Centro da Indústria e Comércio apresenta Panorama Socioeconômico do município de Bento Gonçalves

2015-04-10_190211

A pesquisa que resultou na revista apresentada nesta segunda-feira (23) é resultado da parceria entre o Centro de Indústria e Comércio-CIC BG e a Universidade de Caxias do Sul que analisam dados da economia do município colhidos junto a órgãos oficiais.
Mesmo apresentando índices que ainda preocupam, reflexo da crise que assola o país, os números têm apresentado, em média, uma pequena indicação de recuperação, na área privada. Já os números apresentados do setor público, talvez num esforço de apresentar um panorama mais otimista, se basearam em dados um pouco defasados, como mostramos na reportagem a seguir.

Empreendedorismo cresce em Bento, mas indústria lidera faturamento
Bento Gonçalves é um município que apresenta características empreendedoras, informação já enfatizada nas edições anteriores da revista do CIC. Isso porque o número de CNPJs de microempreendedores individuais (MEIs) cresceu 1,1% em 2016 em relação a 2015, resultando em 4.222 registros, segundo a Secretaria Municipal de Finanças. Já os alvarás de pessoas jurídicas (PJs) foram 3,75% a menos (10.752), o que pode estar associado à recessão econômica. O faturamento, segundo a Receita Estadual, ficou aquém dos 9 bilhões apresentados 2014, tendo níveis semelhantes ao de 2013.
O setor dos serviços foi o com mais registros, tendo 43% do percentual dos PJs e 68% dos MEIs. Dos PJs, o levantamento relacionado ao setor chegou a 7.723 (74,6%), incluindo autônomos (1.410), comércio (742), indústria (277) e outros (841). Nos MEIS, o percentual foi quase o mesmo, em 73,2%. A análise aponta que a taxa fica em uma empresa a cada 11 habitantes em pessoa jurídica e uma a cada 7,8 habitantes, incluindo os MEIs.
Até o mês de agosto deste ano, foram registrados 10.759 PJs e 4.698 MEIs, uma variação de 3,9% e 11,3% na comparação com 2016, respectivamente. O total é de 15.457 estabelecimentos, uma variação de 6,1% a mais em relação ao ano passado. No cenário do faturamento, a indústria é o segmento que lidera (média de 63,7% na participação, considerando os últimos cinco anos), seguida por comércio (média de 21,2%) e serviços (média de 15,1%). No período de 2010 a 2014, a indústria participava com 65,6%, comércio com 20,3% e serviços com 14,1%.

Município tem o 13º maior Produto Interno Bruto (PIB) no Estado
Bento Gonçalves ficou entre os quinze primeiros municípios com maior Produto Interno Bruto (PIB) na última análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE-RS), com ano base em 2014.
A posição de 13º lugar foi devido a um PIB de R$ 5,32 bilhões, com a agropecuária representando 1,5% e a indústria 39,8% (que era 42,9% em 2013). A subida de Bento no ranking (por nove anos consecutivos na 14º posição) foi devido ao rebaixamento de Triunfo, que caiu de 8º em 2011 para 15º em 2014.

