As crianças são mais resistentes ao coronavírus

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Em um estudo, mais de metade de todas as pessoas infectadas tinha entre 40 e 59 anos

Um dos mais recentes estudos analisa pacientes do hospital Jinyintan, na cidade de Wuhan, epicentro do surto e comprova que metade de todas as pessoas infectadas pelo vírus eram adultos com idade entre 40 e 59 anos, somente 10% têm menos de 39 anos e casos de contaminação em criança têm sido raros. A resposta para este fenômeno não é simples e passa por pelo menos três teorias: as crianças teriam um sistema imunológico mais forte, levando a menos complicações e, consequentemente, menos diagnósticos oficiais; o início do surto coincidiu com o período de férias expondo as crianças a menor risco de contágio e há também a possibilidade de o coronavírus ser mais um do rol de vírus com sintomas mais brandos em crianças, como o da catapora, o que também gera menor detecção formal pelo sistema de saúde.

Baixa incidência entre crianças
Ian Jones, professor de virologia da Universidade de Reading, acrescenta que as crianças parecem estar escapando dos sintomas mais graves da infecção, sem determinar a razão.
Ao não desenvolver sintomas como febre e tosse, não há necessidade de consultas médicas, hospitalizações e mais casos reportados. Pneumonia (uma das consequências do coronavírus) tende a afetar aqueles com imunidade enfraquecida porque eles já estão têm saúde debilitada ou se aproximando do fim de suas vidas. “Isso acontece com o vírus influenza e outras infecções respiratórias.” Adultos com doenças pré-existentes já pressionam seus sistemas imunológicos — a exemplo de diabetes e doenças cardíacas — tendem a ser mais vulneráveis a esse tipo de surto.

Christl Donnelly, especialista em epidemiologia estatística da Universidade de Oxford e do Imperial College de Londres, concorda, citando dados do surto de Sars em Hong Kong. “A conclusão de nossos colegas foi que, em crianças pequenas, houve um percurso clínico menos agressivo da doença — então elas foram menos afetadas.” Há precedentes para essa baixa incidência em crianças — foi observada em surtos recentes de outros tipos de coronavírus, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que começou na China em 2002 e matou quase 800 pessoas (cerca de 10% dos mais de 8.000 casos).

Em 2007, especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão público dos Estados Unidos, identificaram 135 casos pediátricos da Sars, mas descobriram que “não houve mortes de crianças ou adolescentes”. Uma outra explicação para a menor detecção em crianças estaria, não no sistema imunológico, mas nas características do vírus. A hipótese neste caso seria de que a doença é mais uma das que têm efeitos mais severos em adultos do que em crianças, como a catapora. “Isso é mais provável do que (a hipótese de) as crianças terem algum tipo de imunidade (ao coronavírus)”, disse Andrew Freedman, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Cardiff. Os efeitos mais graves também estão relacionados às chamadas comorbidades, como diabetes e doença cardíaca, que são muito mais comuns em adultos.