Comerciários lamentam falta de suporte de sindicato

2015-04-10_190211
Comerciários percebem poucas vantagens vindas do sindicato

Sem saber do reajuste do próprio salário, comerciários criticam a pouca atuação e comparam benefícios oferecidos por sindicatos de outras categorias

Em julho, um dos setores que mais abriu postos de trabalho em Bento Gonçalves foi o comércio, segundo a carta do Observatório da Universidade de Caxias do Sul, divulgada na terça-feira (15).
Desde a última semana, estes trabalhadores tiveram definido o reajuste salarial 2017-2018, através da convenção Coletivo de Trabalho, assinada na quarta-feira (9), pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG )e pelo Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas).
Apesar de ter iniciado as negociações em março, data-base do aumento, o acordo foi alcançado somente 5 meses depois. Os salários dos empregados representados pelo sindicato profissional serão reajustados em 4,69%, do dia 1º de março, através da aplicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) integral do período revisando. Ficou definido o seguinte:
– R$1.354,00 – para os empregados que percebam por comissões;
– R$1.248,00 – para os empregados em geral;
– R$1.214,00 – para os empregados que exerçam as funções de limpeza;
– R$1.181,00 – para empregados em experiência, por até 60 (sessenta) dias.
No acordo fica também estipulado o desconto assistencial dos empregados. “As empresas ficam obrigadas a descontar de todos os seus empregados, sindicalizados ou não, beneficiados ou não com as cláusulas da presente convenção coletiva, qualquer que seja a forma da remuneração, o valor correspondente: a) 1,5% (um e meio por cento) do salário efetivamente percebido no mês de julho/2017, ou o teto de R$ 65,00 (sessenta e cinco reais); b) 1,5% (um e meio por cento) do salário efetivamente percebido no mês de novembro/2017, ou o teto de R$ 65,00 (sessenta e cinco reais)”. Além disso, R$12 mensais, de março de 2017 a fevereiro de 2018.
A Gazeta, então, foi ao comércio para escutar a opinião dos trabalhadores sobre o reajuste e sobre os benefícios que eles recebem na categoria, além de avaliar se eles se encontram satisfeitos com o sindicato que os representa.
Os estabelecimentos escolhidos são dos mais variados segmentos, como vestuário, calçados, móveis, eletrodomésticos, alimentos, cds e capas de celulares. A maioria dos entrevistados afirmou que o sindicato não é presente. Ainda que não recebem informativos e nem visitas de fiscalização. E que gostariam de mais cursos de capacitação gratuitos ou de baixo custo, oferecidos pelo seu sindicato, auxílios de saúde e creche.
Nome: Luisa Azambuja
Idade: 18 anos
“Não sabia sobre o dissídio. O sindicato é muito importante porque nos auxilia quando à rescisão e outras dúvidas que precisamos. Não recebo nenhum auxílio, mas acho que poderia ter algum.”
Nome: Rochele Aires Freitas
Idade: 26 anos
“Não sabíamos sobre o reajuste. Eu venho de uma cidade (Santana do Livramento) em que o Sindicato do Comércio passava em todas as lojas e entregava um convite para participar das reuniões e comunicavam mudanças, era muito mais presente. Em um ano e seis meses, ninguém passou aqui.
Poderíamos ter mais auxílios. Até porque tem bastante gente de fora e quando a gente vai contratar eles perguntam bastante sobre esses auxílios e nós não temos. Nós pagamos aquela taxinha e aqui pelo menos nunca vieram, deveria ser mais presente.”
Nome: Angelica Batistelo da Silva
Idade: 37 anos
“Eu acho que o sindicato poderia ser mais ativo. Ninguém do sindicato passa na loja. A gente vê os outros sindicatos, como o metalúrgico, da indústria moveleria, que oferecem muitas coisas para o funcionário, já o nosso é bem fraco.
