Bento é a cidade com maior taxa de mortalidade da Covid-19

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Num comparativo entre cidades no RS, do mesmo porte, o município lidera ranking de infecção, mortes e mortalidade por 100 mil/hab.

Apesar da desaceleração no número de casos e mortes por Covid-19, Bento Gonçalves segue liderando um ranking desolador nessa pandemia. Dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes, a cidade tem o maio número de mortes no estado do Rio Grande do Sul. Segundo os últimos números atualizados pela prefeitura, o município tinha, até ontem, 158 mortes confirmadas em decorrência do novo coronavírus.
Através de dados disponibilizados pelo Governo do Estado, num comparativo entre cidades de mesmo porte, Bento Gonçalves consta como município que possui mais mortes por 100 mil habitantes. A análise realizada pela reportagem do Jornal Gazeta, mostra ainda que a cidade também possui a maior incidência de contaminados, são mais de oito mil infectados, o que representa mais de 6% da população.

Números oficiais
A comparação foi realizada entre os municípios de Bento, Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha, Uruguaiana, Bagé e Erechim. (veja quadros comparativos 01 e 02)
No número total de óbitos por Covid-19, no Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves aparece na 13ª posição, num total de 497 município. Já no comparativo de mortalidade por 100 mil/habitantes, a cidade está 45º lugar. (veja quadros 03 e 04)

Justificativa
A secretária municipal de saúde de Bento Gonçalves, Tatiane Fiorio, confirmou que a prefeitura já solicitou levantamento sobre esses dados. “Nós observamos essa disparidade do munícipio em comparação com outras cidades e pedimos um levantamento com dados do Observatório Regional da Saúde”, comenta. A intenção é obter dados gerais, perfil dos pacientes, comorbidades e tratamentos utilizados nos casos. “Dessa forma queremos fazer um link e entender o porque Bento tem esses números mais elevados”, salienta Tatiane.
Apesar dos dados serem negativos, a secretária aponta que Bento Gonçalves foi um dos municípios que mais atuaram para combater a pandemia. “Uma das possíveis respostas aos números, pode ser a questão de que o nosso município tem feito um maior número de testagem desde o início da pandemia. Isso reflete no diagnóstico e mortes por essa doença”, acredita a secretária.

Sem comprovação
No entanto, não existem números que comprovem as informações repassadas pela secretária de saúde. A Prefeitura de Bento Gonçalves informou que segue compilando dados, os números oficiais do total de pessoas testadas no município, desde o início da pandemia, deverão ser divulgados somente na próxima semana.
Ainda segundo Tatiane, nesse mês de janeiro de 2021, observa-se uma certa estabilidade no número de infecções e hospitalizações, bem como, leve queda no número de óbitos por Covi-19.

Hospital recusa
responder
Já o Hospital Tacchini, também procurado para falar sobre os altos índices de mortes em Bento Gonçalves, se limitou a divulgar – o que repete desde o início da pandemia – que os números altos de infectados se dão por conta da política rigorosa de testagem da população e a chegada antecipada de testes, dessa forma foi possível rastrear mais casos do que outros municípios.
Por outro lado a assessoria de comunicação do hospital, ignora questionamento sobre o alto índice de óbitos no município e não responde o questionamento da Gazeta.

Falta transparência
Bento Gonçalves está na segunda etapa da primeira fase da sua campanha de imunização contra o coronavírus. Até o momento foram recebidas 3.300 doses dos imunizantes Coronavac/Butantan Sinovac (1.900) e Oxford/AstraZeneca (1.400). Tatiane Fiorio aponta que o número de vacinas não é suficiente, nem para aqueles designados como grupo prioritário pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), mas que o município tem feito tudo que pode para garantir a melhor distribuição possível e que todos possam ter acesso à vacina. “Por exemplo, os idosos institucionalizados, aqueles em lares de repouso, foram 100% vacinados”, comemora Tatiane.
Questionado sobre o número de pessoas que estão no grupo prioritário em Bento Gonçalves e qul a percentagem destes ( por setor) que já foram imunizados, a secretaria municipal de Saúde limiou-se a repetir dados genéricos já divulgados: que iniciou na quinta-feira (28), a aplicação das 1.400 da Oxford. Que destas, “foram destinadas 830 doses para profissionais do Hospital Tacchini e, as outras, serão(?) aplicadas nos demais profissionais de saúde do município”, sem especificar o número de profissionais de saúde que o município irá imunizar.
“Nesta etapa, que marca o início da segunda etapa da primeira fase de vacinação, serão priorizados profissionais de áreas hospitalares não COVID, ambulatórios, pronto atendimentos, totalidade da Atenção Primária à Saúde (APS) e CAPS, consultórios e laboratórios”, destacou a secretária.
“Estamos seguindo de forma rigorosa as orientações do Ministério da Saúde. Estamos utilizando listas nominais para ter um melhor, transparente e efetivo controle de quem está sendo vacinado”,sem divulgar a lista.
Quando reiterada a solicitação de dados referentes à quantidade de pessoas que, em sua totalidade, formavam o grupo prioritário de vacinação dessa primeira fase,a resposta veio através da assessoria de comunicação da prefeitura.
“Esse primeiro grupo dessa fase inicial é considerado amplo e, dentro dos critérios, estima-se um público total de quatro mil pessoas”, contradizendo a própria secratária de saúde que revelou que o município segue uma lista nominal para evitar os fura-filas