Dengue na gestação tende a aumentar risco de morte do bebê

2015-04-10_190211

Zika deixa de ser a única infecção por arbovirose a ser considerada letal para um bebê em desenvolvimento

Um estudo científico chegou à conclusão de que a dengue pode apresentar um risco à vida do feto. Realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o resultado foi divulgado na quinta-feira (21), na revista The Lancet. Com isso, a zika, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, deixa de ser a única infecção por arbovirose a ser considerada letal para um bebê em desenvolvimento.
O estudo defende que ter dengue durante a gestação quase dobra a probabilidade de um bebê nascer morto ou morrer durante o parto, enquanto a dengue severa aumentaria em cinco vezes as chances de um natimorto – nome dado à morte do feto acima de 500g dentro do útero ou durante o parto.
Os pesquisadores chegaram a essa constatação a partir da análise dos registros de sistemas de informações brasileiros. Para chegar a tais resultados, os pesquisadores cruzaram os dados de mais de 162 mil natimortos e 1,5 milhão de nascidos vivos, sendo que, desses, 275 natimortos e 1.507 nascidos vivos tinham sido expostos a dengue.
Dados
O estudo foi realizado com dados obtidos entre dezembro de 2012 e janeiro de 2016 do Sistema de informação de Nascimentos (Sinasc), Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan).
A análise indicou que o risco de natimortos, entre todos os nascimentos registrados no período, foi de 11 por 100 nascidos vivos. Já quando considerado apenas a amostra das mães infectadas por dengue, a taxa de incidência foi de 15 por 1.000.
Quando considerada a gravidade da doença, a dengue severa aumenta o risco de natimorto em cinco vezes, cerca de três vezes mais que a dengue comum.
Os mecanismos pelos quais a dengue causaria o nascimento de natimortos é desconhecido, mas os pesquisadores apontam três hipóteses para explicar o fenômeno: os sintomas de dengue afetariam diretamente o feto; a dengue causaria mudanças na placenta; ou o próprio vírus teria um efeito direto no bebê em formação.