Prefeitura fecha o ano com promessas e obras inacabadas

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Com obras paradas, prefeito não aumenta a compra de vagas em creches

Obras de escolinhas infantis e posto de saúde do bairro Vila Nova, estão entre casos de construções que tiveram os trabalhos paralisados

Os dois últimos anos foram marcados por obras inacabadas, que ocasionou na perda de projetos (que na teoria) que deveriam ser executados pela prefeitura de Bento Gonçalves. Uma das perdas mais significativas se refere aos R$ 4,5 milhões do Centro de Alto Rendimento, conquistado ainda em 2011, no governo anterior. Apesar do governo ter conquistado os recursos, ainda no governo de Roberto Lunelli (PT), a obra nunca saiu do papel.
Em agosto deste ano, a Gazeta entrou em contato com o gerente Executivo de Governo da Caixa Federal em Caxias do Sul, Luis Carlos Vedovelli, que lamentou a perda do dinheiro para realização da obra. Na época ele foi categórico ao afirmar que não existe a possibilidade do dinheiro ser recuperado. “O contrato tem mais de cinco anos de vigência (que terminou no dia 30 de junho) e chegou num momento que não conseguimos mais prorrogar o contrato. Qualquer justificativa do município não teria efeito algum após esse tempo. Como um todo foram mais de 6 milhões perdidos”, afirmou.
Ainda em agosto, Vedovelli não escondeu a tristeza pelo fato da obra não ter sido iniciada. “O projeto chegou, foi analisado, mas não foi licitado. Sentimos muito que Bento tenha perdido esse projeto, com certeza o recurso seria melhor aproveitado na região, porque agora esse dinheiro vai ficar no Ministério do Esporte, em Brasília e não sabemos qual será o destino de toda essa quantia”, lamentou.

O projeto
O Centro de Alto Rendimento beneficiaria cerca de 2.500 crianças na formação de atletas de voleibol e outras modalidades esportivas. Além do ginásio, a obra contaria ainda com uma academia de musculação, sala de ginástica, refeitório, vestiários, alojamento para 50 pessoas, salas para outras atividades, salas de aula, para fisioterapia e fisiologia.
Estava prevista ainda a climatização moderna e aproveitamento dos meios naturais. A estrutura receberia crianças, adolescentes, jovens e adultos, com potencial de competição de todo o Brasil e de outros países.

Outros projetos perdidos
Em novembro deste ano chamou a atenção da população dos bairros Vila Nova e Eucaliptos, a paralisação da obra de um posto de saúde, que deveria ter ficado pronto ainda em fevereiro deste ano.Em setembro de 2016, foram iniciadas as reformas, as quais incluem melhorias gerais na infraestrutura do local, bem como sua ampliação. passados nove meses da previsão inicial, a obra ainda não foi concluída e está completamente parada. Por conta disso, moradores dos bairros necessitam se deslocar, muitas vezes de a pé, até os postos da Fenavinho e Licorsul, gerando filas no atendimento médico.
O Secretário de Saúde, Diogo Siqueira, “culpa” ao Governo Federal, que segundo ele, não está passando os recursos necessários para a continuação da obra. “aquela obra ainda segue parada, na verdade não recebemos recursos do governo federal. O Governo Federal alterou duas portarias que aumentaram o repasse financeiro, desde a oftalmologia, isso significa que está sobrando dinheiro para algumas coisas. Mas acreditamos que até o final do ano a gente tenha a verba para continuar a obra. Estamos cobrando, mas não estamos tendo uma mudança na postura do governo. Assim quem recebermos, a obra será reativada e a empresa volta a trabalhar, para que em 2018 a população possa utilizar o posto”, projeta.

Biblioteca Pública na Praça Centenário – Valor perdido: R$ 1,8 milhão
O projeto assinado em 2011 previa a construção de uma moderna biblioteca junto à praça Centenário. O local seria o novo Centro Cultural de Bento Gonçalves, com espaço para realização de eventos e promovendo a revitalização de um local que hoje está entregue à drogadição. Os recursos foram devolvidos sob a alegação de que não havia condições financeiras para bancar a contrapartida da prefeitura no projeto. O recurso foi perdido pela prefeitura no mês de setembro de 2016.

Construção de Cozinhas Comunitárias – Valor perdido: R$ 492 mil
O projeto Cozinhas Comunitárias foi assinado em 2011, na administração do ex-prefeito Roberto Lunelli, e previa a produção de 100 refeições diárias com funcionamento de, no mínimo, cinco dias por semana. A unidade, que recebeu verba de R$ 450 mil funcionaria junto ao CRAS I, no bairro São Roque, num local onde hoje está localizado o Pronto Atendimento do bairro São Roque. A proposta era de que essa cozinha pudesse ser um espaço aberto aos usuários dos serviços públicos que estão localizados naquela região. O recurso do projeto foi perdido pela prefeitura em novembro do ano passado.
Parte do recurso disponível para a construção da Rua Coberta – Valor devolvido: R$ 200 mil. Após muita discussão, foi definido que a Rua Coberta seria construída no bairro Planalto, nos fundos da Fundação Casa das Artes. No espaço destinado para a construção, a prefeitura refez o projeto e devolveu R$ 200 mil ao Governo Federal no mês de outubro do ano passado.

