As incertezas do futebol do interior

2015-04-10_190211

Os clubes do interior da elite do futebol gaúcho em meio à pandemia se encontra em situação delicada, por causa das consequências sofridas pela paralisação. Porém, o cenário se torna ainda mais preocupante quando se observa os clubes da Divisão de Acesso e da Terceirona Gaúcha, que empregam mais de dois mil profissionais. A angústia e as incertezas pairam sobre centenas de profissionais empregados em clubes do interior do Estado. Se as dificuldades enfrentadas pelos atletas e funcionários do futebol já eram expressivas, por conta de um calendário que, para a maioria, dura menos de um semestre, a pandemia pode torná-las ainda maiores. O atacante do Veranópolis Vinícius Martins, que fez parte do acesso do Esportivo à elite do futebol gaúcho em 2019, está na espera do retorno do futebol, mas os números da pandemia no Brasil o deixam aflito devido às incertezas.

“Deixa-nos um pouco apreensivos e causa até um pouco de medo do campeonato não voltar. Apesar da FGF já ter pré-estabelecido o mês de agosto para o retorno, tudo fica incerto, pois dependemos da melhora dos números da pandemia” salienta. Segundo o técnico do Veranópolis, Cristian de Souza, o clube incluiu os atletas e a comissão técnica na Medida Provisória 936 do governo, assim como fez o Esportivo e outros clubes do interior. O Veranópolis pretende dividir a folha salarial dos meses de inatividade (junho e julho) com os dois meses que, em tese, o campeonato ocorreria (agosto e setembro). “Traz dificuldade para os profissionais, mas, no momento, é o possível e estamos muito preocupados com o seguimento desses clubes, pois as dificuldades já eram enormes e agora está, de uma certa forma, muito maior, e vai trazer dificuldades até para a continuidade dos clubes”, comenta Cristian, que completa neste ano 20 anos de carreira no futebol. Trabalhamos um mês e meio na pré-temporada, se jogou menos de um mês e se parou novamente. A dificuldade financeira de todos deve estar bem grave. E nem se fala na questão esportiva, a questão de condicionamento físico, de preparação.

Devido às dificuldades do futebol do interior, Cristian prevê uma brusca queda na qualidade dos jogos, sobretudo pela condição física e técnica dos jogadores. “Vemos na televisão os jogadores de ponta malhando, se exercitando em suas academias particulares, muitos deles com treinadores particulares. Mas isso é uma infame parte da realidade do futebol. Nosso jogador está parado. Alguns estão fazendo bicos em outras funções para ajudar a sua família e tentando fazer alguma atividade como corrida ou academia, mas nada perto do que é uma rotina de treinamento”, relata.
Enquanto a pandemia não se findar, os atletas seguem tentando, dentro de suas limitações, seguir uma rotina de treinamentos com a expectativa do retorno aos gramados