Bento Gonçalves está entre as cidades com recomendação do Ministério da Saúde para vacina

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Apesar de figurar na lista, coordenador da Vigilância Epidemiológica destaca que não há casos no município

O Ministério da Saúde já confirmou 81 óbitos no Brasil em decorrência da Febre Amarela, entre julho de 2017 e 30 de janeiro deste ano. No total, foram computados 213 casos, sendo a maioria na região Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). Por conta do surto, a pasta divulgou uma lista com municípios brasileiros com recomendação da vacina e Bento Gonçalves se encontra nela.
No entanto, o coordenador da Vigilância Epidemiológica, o enfermeiro José da Rosa, afirma que não há motivos para pânico. “O Ministério da Saúde acrescentou Bento desde 2009, porque houve alguns casos no Estado e todos os municípios, exceto os que ficam no litoral, foram colocados na área de risco”, explica.
Segundo Rosa, o Rio Grande do Sul não registra casos da Febre Amarela silvestre em humanos há nove anos e nem casos em macacos. “Diferente de outras regiões do país, em áreas urbanas a circulação não ocorre desde 1942”, acrescenta. “Até o momento, também não há casos confirmados de dengue, febre chikungunya e zika vírus no Estado. Ao longo de 2017, foram investigados 42 casos suspeitos, todos com resultado negativo para a doença”, pontua o enfermeiro.

Doses em Bento
O Secretário da Saúde, Diogo Siqueira, afirmou para a Gazeta em janeiro, que Bento Gonçalves disponibiliza 800 doses da vacina, sendo que 600 doses foram distribuídas nas unidades básicas de saúde, e 200 ficaram na unidade central, que segundo ele, é para ter uma segurança caso aconteça alguma eventualidade. Ele garantiu que tem doses necessárias para vacinar a população.

Dose única
Rosa replica a recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam apenas uma dose da vacina contra a Febre Amarela. “A dose de reforço a cada dez anos não é mais recomendada, pois a vacina passou a ter dose única, com proteção para toda a vida”, ressalta. Para quem vai viajar em locais que exigem a vacinação, o enfermeiro avisa que a dose deve ser tomada pelo menos dez dias antes.

Contraindicação da Vacina
Para prevenir complicações da vacina, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas que apresentem qualquer uma das condições listadas não sejam vacinadas como rotina: crianças menores de nove meses de idade; gestantes em qualquer período da gravidez e mulheres amamentando crianças menores de seis meses (a recomendação é delas serem vacinadas se residirem em regiões onde exista a circulação comprovada do vírus da febre amarela.
As mulheres que estão amamentando devem suspender a amamentação por 10 dias após a vacinação); pessoas que já tiveram reação alérgica grave ao ovo; pessoas que apresentaram reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após dose prévia da vacina; pessoas com imunossupressão secundária à doença ou a terapias imunossupressoras (quimioterapia, radioterapia, corticoides em doses elevadas); pessoas que vivem com HIV e que têm contagem de células CD4 menor que 200 células; pacientes em uso de medicações antimetabólicas ou medicamentos modificadores do curso da doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept, Belimumabe, Ustequinumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe); transplantados e pacientes com doença oncológica em quimioterapia; pacientes com história pregressa de doença do timo (miastenia gravis, timoma), lúpus, doença de Addison, artrite reumatóide, ou outras doenças autoimunes; pessoas com aplasia de medula e anemia aplástica.
O coordenador da Vigilância Epidemiológica alerta que pessoas com doenças hematológicas (síndrome mieloproliferativa crônica, síndrome linfoproliferativa, hemofilia, doença falciforme) devem ter a sua condição previamente avaliada. “Nos casos de doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a resolução completa do quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença”, destaca. “Em situações de epizootia ou epidemia no país, essas pessoas devem ser avaliadas por um profissional, antes de tomar a vacina, a fim de medir os riscos e benefícios da vacinação. A consulta médica sempre é indicada”, afirma Rosa.

Viagens e Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia
Quem for viajar para o sudeste precisa se vacinar contra a Febre Amarela. Além disso, existe um documento, chamado de Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia, que comprova a vacinação contra doenças definidas no Regulamento Sanitário Internacional. O certificado é necessário quando o destino exige e também se a área de escala e conexão exigi-lo.
O certificado não tem prazo de validade, ou seja, não é preciso renová-lo. As unidades da Anvisa emitem o CIVP. Há uma agência no Estado no Aeroporto Salgado Filho (fones 51-33714520 ou 33714849). Para as pessoas que necessitam viajar e cuja vacinação está contraindicada, é necessário apresentar um Atestado Médico de Isenção de Vacinação, escrito em inglês ou francês.

A febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. A doença ocorre nas Américas do Sul e Central, além de em alguns países da África e é transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Sua manifestação é idêntica em ambos os casos de transmissão, pois o vírus e a evolução clínica são os mesmos — a diferença está apenas nos transmissores. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus e do gênero Sabethes. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue). A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. O macaco não transmite a doença para os humanos, assim como uma pessoa não transmite a doença para outra. A transmissão se dá somente pelo mosquito. Os macacos ajudam a identificar as regiões onde estão acontecendo a circulação do vírus. Com estes dados, o governo distribui estrategicamente as vacinas no território nacional.

Países que exigem o certificado
Afghanistan, Albania, Algeria, Angola, Antigua e Barbuda, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bahamas, Bahrain, Bangladesh, Barbados, Belize, Benin, Bhutan, Bolivia, Botswana, Bonaire-Saba-Sint Eustatius, Brasil, Brunei, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Cambodia, Camarões, Chad, China, Christmas Island, Colombia, Congo, Corea, Costa Rica, Côte d’Ivoire, Cuba, Curaçao, Djibouti, Dominica, Ecuador, Egypt, El Salvador, Equatorial Guinea, Eritrea, Ethiopia, Fiji, French Guiana, French Polynesia, Gabon, Gambia, Ghana, Grenada, Guadeloupe, Guatemala, Guinea, Guinea-Bissau, Guyana, Haiti, Honduras, India, Indonesia, Iran, Iraq, Jamaica, Jordan, Kazakhstan, Kenya, Kiribati, Kyrgyzstan, Lao, Lesotho, Liberia, Libya, Madagascar, Malawi, Malaysia, Maldives, Mali, Malta, Martinique, Mauritania, Mauritius, Mayotte, Montserrat, Mozambique, Myanmar, Namibia, Nauru, Nepal, New Caledonia, Niger, Nigeria, Niue, Oman, Pakistan, Panama, Paraguay, Peru, Philippines, Pitcairn Islands, República Central Africana, Reunion, Rwanda, São Barthélemy, Santa Helena, São Kitts and Nevis, Santa Lucia, São Martin, São Vincente e Grenadines, Samoa, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seychelles, Sierra Leone, Singapore, Sint Maarten, Solomon Islands, Somalia, South Africa, South Sudan, Sri Lanka, Sudan, Suriname, Swaziland, Thailand, Timor Leste, Togo, Tristan da Cunha, Trinidad e Tobago, Uganda, Tanzania, Venezuela, Viet Nam, Wallis and Futuna, Zambia e Zimbabwe.