos e, sobretudo avaliar se são positivas para eles Os amigos são influência muito grande na vida dos filhos. por isso é preciso estar atento com quem eles estão se relacionando.
No entanto, alguns pais levam essa atitude tão ao extremo que não aceitam a nenhum amiguinho do filho. Alguns pais que vêem como uma ameaça, um perigo potencial e acabam isolando os filhos de quaisquer amizades.
Por outro lado, há meninos e meninas que desde cedo apresentam tendências agressivas e violenta para com os outros e tudo isso diante da indiferença dos seus pais. Essa atitude provoca que não se queira esta criança não se junte com o filho pelo temor de que lhe possa causar algum dano moral ou físico.

Como fazê-lo
O primeiro passo é perguntar se realmente é uma má influência para o filho. Pode convidá-lo para casa e passar um tempo com a criança ou com os seus pais para comprovar se seus valores, se são parecidos com os que estão sendo praticados na casa, se é uma criança travessa ou se poderia levar por um caminho não desejado.
Não proibir sem dialogar. Essa pode ser a primeira recomendação dos psicólogos. Se houver uma proibição expressa contra a criança é provável que filho ou filha se rebele contra ela e continue brincando com o amiguinho não desejado. No entanto, se houver um trabalho constante em fazer com que o filho veja, com exemplos de coisas que já ocorreram, que esse amigo não é bom para ele, essa mensagem será entendida.
Se o suposto ‘amigo’ agredir o filho de forma repetida é necessário intervir e falar com a escola ou com os pais para que fiquem cientes do que acontece e possam dar um fim a essa situação.
Seja como for, deve-se explicar às crianças o que é amizade para que entendam e compreendam quando um amigo é bom ou ruim. A criança deve entender que os amigos de verdade são aqueles que não tentam prejudicar, que apóiam, gostam e respeitam.
Sabendo que todos somos influenciáveis, é importante notar o comportamento do filho quando começa a se relacionar com algum amiguinho novo. O diálogo e a confiança ajudarão aos pais a interferirem, em algum momento, nas amizades dos filhos.