Avaliação de transgênicos deve considerar abelhas nativas

2015-04-10_190211

A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Carmen Pires, avalia que as abelhas nativas devem ser consideradas na avaliação de riscos de plantas transgênicas no Brasil. Ela admite que os estudos provam que os OGM (Organismos Geneticamente Modificados) não representam riscos, mas ressalta que os procedimentos de biossegurança adotados atualmente no País abrangem apenas a espécie europeia Apis melífera.
“Reitero que é importante estender essas avaliações para abelhas nativas, especialmente se considerarmos a riqueza da fauna brasileira”, defende a especialista, que irá apresentar essa sugestão durante a sua apresentação no Simpósio sobre Perda de Abelhas no Brasil, que acontece de 16 a 18 de outubro de 2017, em Teresina, PI.
De acordo com a Embrapa, no Brasil existem cerca de 1.700 espécies de abelhas que atuam na polinização de 89% da flora nativa. Carmen afirma ter participado de diversos estudos em todo o mundo mostrando que as plantas geneticamente modificadas não figuram como ameaças a esses polinizadores.
A pesquisadora lembra que existem 75 produtos transgênicos liberados para cultivo no Brasil: 44 são de milho, 15 de algodão, 13 de soja, um de cana de açúcar, um de feijão e um de eucalipto. A introdução de genes oriundos da bactéria Bacillus thruringiensis (Bt), por exemplo, é usada há mais de quatro décadas no controle biológico de insetos sem qualquer registro de danos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente.
“Hoje sabemos que cerca de 1.700 espécies de abelhas agem como polinizadores na flora nativa, mas não temos dados precisos em relação às áreas agrícolas”, destaca Carmen. Apenas 13 espécies de abelhas visitam os cultivos de soja, três os de milho e uma os de trigo. “Essa quantidade de espécies de abelhas é muito pequena e, com certeza, é o resultado dos pouquíssimos levantamentos realizados nessas culturas”, conclui.