Casar pode não fazer bem à saúde

2015-04-10_190211

Juntar os trapos, ou melhor, casar, pode não fazer bem à saúde, conforme indica um estudo no qual 11 mil suíços foram acompanhados por 16 anos. Publicado na última edição da revista Social Forces, e realizado pela Universidade de Oxford, o estudo fazia os voluntários responderem a uma série de perguntas sobre saúde e incidência de doenças a cada ano.
A união estável, para a maioria dos voluntários, não reduziu a ocorrência de doenças. Ao contrário, eles tinham saúde mais frágil ao se casar em comparação a quando eram solteiros, mesmo após serem levados em conta os efeitos do envelhecimento.
A pesquisa incita que casar diz mais a uma satisfação pessoal (“desejo me casar com meu amor e isso me faz feliz”) do que à saúde. Por exemplo, os voluntários divorciados afirmaram terem menos satisfação pessoal em relação a quando eram casados.
“Acreditamos que o casamento é primeiramente ligado a uma avaliação mais positiva da vida do que de fato a uma saúde melhor”, defendem os cientistas, liderados pelo holandês Matthijs Kalmijn, professor da Universidade de Princeton e especialista em sociologia familiar e demografia social.

Pesquisas anteriores diziam o contrário
Outras pesquisas apresentaram exatamente o contrário, de que o casamento ajudaria a viver mais, protegeria o coração, evitaria o consumo de bebida alcoólica e cigarro, reduziria as chances de depressão e ainda fortaleceria os laços afetivos.

Amizade com o ex pode indicar psicopatia
O fim de um relacionamento pode ser dolorido, afinal, compartilha-se com uma pessoa momentos importantes da vida, além das expectativas depositadas na relação. Após um término, ou se exclui o (a) ex definitivamente da vida, ou se mantém com ele (ela) uma amizade.
Uma pesquisa da Universidade de Oakland, nos Estados Unidos, apontou que esse segundo grupo contém traços de psicopatia e narcisismo. Com 861 participantes, o trabalho questionou motivações que levavam alguém a manter uma amizade com o ex. Na sequência, foi usado um outro questionário para determinar traços de personalidade considerados negativos, como narcisismo, psicopatia e maquiavelismo.
Essas características foram apontadas em outros trabalhos como indicativas de pessoas que escolhem seus amigos de forma estratégica e que preterem relações longas. Nessa fase, os voluntários citavam cinco motivos para manter a amizade com o ex. A partir disso, apontavam se cada um dos motivos já havia sido notado em amizades após o fim de outros relacionamentos, em momentos distintos da vida. Os principais pontos descritos indicavam que o ex era alguém confiável e que o relacionamento tinha sido muito bom.
Os pesquisadores concluíram que pessoas com traços de amizades mais suspeitos aliavam a relação amigável por causa de recaídas sexuais, interesse financeiro, oportunidades de vida e de afetos casuais. Esse fato mostra que essas pessoas mantêm os vínculos por conhecerem o ex-parceiro bem e saberem como manipular o outro mais facilmente.
Ou seja, usar a outra pessoa para alimentar seus próprios interesses e gerar manipulação pode ser considerado um ato egocêntrico de um potencial psicopata, aponta a pesquisa.

