Bento não adere à greve dos Correios

2015-04-10_190211
Correios de várias cidades do país estão em greve, inclusive em Caxias do Sul

Já Caxias do Sul tem 75% dos trabalhadores que aderiram à paralisação

Os Correios começaram uma greve na terça-feira (19), que atinge 20 estados, inclusive Rio Grande do Sul, e o Distrito Federal, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Porém, de acordo com o diretor da subsede de Caxias do Sul do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul, Ricardo Paim, Bento Gonçalves não vai aderir à paralisação.
“Estamos concentrados em Caxias do Sul, onde a adesão é de 75% dos trabalhadores. A agência de Bento não quis aderir”, pontuou Paim. “Na quinta-feira (21), as entregas foram afetadas, mas pretendemos fazer um ato para paralisar os serviços nas agências em greve, nesta sexta-feira (22)”. O diretor acrescentou que a “categoria está bem apreensiva e temorosa, por causa dos cortes”.
O descontentamento da classe se baseia no fechamento de agências no Brasil, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para aqueles que já estão com férias vencidas.

Correios está na lista de estatais que podem ser privatizadas
Os Correios entraram para a lista de estatais que o governo pretende privatizar, tais como a Eletrobrás, Infraero e a Casa da Moeda. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, já declarou que a venda dos Correios está em estudo. “É o mesmo caso da Casa da Moeda, que produzia mais de 3 milhões de cédulas por ano e agora está (produzindo) 1 milhão e pouco. As pessoas não usam mais moeda”, justificou.
“A situação financeira dos Correios, pelas informações que o (Ministério do) Planejamento tem e nos passa, é muito difícil. Até porque, do ponto de vista tecnológico, há quanto tempo você não manda telegrama? As pessoas perderam o hábito do uso da carta”, alegou.

Sindicato não quer privatização
O Sindicato já se demonstrou contrário à privatização é publicou na página do Sintect-RS um estudo apresentado pelo pesquisador da Universidade de São Paulo, Igor Venceslau Freitas, que tenta comprar que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) “não dá prejuízos ao país como tenta provar o governo federal”.
Nos últimos dois anos, por exemplo, a ECT teria acumulado dívidas da ordem de R$ 4 bi por conta da diminuição das remessas de mensagens postais, seu principal negócio. A causa seria a popularização internet. Mas para Igor Freitas, “tudo não passa de falácias”. Ele comenta que com o surgimento da Internet o número de postagens aumentou devido ao comércio eletrônico, o que teria elevado a receita da ECT.
“Em 2001, os Correios transportaram cerca de 3 bilhões de objetos postais, hoje movimentam 8,3 bi por ano. Uma carta simples custa, hoje, cerca de R$ 5 por envio, enquanto um objeto de pequeno volume, via PAC ou Sedex, sai em média R$ 30. Isso mostra que não há prejuízos. Portanto, se existem erros esses são provocados pela má administração”, disse o pesquisador.
Freitas rebateu a necessidade de privatização. “Países como a Argentina e o Reino Unido venderam ‘os Correios’ para iniciativa privada e já começaram o processo de reestatização. EUA e China, que permitem empresas privadas neste nicho de mercado, mantém o controle estatal do setor porque conhecem os prejuízos sociais da privatização: empresas escolhem onde atuar desassistindo localidades com menor potencial financeiro. No Brasil, os Correios cumprem função de integração nacional já que cobrem todo o território, inclusive localidades mais pobres. Privatizar a empresa é desassistir a população mais pobre. O problema financeiro dos Correios é administrativo”, defendeu.