Como prevenir os acidentes domésticos mais comuns para crianças de 1 a 3 anos

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Intoxicação, engasgos, sufocamentos e afogamentos são os principais riscos para as crianças desta faixa etária

Risco: intoxicação por substâncias químicas
“Começou a andar, acabou a paz!” Essa frase não poderia fazer mais sentido quando falamos de acidentes domésticos. A partir do momento em que a criança consegue ficar em pé e se deslocar, a lista de riscos só aumenta. O perigo pode estar onde você nem imagina, como nos seus produtos de beleza no armário do banheiro.  Um estudo norte-americano publicado na revista Clinical Pediatrics mostrou que 64.686 crianças com menos de 5 anos foram atendidas em salas de emergência nos EUA, de 2002 a 2016, por problemas relacionados a cosméticos. Cerca de 60% dessas lesões ocorreram em menores de 2 anos, e a maioria aconteceu porque as crianças engoliram produtos, levando ao envenenamento

Isso também pode acontecer com os de limpeza e medicamentos, caso da psicóloga Andrea Macedo, 35 anos, mãe de Nicolas, 6. Quando ele tinha 3, estava resfriado e a mãe, antes de dormir, já com o menino na cama, pegou o analgésico no armário e deixou o remédio na mesinha por alguns segundos, enquanto buscava o inalador no banheiro. “Quando voltei, ele estava chupando o frasco e disse ‘mamãe, já tomei meu remédio’. Fiquei muito nervosa, não sabia quanto ele tinha tomado. Liguei para a pediatra e para o centro de intoxicação, que recomendaram levá-lo ao hospital. Nicolas ficou quatro horas em observação e não teve nenhuma reação. Mas foi um sufoco!”

Como prevenir
Todos os produtos químicos – cosméticos, medicamentos, itens de limpeza e de jardim – devem ficar guardados em armários altos, de preferência com chave ou trava. Outra dica: nunca chame remédio de suco ou balinha, senão a criança vai querer. Se o seu filho for para a casa dos avós, que costumam tomar mais remédios e nem sempre têm a casa preparada para as crianças, peça para tirarem os medicamentos do alcance dos pequenos.

Caso o acidente aconteça, como foi com Nicolas, evite dar leite ou forçar o vômito, pois pode queimar o trato digestivo tanto na ida quanto na volta. “Vá imediatamente para o hospital. Lembre-se de levar o que a criança tomou – seja um remédio ou um produto de limpeza – para que os médicos saibam a origem do problema e como proceder”, orienta o pediatra Nelson Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Risco: engasgos e sufocamento
Levar peças pequenas à boca é outro perigo para os pequenos. “Até os 2 ou 3 anos eles estão na chamada fase oral, quando descobrem o mundo pela boca. Por isso, cuidado redobrado. Não dá para deixar, por exemplo, moedas por aí”, diz a pediatra Caroline Gabardo, membro da Sociedade Paranaense de Pediatria e professora da Faculdade Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR).

Como prevenir
Fique atento para que não haja coisas pequenas ao alcance das crianças – desde um botão solto na roupa, um ímã de geladeira ou um clipe de papel. No caso dos brinquedos, é fundamental seguir as recomendações de idade do fabricante e fazer inspeções regulares: soltou a roda do carrinho? Separe o brinquedo. Se você tem filhos de idades diferentes, guarde os itens do mais velho à parte e procure supervisionar as brincadeiras.

Risco: afogamento
Uma das situações mais perigosas nessa fase é a água – seja na piscina, na banheira, no balde ou até na privada. Segundo Vanessa Machado, da ONG Criança Segura, a criança pode se afogar em até três dedos de água. “Nessa faixa etária, a cabeça da criança ainda representa 25% do peso do seu corpo, então, quando ela tomba, a tendência é cair de cabeça. Se ela faz isso com o rosto na água, não tem força para levantar”, diz. Foi por isso que a produtora de vídeo Maíra Azevedo, 40, mãe de Cora, 10, viveu momentos de pânico. Quando a filha tinha 1 ano, estava em uma piscina de plástico rasa.  Cora usava uma boia redonda com encaixe para as pernas, e Maíra se levantou para ajeitar o guarda-sol. Quando voltou o olhar, a boia estava de ponta-cabeça. “Foram segundos desesperadores até resgatar minha filha completamente submersa, deitada no chão da piscina, com os olhos abertos e abrindo e fechando a boca para tentar respirar debaixo d’água.

Tirei-a da água e ela demorou a ter uma reação, até que começou a chorar “, conta. Maíra levou Cora ao pediatra, que constatou estar tudo bem, mas, ainda assim, naquela noite a menina passou horas chorando. “Até hoje só de lembrar me dá arrepios. Depois li na lateral da boia que crianças que não sabem nadar não podem usar aquele tipo em piscinas rasas, que dão pé. Esse foi meu erro. Mas foram somente alguns segundos que levantei para arrumar o guarda-sol…”.

Como prevenir
Piscinas devem ter sempre grade em volta e portão com trava que a criança não consiga abrir. Se você tiver piscina em casa e for dar um churrasco, ou caso vá a uma festa que disponha de uma, redobre a atenção e coloque colete ou boia de braço nas crianças que ainda não sabem nadar. Isso é apenas uma medida a mais de prevenção. O melhor é ficar de olho o tempo todo e manter o portão fechado. Se outras crianças resolverem nadar, é preciso supervisão de pelo menos um adulto durante todo o período em que elas estiverem na água, mesmo que façam aula de natação.
Piscinas infláveis, bacias e baldes, depois de usados, devem ser guardados de cabeça para baixo e fora do alcance de crianças. No caso de banheiras, nunca deixe o pequeno tomando banho sozinho. Use travas de segurança nos vasos sanitários ou deixe as portas dos banheiros fechadas.