Como as religiões lidam com a morte?

2015-04-10_190211

A morte segundo a doutrina espírita
O conceito e visão em relação a morte varia conforme cada religião, ou, no caso do espiritismo (embasado nos pilares da religião, filosofia e ciência), ela simplesmente não existe. O dia 2 de novembro, dia de luto para grande parte da população, é observado de forma sutil por espíritas. Para Eleonor Lovato, que há cerca de cinco anos estuda e trabalha na casa espírita Joaquim Cacique de Barros, o dia 2 de novembro não possui grande significado.
“Temos saudades de entes queridos, portanto o finados é um dia de recordar, dia da saudade, porém nunca lamentar a morte. Quando fores para o cemitério pedir que o espírito esteja amparado à espiritualidade, não devemos ficar lamentando, porque é apenas a morte do corpo físico. Neste dia é recomendado que a pessoa tenha a tranquilidade de visitar o tumulo de alguém querido, mas que evite se lamentar”, explica.
Ainda segundo o espírita, segundo a doutrina, a passagem é transitória e que mmorre é apenas o corpo. “O espírito é imortal, quando desencarnamos o períspirito vai para outro local, e se é merecedor se dirige ao plano espiritual”, acredita. Segundo Lovato, a casa espírita Joaquim Cacique de Barros tem cerca de 250 trabalhadores e estudantes da doutrina espírita.
Claudia Maestrello, que há mais de quinze anos estuda a doutrina espírita, o espírito deixa o corpo físico e volta ao mundo espiritual. “O corpo físico morre e o espírito volta para o mundo espiritual que é sua verdadeira casa. Ali prepara e se recompõe para a próxima encarnação, em um novo corpo e novas oportunidades de melhoramento. O espiritismo vem nos consolar quando nos ensina que a vida continua e voltaremos a encontrar nossos amores, nos dando uma esperança de justiça e amor”, afirma.

O que dizem as outras religiões
Igreja evangélica- Como no catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu e inferno) e na eternidade da alma. A diferença é que o morto faz uma grande viagem e a ressurreição só acontecerá quando Jesus voltar a terra, na chamada “Ressurreição dos justos”, ou, então, aqueles que forem condenados terão uma nova chance de ressurreição no “ Julgamento final”.

Igreja Batista– Creem na morte física (separação da alma e corpo físico) e na morte espiritual. Os que, após a morte física, acreditam ou passam a confiar em Jesus Cristo, vão para o paraíso onde terão uma vida de paz e felicidade. Já aqueles que continuam a não acreditar, terão morte espiritual e desta forma a alma vai para o inferno para uma vida de angústia, sofrimento, dor e tormento.
Budismo- O budismo prega o renascimento e reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a própria conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do carma, a pessoa pode renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos animais, espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais.

Hinduísmo- A visão hindu de vida após a morte é centrada na ideia de reencarnação. Para os hinduístas, a alma se liga ao mundo por meio de pensamentos, palavras e atitudes. Quando o corpo morre ocorre a transformação. A alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, a depender de nossas ações, pois a toda ação corresponde a uma reação-Lei do carma. Enquanto não atingimos a libertação final, passamos continuamente por mortes e renascimentos.

Islamismo (Religião muçulmana)- Para o Islamismo, Deus criou o mundo e trará e volta a vida, todos os mortos no último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois de uma avaliação divina. Esta vida seria então uma preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno. Quando a pessoa morre, começa o primeiro diz da eternidade. Ao morrer a alma fica aguardando o dia da ressurreição (juízo final) para ser julgado pelo criador.

Católico– Morte é a transformação da vida, onde deixa de existir a vida corporal para vida eterna. A igreja católica acredita na ressurreição. Quando a pessoa morre, ela é diretamente levada e apresentada a Deus e logo será julgado. Eles acreditam que a morte é a opção de vida de você teve. O arrependimento é realizado enquanto a pessoa está em vida, após a morte não há arrependimento.

Candomblé- Não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que estão na terra devem apenas cumprir o destino, caso contrário vagarão entre o céu e a terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno.
Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são redigidos de uma lei maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecerem junto com outros espíritos, orixás e guias.

Umbanda- A umbanda sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afro orientais. Como não existe uma unidade ou um “Livro Sagrado”, alguns umbandistas admitem o céu e inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e carma. Na umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a passagem de um estado a outro de manifestação espiritual, morremos para um lado e nascemos para outro lado da vida, o que nos aguarda do outro lado depende de nós mesmos. Para eles a morte é uma etapa do ciclo evolutivo, sendo a reencarnação a base da evolução.

Judaísmo – O judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claro da vida após a morte, e nem mesmo se existe de fato. É uma religião que permite múltiplas interpretações. Algumas pessoas acreditam na reencarnação, outros na ressurreição dos mortos. Para os judeus, a lei permite a pessoa que vai morrer pôr a sua casa em ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes e fazer as pazes com Deus. A confissão é considerada importante elemento na transição para o outro mundo.

Cremação e a Igreja Católica
A Igreja Católica acredita que a cremação é a destruição violenta do cadáver humano “por meio do fogo ou de grande calor, no forno crematório”. Segundo a crença, a cremação não é digna e conveniente à reverência devida ao corpo humano, templo da Santíssima Trindade. Mesmo a sim, não cataloga a cremação como boa ou má, acreditando que em casos de peste os de catástrofes, seria mais viável. A Igreja explica que a cremação é contra o dogma católico da ressurreição dos corpos. Até 5 de julho de 1963 a disciplina canônica era severa no tocante à cremação dos corpos dos fiéis falecidos. Punia negando a Exéquia, ou seja a Encomendação do corpo, e a celebração das Missas de corpo presente, de sétimo e trigésimo dia àqueles que postulassem a cremação de seu cadáver. A atual lei da Igreja, a partir do Concílio Vaticano II, ao tratar do sepultamento diz o seguinte: “A Igreja aconselha vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar o cadáver dos defuntos; sem embargo, não proíbe a cremação, a não ser que haja sido eleita por razões contrárias à doutrina cristã” (Código de Direito Canônico, cânon 1176 par. 3).
A Igreja orienta que as cinzas do defunto sejam guardadas com respeito, como as cinzas retiradas da sepultura quando se completa a deterioração do cadáver pela corrupção orgânica. O local apropriado para guardá-las são as urnas nos Cemitérios, onde as pessoas podem ir rezar e se recolher para lembrar-se piedosamente do finado. Mas qualquer lugar digno pode ser utilizado.
O Suicídio e a Igreja Católica
Antigamente a Igreja condenava o suicídio. No entanto, atualmente acredita que a culpa do suicida pode ser diminuída devido ao seu estado de alma. A Igreja considera o suicídio como um pecado grave, mas acredita que a pessoa que cometeu o ato não está condenada por Deus.