A História do casamento
Até pouco tempo atrás, o casamento era um ato de acordos políticos ou financeiros, e pouco tinha a ver com o amor. É uma das tradições humanas mais antigas e disseminadas pelo mundo, entretanto tem a imagem ligada à Igreja Católica. Atualmente, o enlace é visto como uma ação, contrato, formalidade ou cerimônia que deve ser realizado para estabelecer uma união conjugal, em que os envolvidos têm como propósito a vida em conjunto.
As primeiras formas de casamento eram vistas como ferramentas de manutenção de relacionamentos entre grupos sociais. As sociedades tribais anglo-saxãs, por exemplo, viam no casamento uma forma de estabelecer alianças e conquistar aliados, constituindo relações diplomáticas e laços econômicos. Até o século XI, os casamentos eram arranjados pelas famílias dos noivos, que buscavam conseguir perpetuar alianças ou a manutenção do poder econômico familiar ao promoverem casamentos entre famílias com posses maiores.
O consentimento só passou a fazer parte da tradição a partir de 1140 com o Decreto de Graciano, uma obra extensa que trata sobre o direito canônico, estabelecendo regras de conduta e normatizando costumes da Igreja Católica. O consentimento, ou a manifestação voluntária em relação à vontade de unir-se em matrimônio, passou a ser, a partir do século XII, condição para que o casamento fosse realizado.
Reis, príncipes, rainhas, princesas e demais membros da nobreza sujeitavam-se a casamentos com o único interesse de firmar tratados e assegurar a estabilidade econômica de uma região. O caráter irrevogável que a união matrimonial possuía tinha sentido de estabilidade nas relações entre os grupos de interesse. Obviamente, os casamentos entre pessoas “normais” ainda aconteciam de acordo com as estipulações sociais e religiosas.
A partir de 1670 a indissolubilidade do casamento passou a ser contestada. Decisões parlamentares promoviam a quebra de relações matrimoniais para casos e pessoas específicas, o que se tornou a premissa do divórcio. A partir de 1836, na Europa, o casamento deixou de ser um ato exclusivamente religioso, passando a ser possível a união civil, e não religiosa, ou, ainda, que pessoas não católicas ou de outras religiões se casassem de acordo com seus próprios preceitos.
Divórcio famoso
Entretanto um famoso divórcio foi capaz de criar uma nova Igreja. O Rei Henrique VIII, da Inglaterra, era casado com Catharina de Aragão, viúva de seu irmão. Ficaram casados por mais de vinte anos, até que o monarca se apaixonou por Ana Bolena, que exigiu que só levaria o romance adiante se ele se casasse com ela. Henrique então começou uma busca pelo divórcio, mas a Igreja Católica não permitia o desenlace. O rei, que é conhecido por ter tido seis esposas, e ter mandado executar duas (inclusive Ana Bolena), então criou uma nova Igreja, a Anglicana, e casou-se com Ana Bolena. Há relatos de que na verdade a criação da Igreja Anglicana não tem só a ver com a paixão de Henrique, mas esta versão foi a que ficou mais famosa.

Casa casamenteira
Uma família que entendia como ninguém o que era contrato de casamento era a Habsburgo, da monarquia da Áustria. Foi de lá, aliás, que saiu a primeira imperatriz brasileira, Maria Leopoldina. Para evitar guerras ou remanejar os mapas europeus e mundiais, a família propunha casamentos, que eram baseados em negócios. Maria Antonieta, a rainha guilhotinada da França, por exemplo, casou-se com Luís XVI por procuração, vindo a conhecer o noivo apenas depois. Outra princesa da casa que foi entregue a uma cabeça coroada, foi Maria Luísa, a irmã mais velha de nossa imperatriz. Maria Luísa foi a segunda esposa de Napoleão Bonaparte, e dizem as más línguas que o imperador só o fez para poupar a Áustria de uma invasão.
Já Leopoldina, casou-se também por procuração com Dom Pedro I. Seu casamento foi em Viena. O português Marquês de Marialva foi o responsável por assinar em nome de Pedro, então príncipe do reino de Portugal.
O Brasil registrou, em 2015, 1.137.321 casamentos civis, 2,8% a mais que em 2014, apontou o último levantamento Estatísticas do Registro Civil, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Também foi constatado que, em 2015, houve declínio no número de divórcios concedidos em 1ª instância ou por escrituras extrajudiciais, tendo sido registrados 328.960, contra 341.181 em 2014, ou seja, 12.221 divórcios a menos. Dos dados, considerando os casamentos entre sexos diferentes, as uniões entre cônjuges solteiros ficaram em primeiro lugar, com 76,0% do total das uniões legais. Em segundo, com 9,6%, estavam os casamentos entre mulher solteira e homem divorciado, seguidos pelos casais formados por mulheres divorciadas com os homens solteiros, 6,4%.
O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo mostrou que a maior proporção também se dá entre solteiros, com 86,7% entre os homens e 77,7% entre mulheres. De acordo com o levantamento, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio é de 15 anos. Em média, o homem se divorcia com 43 anos e a mulher com 40.