Bento Gonçalves entre os oito municípios com saldo negativo de emprego
Os dados referentes aos empregos formais em Bento Gonçalves, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e do Relatório Anual das Informações Sociais (RAIS), apresentam que em 31 de dezembro de 2016, o total de trabalhadores com carteira assinada ficou em 42.740, distribuídos em 10.015 estabelecimentos, incluindo órgãos públicos, sendo 4.119 (41%) com presença de funcionários.
O saldo entre a diferença das admissões e desligamentos foi negativo em 1.614 postos, o que gerou uma redução de 3,6% em relação ao apresentado em 2015. No Estado, que também teve saldo negativo (-57.266), o município ficou com o 8º maior saldo negativo (cinco a mais que em 2015, quando havia ocupado a 13ª posição).
A indústria de transformação (-855) liderou a contribuição negativa, seguida pela construção civil (- 459). O saldo negativo teve maior contribuição de móveis e fabricação de produtos de metal. Conforme o CAGED, das admissões, 9% foi primeiro emprego, 90% reemprego e 1% outros. Dos desligamentos, 61% foi de dispensados (em 2015 foi 55% e em 2014, 48%), 24% foi de forma espontânea (em 2015 foi 28% e em 2014, 35%) e 14% por término de contrato.
A construção civil representou 5,8% do total, participação inferior a 2015, quando chegou a 6,6% do total. O saldo negativo de 459 empregados teve contribuição principalmente da divisão construção de edifícios. No comércio, a participação sobre o total foi de 15,3%, 0,4 ponto percentual superior a 2015. O comércio varejista corresponde, dentro do segmento, a 78%. Todavia, houve um saldo negativo de 59 empregos, principalmente no comércio e reparação de veículos e motocicletas.
A rotatividade média mensal foi de 4,1%, com quase um ponto percentual de queda. O segmento de serviços correspondeu a 38,8% do total, um crescimento de quase 1 ponto percentual em relação a 2015. Os serviços de educação, saúde, transporte terrestre, administração pública e alimentação são os mais representativos (26,5% no total do município). Houve um saldo negativo de 228 empregos, principalmente em armazenamento e atividades auxiliares dos transportes, saúde e educação.
Por outro lado, a indústria de transformação foi responsável por 39% do contingente total de empregados, 0,5 ponto percentual a menos quando comparado a 2015. Dentro dela, os maiores empregadores foram da divisão de móveis (14,2% do total geral, uma queda de mais de 1 ponto percentual em relação a 2015), produtos alimentícios (4,3% do total geral, 0,4 ponto percentual superior a 2015) e produtos de borracha e plásticos (4% do total geral cada, 0,4 ponto percentual superior a 2015).
Bento fica em 5º no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal no Estado, mas educação piora
O índice Firjan de desenvolvimento municipal (IFDM) é realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e foi divulgado pela primeira vez em 2014 com o ano-base de 2005. Há doze anos, Bento Gonçalves apresentou um IFDM de 0.784, considerado de médio desenvolvimento. Apenas em 2007 avançou para 0,806 (alto), número que seguiu em progresso até 2011, quando retrocedeu de 0,868 (2010) para 0,858. A queda foi consecutiva em 2012, com 0,855, mas houve uma leve melhora em 2013 (último ano-base divulgado), fixando um índice de 0,861.
No IFDM de 2013, o resulta coloca Bento Gonçalves em 5º posição no Estado, e primeira entre os municípios acima de 100.000 habitantes. Nas quatro primeiras posições à frente de Bento, ficaram os municípios de Lajeado (0,881), Arroio do Meio (0,875), Westfalia (0,867) e Panambi (0,866).
A leitura do IFDM consiste em analisar o índice que varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento da localidade. Os três indicadores que são analisados são: emprego e renda; educação e saúde. O primeiro é baseado em: absorção da mão de obra local; geração de renda formal; salários médios do emprego formal e desigualdade, tendo como fonte o Ministério do Trabalho.
O segundo: matrículas na educação infantil; abandono no ensino fundamental; distorção idade-série no ensino fundamental; docentes com ensino superior no ensino fundamental; média de horas aula diárias no ensino fundamental; resultado do IDEB no ensino fundamental, tendo como fonte o Ministério da Educação. Já o último analisa, através do Ministério da Saúde, o número de consultas pré-natal; óbitos por causas mal definidas; óbitos infantis por causas evitáveis e internação sensível à atenção básica.
A nível nacional, o destaque ficou com a cidade mineira de Extrema, que conquistou a primeira colocação. A cidade saiu da 569ª lugar em 2005 para o topo da lista em 2013, impulsionada principalmente pelas conquistas nas áreas de Educação e Saúde. Em 2005, Bento Gonçalves ficou em 135º no ranking nacional e no 14º municipal.

