Apicultor comemora aumento da produção de mel em 2017

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O apicultor explica que o resultado da safra de inverno foi de 12 a 15 kg por caixa, o que considera uma boa produção, apesar da iminente extinção da espécie no mundo

Criar abelhas é uma das atividades do produtor e construtor Flavio Mossi, que mora na Garibaldina. Ele ainda faz vinho colonial, geleia, cachaça e tem em sua propriedade alguns animais, produzindo leite e ovos para consumo próprio.
A despeito da diminuição da população das abelhas, registrada em todo o mundo devido ao uso de agrotóxicos nas plantações, Mossi afirma que neste ano houve uma melhora na safra. “Em 2015 e 2016, teve pouca produção de mel. Mas neste ano mudamos de local para a criação, agora estamos próximos ao Clube dos Motoristas e já percebi uma melhora significativa”, avalia. Ele acrescenta que o resultado positivo pode ter ligação com a mudança.
O apicultor explica que o resultado da safra de inverno foi de 12 a 15 kg por caixa, o que considera uma boa produção. “Tiramos duas vezes, um mês antes de começar o inverno, lá por março e depois por dezembro”, explica. Mossi comenta que pretende expandir a criação. “Eu e meu sócio estamos buscando uma outra terra na Garibaldina para aumentar a criação. Ficamos felizes com a melhora deste ano”, projeta.

Emater tem relatos da diminuição de enxames no Estado
Segundo o assistente técnico estadual da Emater-Ascar, Jaime Ries, produtores de abelhas do Rio Grande do Sul têm informado a diminuição da população.
“Não é algo pontual, mas os produtores relatam perdas. No entanto, é comum casos em que dois criadores de uma mesma localidade, registrem versões diferentes, ou seja, um ganho e o outro perda”, comenta. Para Ries, ainda não há um estudo da Emater que identifique as causas e não há como informar que os agrotóxicos são os causadores da mortes das abelhas.
“Pode ser por causa dos inseticidas, afinal, as abelhas são insetos. Mas também pode ser relacionado a outros fatores, como clima. Ainda não há uma conclusão”, conclui.

Abelhas estão na lista de espécies em extinção
As abelhas foram colocadas na lista de espécies em extinção, pelo US Fish and Wildlife Service (FWS), uma espécie de Ibama dos Estados Unidos. Sete, das 25 mil espécies de abelha entraram na lista, entraram sete: Hylaeus anthracinus, Hylaeus longiceps, Hylaeus assimulans, Hylaeus facilis, Hylaeus hilaris, Hylaeus kuakea, e Hylaeus mana – todas abelhas de cara amarela, parecidas com a abelhinha comum aqui do Brasil.
Desde 2006, apicultores do mundo inteiro têm reclamado que as populações do inseto caíram. De 2012 para 2013, 31% das abelhas dos EUA tinham desaparecido; na Europa, naquele período, o número chegou a 53%, e no Brasil, a quase 30%.
Estudos acadêmicos indicam que em 2035 as abelhas estarão extintas. O professor aposentado Lionel Segui Gonçalves, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), é um dos maiores especialistas em abelhas no Brasil.
Ele alerta para a extinção gradual do inseto e aponta soluções para reverter o quadro. Entre as soluções apontadas, estão o fim do uso de agrotóxicos nocivos às abelhas e o aumento de plantio de árvores para aumentar a polinização das flores.

Criadores devem seguir nova resolução ainda este ano
Criadores de abelhas sem ferrão de todo país estão próximos da regularização de suas atividades no país. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), do Ministério do Meio Ambiente, realizou reunião no dia em abril, em Brasília, e decidiu pela revisão da resolução que regulamentava a atividade. Entre as mudanças propostas está a unificação e simplificação dos procedimentos de registro e operação dos meliponicultores em território nacional.
A nova resolução deve estimular a legalidade dos criadores em todo país. O cientista que dedica seu trabalho a tornar a meliponicultura uma atividade economicamente rentável e alternativa de renda aos produtores, explica que é difícil afirmar com certeza, mas estima-se que existam mais 100 mil criadores no Brasil e por conta da burocracia da antiga resolução era praticamente impossível o registro e a regularização. As regras eram as mesmas para a criação de animais silvestres, com inscrição nacional junto ao Ibama e isso impedia a legalização dos meliponicultores. Apenas 11 criadores haviam se cadastrado em todo Brasil.
A nova resolução, deve ser promulgada ainda em 2017. Em nota publicada pela Conama, os pontos de consenso para aperfeiçoamento da resolução foram a unificação e simplificação dos procedimentos de registro e operação dos meliponicultores brasileiros; a vedação de transporte de abelhas nativas fora de sua área de distribuição original; e o congelamento da criação de abelhas nativas fora de sua área de ocorrência original.