Audiência Pública na Tecnovitis 2017 discute produção de uva

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Uma audiência pública, realizada na Feira de Tecnologia para Viticultura – Tecnovitis 2017, na Comunidade 8 da Graciema no Vale dos Vinhedos, permitiu que os participantes discutissem a valorização da qualidade da uva e estratégias de comercialização da safra. Promovida pela Frente de Defesa e Valorização da Produção Nacional de Uvas, Vinhos, Espumantes e Derivados (da Câmara Federal) e pela Frente Parlamentar da Fruticultura e Vitivinicultura do Rio Grande do Sul, o encontro reuniu mais de 100 pessoas.
Como motivação para o início da discussão, o pesquisador da área de sócio economia da Embrapa Uva e Vinho, José Fernando da Silva Protas, expôs a trajetória realizada pela vitivinicultura gaúcha nos últimos 25 anos. Segundo ele, o setor vitivinícola do Rio Grande do Sul se consolidou com base em uvas americanas e híbridas e vinhos a granel para outras regiões do Brasil, como commodity de baixo valor agregado. Porém, nos últimos dez anos houve uma grande mudança nesse segmento da cadeia produtiva, afirmou Protas. A sugestão do pesquisador é a implantação do Modervitis, programa que está alicerçado em três bases: formação de núcleos com contratualização entre produtores e vinícolas, assistência técnica aos integrantes e linha de crédito para o empreendedor e modernização da estrutura de produção. A partir de dados apresentados sobre a qualidade das principais variedades para produção de suco de uva e vinhos de mesa, o pesquisador acredita há grande espaço para avanços na qualidade da uva e que a valorização para o produtor deve ser objeto de maior atenção na relação produtor-indústria. “O fato é que produzir uma cultivar de uva com mais teor de açúcar é mais negócio para o produtor”, conclui Protas.
A discussão durante a Audiência foi pautada pela participação de lideranças setoriais e políticas, bem como de produtores, em torno de temas como a necessidade de valorização do produtor a partir da remuneração justa pela qualidade da uva e o risco para a sustentabilidade da atividade, caso isto não venha a acontecer. O custo de produção, a alta carga tributária e a concorrência com os vinhos importados também foram discutidos.
Na ocasião da Audiência Pública também foi assinado um protocolo de parceria para 2018 entre a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) representado por Sergio Flores de Albuquerque e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), representado pelo presidente Dirceu Scottá. O objetivo da parceria é qualificar o enoturismo brasileiro, dentro e fora do país, através de políticas públicas específicas ao setor.
Resultante das discussões durante a Audiência, foram encaminhadas as seguintes propostas aos deputados proponentes, por meio das respectivas Frentes Parlamentares, para os devidos encaminhamentos:
– Fortalecer mecanismos públicos e privados de remuneração pela qualidade;
– Aprimorar o acesso a tecnologias para produzir com mais qualidade;
– Ampliar o suporte à pesquisa para gerar conhecimento capaz de resultar em uvas com maior qualidade (graduação glucométrica e sanidade);
– Retomar o financiamento (antigo EGF) com juro controlado para pagamento da safra;
– Reajuste do preço mínimo estabelecido pelo governo de forma a remunerar o custo de produção;
– Disseminar a cultura de gestão da Propriedade como forma de racionalizar custos e monitorar a rentabilidade;
– Implementação do Modervitis;
– Ampliação de recursos para assistência técnica e extensão rural.