Casos de sífilis aumentam em Bento Gonçalves

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Os casos de sífilis, uma das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), têm crescido gradualmente no Brasil. Dados do Ministério da Saúde indicam que de 2010 a 2015 houve um aumento de mais de 5.000% de pessoas infectadas no país. Em Bento Gonçalves, a situação não é diferente. Segundo a Vigilância Epidemiológica municipal, a partir de 2014 o número aumentou de 31 para 114 casos, resultando num crescimento de 268% em relação a 2013. Em 2015 o aumento foi de 101% de casos e em 2016, 14%. Até 31 de maio de 2017, já foram notificadas 99 pessoas infectadas pela bactéria.
A incidência média da sífilis no município que era de 16,6 casos para cada 100.000 habitantes na primeira década do século passou para 92,1 casos por 100.000 entre 2010 e 2016, o que resultou um crescimento de 456%. A doença é monitorada na cidade desde 1999. A notificação da sífilis passou a ser obrigatória no Brasil apenas em 2010.

Sífilis é mais diagnosticada entre as mulheres e jovens
Em Bento Gonçalves, o diagnóstico da sífilis foi maior entre as mulheres. Elas representam 57,5% do total de casos novos, 35% a mais que os homens. Em 2016, por exemplo, o município registrou 148 mulheres e 113 homens com a doença. Um dos fatores, segundo a Vigilância, é de que as mulheres consultam os serviços de saúde com maior frequência do que os homens, sendo, portanto, mais diagnosticadas. Ou seja, a infecção pode não ocorrer mais em mulheres, mas ser mais diagnosticada no grupo.
A maioria dos casos de sífilis incide na faixa etária de jovens entre 20 e 29 anos (33,9%) e adultos de 30 a 39 anos (26,2%). Os adolescentes correspondem a 9% dos casos. O número de adolescentes infectados passou de 13 entre 2000 e 2009, para 66 de 2010 a 2016, uma taxa de 408% a mais. Na terceira idade, este aumento foi de 560%.
Prevenção, diagnóstico e tratamento
A sífilis é uma doença que surgiu na Idade Média causada pela bactéria Treponema Pallidum. Ela pode ser transmitida através de contato sanguíneo, mãe para filho e sexualmente. A sífilis pode começar como uma pequena ferida nos órgãos sexuais e com ínguas nas virilhas. As feridas são indolores e não apresentam pus. A ferida desaparece após um tempo sem deixar cicatriz, deixando o infectado a falsa impressão de estar curado.
Existem três estágios da doença: na primeira fase, os sintomas ficam mais evidentes e há maior risco de transmissão; no segundo estágio, a bactéria fica latente no organismo e no terceiro, a doença volta mais agressiva, podendo causar cegueira, paralisia, doenças cardíacas, transtornos mentais e, em alguns casos, óbito.
Para as gestantes, é recomendável que busquem um obstetra para realizar o pré-natal e fazer todos os exames que possam diagnosticar a doença. O diagnóstico pode ser feito com amostras de sangue ou urina e exame físico completo. Caso haja uma ferida, o médico tira uma amostra para analisar. É fundamental que os homens façam exames de rotina para o diagnóstico.Desde 2014, o Ministério da Saúde implantou os testes rápidos para o diagnóstico ambulatorial (nas Unidades Básicas de Saúde).
A sífilis primária e secundária são tratadas com injeção de penicilina, um dos antibióticos mais utilizados para a doença. Quando o paciente é alérgico à penicilina, o tratamento é feito com um antibiótico oral diferente, como doxiciclina, azitromicina ou ceftriaxona. A neurosífilis é tratada com doses diárias de penicilina por via intravenosa, o que pode exigir internação hospital.
É importante incentivar ações de conscientização para a prevenção das DSTs. Educação sexual nas escolas e campanhas com a distribuição gratuita de preservativos são formas do governo informar a população dos riscos de manter relações sexuais sem proteção.