Colesterol alto em adultos jovens já aumentaria risco de infarto e AVC

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Segundo um longo estudo, pessoas abaixo dos 45 anos com colesterol elevado têm uma chance especialmente alta de sofrer males cardiovasculares no futuro

O colesterol não é uma preocupação só para os mais velhos. Pelo contrário. Níveis altos antes dos 45 anos de idade aumentam especialmente o risco de infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) aos 75. É o que indica o maior estudo a longo prazo feito sobre o tema, publicado recentemente no periódico The Lancet. Conduzida por mais de 40 pesquisadores, a investigação chafurdou dados de quase 400 mil pessoas de 19 países diferentes. Elas foram seguidas por até 43 anos. O trabalho avaliou os níveis de colesterol não-HDL dos participantes. Para quem não sabe, o HDL é tido como a versão boa dessa molécula. Logo, os experts focaram nas porções ruins do colesterol (entre elas o LDL).

Baseado em um modelo matemático, eles então calcularam o risco de o colesterol alto ao longo da vida provocar, aos 75 anos, panes cardíacas e AVC — mortais ou não. Para não confundir o resultado, foram considerados outros fatores que financiam esses problemas, como obesidade, tabagismo e pressão arterial. Resultado: mulheres com menos de 45 anos que, além de outros dois fatores de risco cardíaco, apresentavam níveis acima do limite de colesterol não-HDL tinham uma probabilidade de 16% de sofrer um infarto ou derrame aos 75. A título de comparação, nas voluntárias de 60 anos com o mesmo perfil, a possibilidade era de 12%.

Nos homens, o risco foi de 29% nos mais jovens e 21% nos acima dos 60 anos. “Isso pode ocorrer por causa da exposição mais longa ao colesterol prejudicial”, comentou à imprensa Barbara Thorand, epidemiologista do Centro Alemão de Pesquisa de Saúde Ambiental, que participou do trabalho. A partir dessas informações, os cientistas fizeram outra conta: o que ocorreria se esses participantes reduzissem o colesterol não-HDL pela metade? De acordo com os cálculos, o risco de encrencas cairia para 4% entre as mulheres com menos de 45 anos e para 6% nos homens da mesma faixa etária.

Implicações para o tratamento do colesterol
Os médicos recorrem com frequência a um cálculo que considera as taxas de colesterol, glicemia e por aí vai para estimar o risco de uma pessoa ter um piripaque no peito ou um AVC em dez anos. É a partir desse método que eles costumam prescrever remédios. Mas se a nova pesquisa aponta que alterações no colesterol hoje estão associadas a problemas para além de uma década, não seria o caso de intervir antes? Em outras palavras, esse limiar de dez anos não seria curto demais? “O cálculo utilizado atualmente pode subestimar o risco para a vida toda, principalmente nos mais jovens”, destacou o cardiologista alemão Stefan Blankenberg, outro autor da investigação, em um comunicado.

Contudo, mais estudos são necessários antes de mudar a recomendação de uso de drogas contra o colesterol, como as estatinas. É necessário entender, por exemplo, os possíveis efeitos colaterais de um tratamento mais longo e o custo-benefício da abordagem. De qualquer jeito, o artigo reforça indiretamente a necessidade de promover hábitos saudáveis, que ajudem a controlar o colesterol, do começo ao fim da vida.  Com ou sem remédio, uma coisa é certa: não custa ficar de olho nas suas taxas desde cedo.