Como falar sobre morte com as crianças

2015-04-10_190211
O diálogo aberto, honesto, explicativo e de acordo com a compreensão de cada idade é muito importante

A cena era a seguinte: uma criança de seis anos estava conversando com seu pai, que explicava que o avô havia ido para o céu, ao que ela indagou “ele não mora no céu. Porque lá só tem nuvens. É chato”. O diálogo é comum quando se trata de falar sobre a morte com as crianças. Elas não compreendem o que é isso em sua totalidade e que vão deixar de ver um parente próximo ou um bichinho de estimação.

1. A partir de que idade se deve falar de morte com as crianças?
Não existe idade certa para tocar no assunto. O ideal é que se espere a necessidade, seja pelo falecimento de alguém conhecido ou a curiosidade do pequeno. O clico da natureza também pode ser usado como exemplo, como quando se semeia uma planta que passa pelo processo do nascimento e da morte. São três pontos que as crianças precisam ir compreendendo com a sua ajuda: a universalidade – tudo que é vivo um dia vai morrer –, a irreversabilidade – quando morre, não há volta – e a não funcionabilidade – depois de morto, o ser não corre, não dorme, não pensa, não age.

2. Crianças podem ir a velórios ou enterros?
Não se pode forçar, mas elas se beneficiam de participar junto aos adultos deste ritual de passagem.

3. Como contar para elas que alguém que conhecem morreu?
Não esconda nada, muito menos invente histórias para poupar os pequenos. Frases como “ele dormiu para sempre”, “descansou” ou “fez uma longa viagem” só vão confundir a cabeça infantil. Crianças levam tudo ao pé da letra e podem achar que a vovó vai acordar ou que todo mundo que viaja nunca volta.
4. E se a pessoa for muito próxima?
Se a morte for por doença, a criança deve estar a par de todo o processo. Explique que a pessoa está doente e que é grave, lembre do ciclo da vida da plantinha.
Como acontece com os adultos, a memória afetiva nunca vai desaparecer. Mas, depois de certo tempo, acontece o chamado luto saudável, quando se percebe que é possível se lembrar do ente querido de forma leve e sem sofrimento.