Bento Gonçalves tem pouca adesão de produtores orgânicos

2015-04-10_190211
Uma das feiras acontece na Cidade Alta

23 produtores são certificados junto à Rede Ecovida, e quatro empresas pela Rede Ecocert

São Paulo tem 1.592 produtores orgânicos, de acordo com o Balanço do Programa São Paulo Orgânico. Em relação à capital paulista, Bento Gonçalves tem uma adesão muito baixa.
Segundo o produtor agrícola Gilmar Cantelli, são apenas 23 produtores agrícolas cadastrados através da Rede Ecovida, uma rede sem fins lucrativos que fiscaliza a implantação de novos agricultores orgânicos. Ainda, há a rede privada Ecosert, que possui 4 cadastros jurídicos de empresas produtoras orgânicas, que produzem na sua maioria uva e produtos derivados da fruta. Mesmo assim, o número é muito distante dos 1.592.
A Ecovida se apresenta como um trabalho de organizações não governamentais (ONGs) e de organizações de agricultores no Sul do Brasil.
“O trabalho desenvolvido pela rede Ecovida é novo e já tem despertado grande curiosidade no nível nacional e mundial. Isso ocorre pois a rede é a iniciativa mais expressiva em agroecologia no Sul do Brasil, apresenta este caráter inovador através da participação de consumidores, agricultores e técnicos e tem conseguido propor metodologias novas de organização e principalmente de certificação, que é realizada de forma participativa, gerando mais credibilidade e diminuindo custos”, divulga a apresentação da rede social da empresa.
Pertencente ao Núcleo Serra, da Regional Sul, Cantelli comenta que o consumo de produtos orgânicos aumenta em três ocasiões. “Percebe-se o aumento com três fatores. O primeiro, o nascimento das crianças. Quando as mulheres se tornam mães buscam mais qualidade de alimentação para seus filhos. O segundo, é quando o médico indica para a saúde. O terceiro, é pela procura de informação, aquela pessoa que sabe os pós de consumir orgânicos”, explica. A vantagem do produto orgânico é o cultivo sem o uso de agrotóxicos e sem fertilizantes químicos.
Na cidade, são realizadas duas feiras orgânicas por semana, uma nas tardes de terça-feira, na Praça Centenário, no Centro, e outra nas tardes de sexta-feira, na Rua Fernandes Vieira, na Cidade Alta.
Para Cantelli, a feira das sextas poderia ocorrer em uma região mais central. Segundo ele, para se tornar um produtor agrícola deve-se cumprir as regras da legislação impostas pelo Ministério da Agricultura. Outro requisito é se associar a um grupo. Depois de um ano de carência, pode comercializar os produtos com o selo orgânico. Para frutas perenes, o prazo de carência é de 18 meses.
A produção, de acordo com Cantelli, é de 20% mais cara em média que a convencional. Além disso, a matrícula do terreno deve ter somente o registro de produtos agrícolas, ou seja, não é permitido dividir a plantação em uma mesma área de uva convencional e a orgânica, por exemplo.

Como se regularizar junto ao Ministério da
Agricultura
No Brasil, o primeiro passo é obter certificação por um Organismo da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciado junto ao Ministério da Agricultura ou se organizarm em grupo e se cadastrar.
Quando há o cadastro da venda direta sem certificação, não se pode vender para terceiros, só na feira (ou direto ao consumidor) e para as compras do governo (merenda e CONAB). Já, quando ele é certificado, além de feiras, as vendas se estendem para supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias, internet etc.
Na feira, o produtor sem certificação deve apresentar um documento chamado Declaração de Cadastro, que demonstra que que ele faz parte de um grupo que se responsabiliza por ele (no caso de Bento, a Ecovida).
Os produtos comercializados mercados, supermercados, lojas, devem estampar o selo federal do SisOrg em seus rótulos. Para ser orgânico, as mudas e sementes (inclusive de hortaliças e verduras) deverão ser de origem orgânica.