Cientistas brasileiros descobrem superterapia que pode curar a AIDS

2015-04-10_190211

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou que a cura da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) está próxima. Trata-se do primeiro estudo, em escala global, a testar um super tratamento em indivíduos cronicamente infectados pelo HIV.  Quem coordena a pesquisa é o infectologista Ricardo Sobhie Diaz. Juntamente com a sua equipe, Diaz vem trabalhando em duas frentes para a cura da doença. Uma delas utiliza medicamentos e substâncias que matam o vírus no momento da replicação e eliminam as células em que o HIV fica adormecido; a outra desenvolve uma vacina que leva o sistema imunológico a reagir e eliminar as células infectadas. A pesquisa foi realizada com 30 voluntários. Eles foram divididos em seis subgrupos, recebendo – cada um deles diferentes combinações de remédios, além do próprio “coquetel”.

Para os integrantes do subgrupo que apresentou os melhores resultados até o momento, foram administrados mais dois antirretrovirais: o dolutegravir, a droga mais forte disponível no mercado; e o maraviroc, substância que força o vírus, antes escondido, a aparecer.  Eles também receberam duas substâncias que potencializam o efeito dos medicamentos: a nicotinamida – uma das duas formas da vitamina B3, que mostrou ser capaz de impedir que o HIV se escondesse nas células; e a auranofina que revelou potencial para encontrar a célula infectada e levá-la ao suicídio. O infectologista explica que os testes confirmam que a nicotinamida é mais eficiente contra quando comparada ao potencial de dois medicamentos administrados para esse fim.

Vacina
Os pesquisadores concluíram que seria necessário algo estratégico que ajudasse a imunidade do paciente contra o vírus. Dessa forma, eles desenvolveram uma vacina de células dendríticas, que conseguiu ensinar o organismo do paciente a encontrar as células infectadas e destruir uma a uma, eliminando completamente o vírus HIV. A vacina de células é fabricada a partir de monócitos (células de defesa) e peptídeos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) do vírus do próprio paciente.

Uma vez apresentados, esses linfócitos, que participam do controle de infecções, aprendem a encontrar e matar o HIV presente em regiões do corpo. Os seis pacientes que fizeram parte do subgrupo que recebeu o supertratamento ainda aguarda os resultados finais da terceira dose da vacina. Após análises de sangue e das biópsias deste grupo vacinado que os pesquisadores partirão para o desafio final: suspender todos os medicamentos de um deles e acompanhar como irá reagir ao longo dos meses ou, até mesmo, dos anos”, conclui. “Caso o tempo nos mostre que o vírus não voltou, aí sim, poderemos falar em cura”, afirma Ricardo Sobhie Diaz, segundo à Agência Unifesp.

O infectologista deixa o alerta. “Apesar do avanço no tratamento e controle do HIV, a infecção por esse vírus ainda é a pior notícia que podemos dar ao paciente em termos de doenças sexualmente transmissíveis”, declara. “A pessoa com HIV, mesmo com carga viral indetectável, passa por inúmeros processos inflamatórios devido aos efeitos colaterais dos medicamentos.”