Educação piorou em 2013
Em 2013, o índice de emprego e renda ficou em 0,8193; de saúde 0,9403 e de educação 0,8241. Apesar do crescimento do IFDM, o índice de educação caiu em Bento. Se em 2012, o indicador que vinha crescendo progressivamente estava em 0,8337, no ano seguinte ele foi para 0,8241. Apenas em 2010 a educação entrou no patamar de alto desenvolvimento.
Por outro lado, saúde sempre teve índice acima de 0,8, atingindo o ponto máximo em 2010 (0,946), caindo para 0,928 em 2011 e voltando a se recuperar em 2013 (0,940). Porém, um indicador que pode mudar o cenário do IFDM de Bento nos próximos levantamentos é o de emprego e renda, pois sabe-se que houve saldo maior negativo de empregos entre 2014 e 2016 (divulgados nesta reportagem).
Este indicador é o que mais oscila e melhora o município de médio desenvolvimento (0,700),em 2005, para alto em 2009 (0,818), atingindo o maior patamar em 2010 (0,856), caindo em 2012 para 0,798, até voltar ao patamar alto em 2013, com 0,819.

Diferença entre o IFDM e o IFGF
O Índice Firjan Gestão Fiscal (IFGF) é uma ferramenta de controle que aprimora a gestão dos municípios do país, divulgando para a sociedade como os tributos pagos são administrados pelas prefeituras, diferente do IFDM, que utiliza dados de ministérios para analisar o desenvolvimento da saúde, educação e economia (emprego e renda).
O IFGF é formulado a partir dos resultados fiscais das próprias prefeituras, que devem encaminhar anualmente suas contas para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), além de terem que disponibilizá-las ao público por 60 dias, através do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). Esta ferramenta consolida informações contábeis, financeiras e estatísticas fiscais oriundas de 5.568 Municípios, por isso foi utilizado como referência para o cálculo do IFGF .
O IFGF é composto por cinco indicadores: Receita Própria, Gastos com Pessoal, Investimentos, Liquidez e Custo da Dívida. Os quatro primeiros possuem peso 22,5% e o último 10,0% no resultado final do Índice (porque para muitos municípios, o endividamento de longo prazo não é utilizado como forma de financiamento). O ano passado (2016) é o ano base do último estudo, finalizado em julho e publicado no início de agosto.

IFGF de Bento foi considerado como gestão em dificuldade
Nesta última análise divulgada do IFGF, Bento Gonçalves figurou entre os piores índices de gestão pública, se assemelhando aos mais pobres municípios do país, que é ainda a grande maioria – 57,5% . O índice C recebido por Beno Gonçalves, é o reflexo, em números, da crise de gestão fiscal que o município enfrenta. Neste estudo divulgado no início deste mês, avaliando o ano fiscal de 2016, classifica a cidade no conceito C, que significa “gestão em dificuldades”. Com um índice de 0,4977 em 2016, no ranking geral, com mais de 4 mil cidades avaliadas, Bento ficou na 1.837ª posição nacional e 308ª estadual. O resultado expõe o pior índice dos últimos 10 anos.

IFDM-cinco primeiros no RS em 2013
IFDM analisado nos municípios que ficaram nos cinco primeiros lugares no Estado, com análise de número de habitantes e rposição nacional.
Lajeado (0,881) – 13º – Nacional
Número de habitantes (2017) 79.819)
Arroio do Meio (0,875) – 19º- Nacional
Número de habitantes (2017) 20.272
Westfalia (0,867) – 31º- Nacional
Número de habitantes (2017) 2.977
Panambi (0,866) – 33º-Nacional
Número de habitantes (2017) 41.781
Bento Gonçalves (0,861) – 50º-Nacional
Número de habitantes (2017) -115.069