Cultivo de hortifrúti gera renda extra para produtores rurais

2015-04-10_190211

Há muitos anos, o produtor rural e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, deixou de focar no cultivo da uva e começou a produzir hortifrúti. Segundo ele, que tem como braço direito a esposa, Rosane, a produção de mais de uma variedade permite ao agricultor ter uma renda extra durante todo o ano.
“O produtor que tem parreira trabalha o ano inteiro, não somente na poda e na colheita. Ele tem que cuidar das videiras, limpar, trocar postes, renovar parreiras. Mesmo assim, produzir hortifrúti é uma maneira de intercalar a produção, diversificar. Ele pode destinar uma área para hortaliças. A renda obtida em feiras é uma maneira de custear despesas extras”, orienta Postal.

Queda na área cultivada
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informam que entre 2002 e 2011, o Sul do país reduziu em 4% a área destinada à hortifruticultura. Em contrapartida com esta queda, o produtor da Linha São Luiz, de Tuiuty, que participa desde 1994 da feira livre aos sábados, observa que a população tem procurado consumir mais hortifrúti nos últimos anos. “Durante a feira, as pessoas têm a oportunidade de comprar produtos diretamente do agricultor. Isto cria uma relação de confiança, além disso, cria um hábito das pessoas irem todos os sábados à feira. Esta venda é direta, não passa por atravessadores”, analisa.
Postal acrescenta que a procura é, principalmente, por variedades da época. “Ainda tem agricultores que oferecem uva. Temos agora alface, couve-flor, pepino, caqui. Já vai iniciar também a oferta de frutas cítricas, tais como laranja do céu, bergamota”, comenta.

Para quem quer começar
Segundo Postal, o produtor que quer começar a cultivar agora hortifrúti em sua propriedade, deve ficar atento com as condições climáticas e com as mudas. “Agora é época de couve-flor, brócolis, tomate, beterraba, chicória, alface. Para o alface, por exemplo, é indicada a implementação de uma estrutura especial, tal como a estufa”, explica.
“Por demandar uma área maior, para a couve-flor e brócolis não é indicada a estufa, porque fica muito caro”, diz. “O agricultor é um pouco de tudo, inclusive engenheiro, então, muitas vezes, ele precisa ser criativo e fazer a estufa com o que tem na propriedade”, brinca Postal.
É muito importante verificar a variedade escolhida, alerta. Um exemplo dado pelo agricultor é com o tomate. “O tomate não pode ser plantado onde há geada ou é muito frio. Os locais mais indicados são no Vale do Rio das Antas”, avalia. “É preciso esperar também o ciclo das variedades. Couve-flor e brócolis demoram de 80 a 90 dias. Alface, de 50 a 60 dias”, orienta.
O presidente do Sindicato dos Trabalhores Rurais recomenda ao produtor que quiser adquirir mudas que priorize a qualidade. “Aqui em Bento, as mudas encontradas nas casas agrícolas muitas vezes não são para plantios profissionais. A escolha da muda é muito importante. Tem que ter qualidade e precisa se adaptar a diferentes épocas do ano”, aconselha.

Chuva em excesso prejudica plantio
Postal fala ainda sobre as condições climáticas no plantio. De acordo com ele, até março o tempo tem sido generoso. “A média de chuva neste ano está boa. Eu me deparei com escassez de chuva. Mas, referente a isso, a gente dá um jeito com a irrigação. A falta de chuva, principalmente em janeiro e fevereiro, é contornada com a irrigação. O grande problema é a chuva em excesso, quando chove por dez dias seguido, por exemplo”, constata.