Depois de R$ 211 mil investidos e nove meses de obras, parada da Júlio de Castilhos não protege usuários em dias de chuva

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A parada de ônibus da Rua Júlio de Castilhos inaugurada no final de agosto do último ano continua gerando polêmica. O abrigo possui 24 metros de extensão e 4,43 metros de altura levou nove meses para ser concluída e custou mais de R$ 211 mil aos cofres públicos e chove dentro. Mãe com criança no colo, crianças, idosos e jovens esperam o coletivo de pé, e em caso de chuva extrema, buscam refúgio nos comércios próximos.

Principais reclamações de usuários é que a parada é aberta e que quando chove a água fica empoçada na calçada

A funcionária de uma lancheria, localizada em frente da parada, revela que em dias de chuva o estabelecimento vira abrigo para a população e que a calçada fica poluída. “Os boeiros entopem e a água fica empoçada, e qualquer chuva fica uma lagoa, as pessoas se molham porque têm uma abertura na parada”, critica.
Segundo ela, na época em que a construção estava em andamento funcionários que trabalharam na obra utilizavam o banheiro do estabelecimento. “Na época dos quase um ano da obra nós fomos muito prejudicados. No início a empreitera pediu para usar a nossa energia,

Em dias de chuva usuários são obrigados a esperar o coletivo de pé

além do banheiro. A prefeitura deveria ter fiscalizado, porque fizeram uma obra de quase um ano de duração e os trabalhadores não tinham nem banheiro químico”, afirma.
Ainda de acordo com a comerciante, o lixo da calçada, na maioria das vezes, é limpado pelos próprios funcionários de seu estabelecimento. “Chove e a água fica empoçada, sem contar o lixo acumulado. Nós mesmos que limpamos tudo porque a prefeitura demora para mandar alguém vir fazer o serviço”, desabafa.
A aposentada Lurdes Pereira, de 73 anos, critica a atual gestão municipal. “Esse prefeito não fez nada pela cidade, essa parada é uma vergonha, em dias de chuva ficamos todos molhados, não tem como se abrigar da chuva”, desabafa. Para a vendedora, Letícia Ribeiro, 19 anos, a obra foi mal planejada.
“Eles deveriam rever o projeto, fazer uma cobertura para abrigar as pessoas, porque tem dias de chuva que o local fica lotado, e além de não ter espaço, todos ficam molhados. Alguns inclusive utilizam o coberto da loja como abrigo”, afirma.
A situação se mostra ainda mais delicada com mães que com crianças no colo ficam impossibilitadas de sentarem nos bancos molhados.
“Eu tenho que abrigar o meu filho nos braços e tentar protegê-lo ao máximo da chuva. Como vamos usar essa parada em dias de chuva e no inverno?”, indaga critica uma usuária.

A palavra do secretário de mobilidade urbana
Na visão do Secretário de Mobilidade Urbana, Amarildo Lucatelli, não há nada de irregular na obra. “O modelo da parada está dentro dos padrões técnicos, e é impossível eu fechar ela porque pode virar um local de pessoas dormindo à noite. “ Temos garis que passam todos os dias para limpar o local, até mais que uma vez ao dia. Mas eu vou verificar sobre essa questão da água parada e do lixo”, promete.

Relembre a história da parada de ônibus mais cara (e nem tem ar condicionado)
Em 2016 a Gazeta fez uma série de reportagens sobre a demora na conclusão da obra da Júlio de Castilhos.
Nos meses em que promessas de entrega eram quebradas pela prefeitura quase toda semana e a população ficava sem saber quando poderia utilizar o espaço, a equipe de reportagem acompanhou o caso. As obras iniciaram ainda em novembro de 2015, e o orçamento de R$ 73 mil reais não foi suficiente, já que foram gastos R$ 211 mil reais na obra.
A construção da plataforma foi finalizada no começo de 2016, mas, pelo menos, duas licitações desertas (sem interessados) atrasaram a continuidade do projeto. Em julho, o processo licitatório teve uma empresa vencedora, a Febeal Construtora, que recebeu R$ 73 mil pelo fornecimento e a colocação da parada.
Enquanto as obras não avançavam, a área de embarque e desembarque dos ônibus foi transferida temporariamente para a frente do Shopping Bento, na rua Marechal Deodoro. Na época, a mudança de local dividiu opiniões, e após meses, somente no final de agosto a parada finalmente foi entregue.