Câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil e em todo o mundo

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O mês de outubro, carregado pelo adjetivo “rosa”, é marcado por ações de prevenção do câncer de mama há pelo menos quinze anos no Brasil. Esse é o tipo mais comum de câncer nas mulheres, tanto a nível nacional quanto internacional. Somente em 2016, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram registrados 57.960 novos casos. Com incidência maior em mulheres, 1% dos casos acontece em homens, segundo o Instituto.
Apesar deste ser o mês que marca o combate ao câncer de mama, as mulheres devem ficar atentas aos sintomas também nos demais. Para Salete Detoni, por exemplo, o diagnóstico veio em maio de 2006, a partir de um autoexame em casa. Ela então passou por cirurgia de quadrante, quimioterapia e radioterapia.
Dois anos depois, em 2008, veio a segunda etapa e ela passou por mastectomia radical, esvaziamento de axila, quimioterapia e radio. A batalha de Salete não terminou por aí. Em 2016, uma década depois do primeiro diagnóstico, descobriu ter metástases ósseas, hepáticas e pulmonares. Teve que retornar às sessões de quimioterapia, as quais segue até hoje. “Minha luta contra o câncer tem sido diária e permanente e tenho tido melhoras com o meu tratamento”, diz. Apesar de todas as dificuldades, Salete se considera feliz e pensa com otimismo. “Sou feliz todos os dias pois acredito que devemos ser gratos com todas as chances que temos de tratamento. Quando olho para trás nos onze anos que passo por isso só posso sorrir e pensar: nossa eu ganhei mais tempo de vida!”, recorda.
Ela aconselha as mulheres a prestarem atenção em si e a fazerem consultas médicas ou exames necessários, além do autoexame de mamas. “Aos pacientes ou às pacientes de câncer que não se sintam infelizes, nem revoltadas com todos os efeitos colaterais. Que sejam gratas por estarem se tratando e estarem vivas, que se sintam sempre lindas, sempre úteis, e principalmente sempre vivas”, recomenda.
Salete tem uma página no Facebook em que relata a sua vida com o câncer, chamada de “Minha nada mole mas super vida com câncer”. Na rede, ela relata seu dia-a-dia para mais de 700 seguidores, com bom humor e frases impactantes.

Câncer seguido de depressão
Carmen Cavalli descobriu o câncer em 2010. No início, eram cistos benignos na mama que depois calcificaram. A ginecologista a encaminhou para mastologia. Ela passou a fazer exames de ecografia e mamografia de seis em seis meses. “Um tempo depois apareceu um nódulo somente na ecografia, mas na mamografia não aparecia, então a médica dizia para que eu não me preocupasse pois não era nada. Até que um dia no exame de ecografia a profissional que estava realizando desconfiou e solicitou biópsia. Para a minha surpresa, o nódulo já estava medindo 3×2cm”, relembra.
Ela recebeu a notícia incrédula. “A princípio parece que o mundo acaba pra ti, a morte aparece de repente na tua frente, noites e mais noites sem dormir. Até que me convenci que precisava de um remedinho pra me acalmar”, conta. A empresária trocou de médica e a nova profissional achou o nódulo grande, portanto optou por fazer o tratamento de quimioterapia antes da cirurgia para não retirar muito tecido da mama. Mesmo assim, Carmen fez mastectomia, a retirada total da mama.
“Quando comecei o tratamento, me acalmei, os profissionais da clínica me ajudaram muito, aliados à energia positiva e orações que vinham de amigos e familiares. Foi o que me deu força pra seguir e enfrentar a doença”, relata.
Ela fez oito sessões de quimioterapia e depois a cirurgia. Por ter convênio médico, pôde fazer a reconstrução da mama na mesma oportunidade. Depois de um período de 45 dias, quando já estava bem cicatrizada, começou o tratamento de radioterapias, com 35 sessões.
“Quando estava acabando o tratamento comecei a me sentir estranha, cansada, sem estímulo e até perdi o apetite. Falei isso pra mastologista e ela na hora disse que eu estava com depressão e me receitou um remédio pra isso, mas não deu resultado, aliás piorou a situação”, pontua. Carmen teve que procurar um psiquiatra e um psicólogo porque o que sentia “era tão forte, parecia que eu estava enlouquecendo, não raciocinava mais, não tinha certeza de mais nada, essa foi a pior parte”, lamenta. Foram três meses de angústia até que o medicamento fizesse efeito.
Hoje, seis anos depois, ela continua em tratamento com bloqueador de hormônios, remédio muito forte com várias contra-indicações, sendo a mais comum as dores nas articulações, que conseguem amenizar com hidroginástica.

Câncer de mama
O câncer de mama é uma alteração na mensagem genética das células da mama que passam a crescer indefinitivamente e invadir outros tecidos. É o tipo de câncer que mais acomete as mulheres, mas, se diagnosticado e tratado precocemente, as chances de cura são bem elevadas, podendo chegar a 100%.
Ainda não se sabe qual é a causa da doença; por isso, a principal estratégia de tratamento visa à sua erradicação cirúrgica na fase inicial do desenvolvimento. Os grupos de riscos são: acima de 40 anos, gravidez tardia, primeira menstruação precoce, menopausa tardia, antecedente pessoal de câncer, antecedentes familiares de primeiro e segundo graus (avó, mãe, tia irmã e filha) de câncer de mama, dentre outros.
O melhor método para se diagnosticar precocemente o câncer de mama é o exame mamográfico. Por meio dele, a doença pode ser identificada antes mesmo de se tornar um nódulo. Os sintomas de alerta são: saliências que ocorrem nas mamas ou axilas, alterações do tamanho e formato das mamas, retrações na pele e no complexo aréolo-mamilar (bico do deio) e secreções papilares espontâneas.

Quais os tipos de cirurgias existentes?
– Mastectomia simples: consiste na retirada total da mama;
– Mastectomia radical: consiste na retirada total da mama junto com os linfonodos (gânglios) da axila;
– Setorectomia: consiste na retirada do tumor, com margem livre ao redor do mesmo, com ou sem a retirada dos linfonodos da axila;
– Outras técnicas cirúrgicas podem ser necessárias em função das especificidades de cada caso.

Outubro Rosa
O laço cor de rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, na década de 1990 e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova Iorque. Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi nos Estados Unidos, começaram efetivamente a comemorar e fomentar ações voltadas a prevenção do câncer de mama, denominando como Outubro Rosa.
A primeira iniciativa vista no Brasil em relação ao Outubro Rosa, foi a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera), situado em São Paulo, no dia 02 de outubro de 2002.