Poderia ter mais incentivo para a gente, como por exemplo, uma área de lazer, um local que a gente pudesse ir no final de semana. Creche também, nós que trabalhamos dependemos muito das pessoas para cuidar dos nossos filhos, o horário já é extendido. Talvez uma escolinha integral, com preço mais baixo. É uma cidade grande e tem muita gente trabalhando no comércio. Cursos gratuitos seria uma boa opção também, o que tem é sempre oferecido pelo sindicato do patrão”.
Nome: Marina Da Rolt
Idade: 19 anos
“Sindicato não passa na loja. A gente tem auxílio do chefe, ele é muito legal, então nos dá até auxílio lanche em dinheiro, além do salário, nos deixa sair antes quando temos aula, ele é muito compreensivo. A inciativa é do dono da loja, independe do sindicato, temos esta sorte. Sentimos falta de um curso, que poderia empolgar com a venda, nos preparar melhor”.
Nome: Briana Somacal
Idade: 19 anos
“Não sabia sobre o dissídio. Estou desatualizada de como está. Olha, muito pouco tenho visto o oferecimento de cursos, etc. Não temos auxílio, só quem é associado ao CDL. Seria muito interessantes cursos de idioma, porque recebemos muitos turistas, então seria bem-vindo”.
Nome: Guilherme da Costa Dias
Idade: 18 anos.
“A gente tem bastante cursos, mas todos oferecidos pela própria empresa. Nada do Sindicato.”
Nome: Rafaela Rossati
Idade: 19 anos.
Trabalha há sete meses no comércio.
“O sindicato nunca veio, só para entregar postagem. Sinto falta de cursos, porque aprender é essencial. Até as empresas donas dos produtos que vendemos oferecem cursos, mas do sindicato não.”
Nome: Thiago Alberici
Idade: 36 anos
“A gente faz treinamento pela loja, sobre todos os produtos, técnicas de venda. O sindicato nunca passou aqui”.
Nome: Cristofer da Rosa
Pavão
Idade: 26 anos
“Antes eu trabalhava em uma fábrica de móveis, o ritmo é bem diferente. O sindicato nunca veio aqui. E por enquanto não precisei dele. Nós temos cursos gratuitos pela loja, mas seria bom ter auxílio saúde”.
Nome: Maria Clara da Cruz Sandrin
Idade: 52 anos
“ Que eu saiba a gente não ganha cursos. Na minha opinião, teria que ter auxílio creche, uma creche do próprio sindicato até. Temos três mães aqui na loja e fica complicado para elas com quem deixar os filhos. Tambem um consultório odontológico. Vou dar um exemplo, o sindicato dos trabalhadores metalúrgicos. Lá eles tem ginecologoista, oculista, dentistas. Aqui no comércio a gente não tem nada,a não ser aqueles R$40 que vem de troco numa consulta por mês ou duas. O nosso sindicato deixa muito a desejar, não fiscaliza. Não adianta construir uma sede nova e não oferecer nada”.
Nome: Mari Cristina
Idade: 32 anos
“Nunca vi ninguém do sindicato aqui na loja. Deveria ter uma creche, mais desconto em um restaurante, além do SESC. Auxílio estudo. É descontado por mês R$15, mais 2% do piso, dá R$23 e mais 15 pra quem é sócio. Só o que eles fazem é a festa em novembro. O reembolso das consultas é muito pequeno também”.
Nome: Josemara de Souza
Idade: 25 anos
“Há anos vem sendo falado sobre as creches. Principalmente no sábado, que todo mundo no comércio trabalha. A maioria é mãe, precisaria de alguém. Temos uma colega que precisou sair do trabalho porque não tinha com quem deixar o filho. Eu demorei para conseguir creche quase um ano para o meu filho e precisei deixar com a minha vó”.
Nome: Débora da Silva
Idade: 19 anos, Trabalha há dois no comércio
“Se tem algum curso, não é divulgado, se a gente tem direito tem que ser divulgado. Outra coisa que é mal informada é reajuste salarial, a gente só sabe através dos patrões. Só fui no sindicato para entregar os papéis.”