Centro de Alto Rendimento – Valor perdido: R$ 4,5 milhões
Passados cinco anos e meio sem utilizar os recursos, a prefeitura perdeu o montante destinado para a construção do Centro de Alto Rendimento que atenderia 2.500 crianças.

Ginásio de Esportes do Bairro Universitário – Valor perdido: R$ 243,7 mil
Junto com a perda dos recursos do Centro de Alto Rendimento, a Caixa Federal também comunicou a perda de R$ 243,7 mil, que seriam utilizados na construção de um Ginásio de Esportes no Bairro Universitário. Passados mais de 20 meses da assinatura de contrato, a prefeitura não enviou sequer o projeto da obra para utilizar o recurso, segundo informações do gerente Luís Carlos Vedovelli. O contrato foi extinto, devido ao não atendimento dos prazos estabelecidos pela Caixa para a liberação do recurso.

Obras das escolinhas abandonadas
A falta de vagas em escolas infantis contrasta com uma triste situação: duas escolas que teriam que ter sido entregues à comunidade em 2015, e que supririam uma demanda para 240 crianças, estão com as obras paralisadas e sofrem o descaso do abandono
As escolas EMI no loteamento Bertolini e do Loteamento Santa Fé (que deveriam ter sido concluídas ainda em julho de 2015), viraram elefantes brancos, locais de abrigo para moradores de rua. Ao adentrar nas construções, a reportagem da Gazeta se deparou com materiais de construção empilhados, madeiras e pregos espalhados, paredes pichadas, poças da água, torneiras abertas, e até mesmo camas improvisadas, além de excesso de mato nos arredores das obras. O descaso evidente com as obras contrasta com o que o prefeito Guilherme Pasin afirmou em 2014, num de seus discursos que estas obras eram prioridade de sua administração.

Promessas não cumpridas
Em 2014, durante a inauguração da Escola Municipal Recanto Alviazul, no bairro São João, Pasin afirmou que o município tem compromisso com a educação. “Com a inauguração desta escola e de outras duas que iremos construir – uma no Loteamento Bertolini e outra no Loteamento Santa Fé, vamos atender a demanda existente por vagas na Educação Infantil. Existe uma diferença fundamental em anunciar um investimento e fazer ele se tornar realidade”, destacou.

Verbas federais
As escolas EMI no loteamento Bertolini e Santa Fé teriam um investimento total municipal de R$ 1.769.578,33 e são custeadas por meio de convênio entre a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e o governo federal. Em 24 de setembro, a empresa Fontana & Orsolin Ltda foi a vencedora do processo licitatório. Mas os projetos foram cadastrados ainda em 2013 pela Smed junto ao Ministério da Educação (MEC), via Plano de Ações Articuladas (PAR).
Em 2014, havia sido afirmado pelo governo municipal que o prazo máximo para a conclusão dos serviços seria de 240 dias após a assinatura da ordem de serviço, sendo descontados os dias de chuva. Na reportagem da assessoria de imprensa da prefeitura na época, a secretária de Educação, afirmou que a secretaria luta “ constantemente pela ampliação no número de vagas em escolas infantis e pela qualidade dos serviços prestados na educação de crianças e adolescentes do município. A Educação infantil é uma base para crescimento destas crianças, em seu desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e motor”, observou.
A escola municipal infantil do Loteamento Bertolini, localizada no Loteamentos Bertolini está sendo erguida na Rua José Possamai, nº 653, e o projeto de edificação é de 708,25 metros quadrados. O espaço inclui cinco salas de aula, playground, solário, cozinha, refeitório, lactário, sala de higienização, lavanderia, sanitários, área coberta, depósito, sala de atendimento (enfermaria), salas administrativas.
A escola municipal infantil do Loteamento Santa Fé, localizada na Rua Romualdo Basso, nº 135, no bairro São Roque, terá 708,25 metros quadrados de área construída. O espaço contempla cinco salas de aula, playground, solário, cozinha, refeitório, lactário, sala de higienização, lavanderia, sanitários, área coberta, depósito, sala de atendimento (enfermaria), salas administrativas.

As “obras” asfálticas de Pasin
Entre a falta de obras de grande impacto para cidade, o prefeito realizou pequenas obras em 2017. A maioria relacionada a consertos asfálticos.
-Construção dos Banheiros Públicos da Achyles Mincarone no Bairro São Bento
-Conclusão da abertura e pavimentação do primeiro trecho do corredor SOS. Entre a Rua Senador Alberto Pasqualini até o cruzamento com a rua Fortaleza.
-Conclusão da pavimentação asfáltica da Avenida São Roque, trecho até a BR 470 (Bairro Nsra. Da Saúde)
-Pavimentação asfáltica da Rua Marcos Valduga no Bairro Santa Helena.
-Pavimentação Basáltica Rua Beatriz Dall Onder- Distrito Industrial
-Pavimentação asfáltica Rua Basílio Zorzi (Bairro Municipal)
-Pavimentação da Rua Amadeo Zanbom- Borgo
+Pavimentação da rua Amabile Flaibam Tusset
-Rua Darcy Longhi distrito Industrial
-Rua Marquide Antônio Donatti-bairro Santa Marta