Com 49% dos casos em Bento, meningite B não tem vacina prevista no calendário do SUS

2015-04-10_190211

Imunização ocorre apenas por meio da rede privada, onde a dose custa em torno de R$ 600

 

Responsável por 24,6% dos casos da doença meningocócica no País, a meningite B não tem vacina prevista no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). A imunização ocorre apenas por meio da rede privada, onde a dose custa em torno de R$ 600. A doença, que é endêmica, ou seja, pode ocorrer durante o ano todo.

Bento Gonçalves
Conforme o Coordenador das Vigilâncias em Saúde de 1990 até 2018 foram registrados 394 casos de meningite em Bento Gonçalves, com 90,4% com cura. Destes, 57,7% dos casos foram registrados em homens. Dos 394 casos, 49% das ocorrências foram bacterianas (B), 37,6% viral (C), 3% de outras etiologias e por fim, 10,4% meningite não especificada.
Sem especificar qual o tipo de meningite, a Secretaria de Saúde do Município revelou que nos últimos 5 anos, os 36 registros da doença, oito casos ocorreram em 2018.

Vacina disponível somente a C
Conforme o Coordenador das Vigilâncias em Saúde, Rafael Vieira a vacina meningocócica C está disponível em todas unidades. É administrada aos 3 e aos 5 meses, com reforço aos 12 meses, e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Adolescentes de 11 a 14 anos tomam uma dose.

12 tipos de meningite
O Ministério da Saúde (MS) afirma que “o Brasil, desde 2010, optou pela vacina contra o sorogrupo C, devido à sua maior magnitude de ação no País (com 63,1% dos casos)”.
Segundo o MS, ao todo, há 12 diferentes sorogrupos da doença: A, B, C, E, H, I, K, L, W, X, Y e Z. No Brasil, os principais são o B, C, W e Y.

Vacina contra meningite C enfrenta problema
A vacina contra a meningite C tem faltado nos postos de saúde há cerca de um ano. O Ministério da Saúde confirma o problema. Em resposta a questionamento da reportagem, o MS respondeu que “a distribuição da meningocócica C ficou reduzida durante alguns meses, devido a atrasos na entrega pelo laboratório produtor, a Fundação Ezequiel Dias (Funed)”.
O ministério ainda explica que tentou adquirir doses de produtor internacional, mais não houve viabilidade, pois a vacina não está no rol de produtos fornecidos pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) por meio de seu Fundo Rotatório. Com o problema na entrega, “a pasta continuará atendendo a demanda dos estados de acordo com o cumprimento do cronograma de entregas pelo laboratório produtor, Funed”, diz.

Estados distribuem aos municípios
O Ministério da Saúde esclarece que as doses são enviadas aos estados, que são responsáveis pela distribuição aos municípios. “Para a definição do número de doses de determinado insumo a ser enviado aos estados, o Ministério da Saúde considera a cota mensal desse insumo predefinida por estado, de acordo com o público-alvo e situação epidemiológica, além dos estoques federal e estaduais”.
Ao todo, no ano de 2018, o MS afirma ter enviado 9,8 milhões de doses da C ao País. Em 2019, foram enviadas três milhões, sendo 141,7 mil para o Rio Grande do Sul.
No Estado, foram oito casos de meningite meningocócica, com duas mortes apenas em São Leopoldo, o que tem causado uma corrida aos postos atrás das doses.

Entenda as vacinas
Estão disponíveis para prevenção das principais causas de meningite bacteriana no calendário nacional de vacinação da criança no Programa Nacional de Imunização – Ministério da Saúde. São elas:
a) Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a Doença
Meningocócica causada pelo sorogrupo C;
b) Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
c) Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
d) Vacina BCG: protege contra as formas graves da tuberculose e nos casos de meningite miliar (cutânea).
A recomendação é sempre o afastamento de crianças e adultos de ambientes escolares ou de trabalho, quando os mesmos estiverem febris ou com algum quadro agudo de doença, devendo ser encaminhados para avaliação médica.
Fonte: Departamento de Vigilância Epidemiológica Gerência de Vigilância em Saúde

Principais sinais e sintomas
A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, que pode ser causada por agentes não infecciosos e por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos.
– Febre alta que começa abruptamente, dor de cabeça intensa e contínua,
– Vômitos, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele (petéquias).
– Nos casos de meningites virais, não existe recomendação de uso de medicamentos ou
vacinas para os contatos.

As formas de prevenção incluem
1. Evitar aglomerações,
2. Manter os ambientes ventilados e limpos e
3. Lavar adequadamente as mãos.