Caso Rafael: incrédula, comunidade faz homenagem ao menino de 11 anos assassinado pela mãe

2015-04-10_190211

O pai do menino, Rodrigo Winques, é agricultor e mora em Bento Gonçalves

Uma cidade incrédula. Assim está a pequena Planalto, de 10 mil habitantes, no Norte do Estado, desde que descobriu que o menino Rafael Mateus Winques, desaparecido há 10 dias, havia sido morto e que a mãe, Alexandra Dougokenski, 33 anos, confessou o crime. Na tarde de segunda-feira (25), ela confessou à Polícia Civil participação no assassinato e alegou uso exagerado de medicamentos na criança. Ainda na manhã desta terça-feira (26), o Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou que Rafael morreu estrangulado.
– Hoje não conseguimos fazer nada, parece que a vida não andou. É como se a gente tivesse parado no tempo tentando entender o que está acontecendo. Tenho vontade de seguir procurando por ele – afirma a professora Edi Polesso Marmentini, que conhecia a mãe do menino.
No final da tarde, a cidade ainda permanecia em silêncio. Uma faixa preta e um cartaz foram fixados em frente ao Instituto Estadual de Educação Padre Vitório, onde o menino cursava o 6º ano. Diretora da escola, Maria Cristina Rossi afirma que a turma de Rafael está consternada. Os coleguinhas não tiveram coragem de se despedir do amigo. Após 10 dias de buscas pelo paradeiro do garoto, ela se diz exausta com a revelação do crime:
– A gente sabia que tinha algo por trás do sumiço dele, mas não achávamos que a mãe estava envolvida. É algo inaceitável. Alunos e professores não tiveram condição de ir no velório de tão abatidos.
Pelas redes sociais, uma manifestação foi organizada assim que a notícia da morte de Rafael foi confirmada, no começo da noite de segunda-feira (25). Por volta das 17h desta terça-feira, as poucas pessoas que se reuniram em frente à Igreja Matriz falavam baixo e pareciam não entender o que se passava. Planalto está tentando digerir a morte de Rafael.
Centenas de carros com balões brancos e faixas pretas saíram rumo à Avenida Duque de Caxias, principal via da cidade, indo até a Delegacia de Polícia. Por meia hora, a carreata seguiu sem buzinas.
A um quilômetro dali, a casa onde o corpo do menino foi encontrado está isolada pela polícia.
Na cidade, a principal dúvida da população é a mesma que ainda intriga a polícia: a confissão da mãe.
– Era uma mulher normal, levava-o na escola. Não parecia uma pessoa má – afirma a professora Edi.

Morador de Bento, Winques foi para Planalto procurar o filho

Winques trabalha no cultivo de parreiras e mora em Bento Gonçalves desde 2017. No dia seguinte ao que a ex-esposa, Alexandra Dougokenski, registrou ocorrência na polícia do sumiço de Rafael, ele foi para Planalto e passou a procurar pelo filho. O sepultamento de Rafael aconteceu na terça, no Cemitério Municipal daquela cidade.
Rodrigo foi informado na sexta de manhã, o padrasto ligou para ele do telefone do Rafael, que ele chama carinhosamente de nenê. Ele estava trabalhando, mas como era o número do filho atendeu:
“Oi, filho, o que foi?” Ele (padrasto) disse: “O teu filho não está aí contigo? Se não está, ele sumiu”. Fui para um lado para pegar mais antena, mas o telefone (ligação) caiu e não consegui mais falar. No sábado, paguei um carro e fui para Planalto.
Lá, primeiro foi ao conselho tutelar. Depois na delegacia. Após sair do local foi com ela Alexandra.
” Estava tomando chimarrão. Muito fria. Ela contou que sumiu o piá. Eu falei: Mas como sumiu de dentro de casa? O piá não ia a lugar nenhum.
Nos lugares que fui só diziam que me conheciam, ele não. Perguntei se tinham visto carros estranhos, diziam que não.”
Na segunda de noite me avisaram que o Rafael tinha sido encontrado. Ele foi para o local onde já havia um
tumulto. O menino foi encontrado morto dentro de uma caixa de papelão, enrolado em panos , na casa vizinha de onde o menino morava com a mãe, o irmão e o padrasto.